O partido Republicanos, que abriga políticos como o antigo vice-presidente Hamilton Mourão e a ex-ministra Damares Alves, é a legenda mais oposicionista no Senado Federal. Em todo o ano de 2023, os parlamentares da Casa Alta filiados à legenda só votaram de acordo com a orientação do governo Lula em 46% das vezes. Os dados são do Radar do Congresso, ferramenta de monitoramento legislativo do Congresso em Foco.
A taxa faz com que o Republicanos no Senado seja mais contrário ao governo do que o PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, que alinhou-se ao Planalto em 49% das votações. No geral, o Senado tem uma taxa de governismo de 72% (leia no final da reportagem a lista completa com todos os partidos).
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Diferentemente do PL, porém, o Republicanos tem representação na Esplanada dos Ministérios da gestão Lula. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, é filiado à legenda. Foi empossado no cargo em 13 de setembro de 2023 pelo presidente Lula, que na época buscava melhorar a relação com o Congresso.
Na Câmara, o Republicanos tem perfil mais próximo ao Planalto. Em 2023, acompanhou a orientação do governo em 76% das vezes – taxa ligeiramente superior à da Casa Baixa como um todo, que acompanhou a gestão Lula em 73% das votações.
Peso individual
O comportamento oposicionista da bancada do Republicanos no Senado, conforme explica o cientista político Ricardo de João Braga, não se dá por acaso. De acordo com ele, é muito mais difícil para um senador se afastar de suas posições ideológicas do que para um parlamentar da Câmara dos Deputados, onde o mesmo partido apresenta um comportamento governista.
“É mais fácil um deputado se esconder no plenário, se esconder de seu eleitorado, do que um senador. Um voto individual no plenário tem muito mais valor no Senado do que na Câmara, e são políticos de maior ostensividade. Talvez a bancada do Republicanos no Senado sofra com maiores custos eleitorais ao se alinhar com o governo”, esclarece.
Ricardo Braga também chama atenção para o fato de o Republicanos possuir uma bancada diminuta no Senado, com apenas quatro senadores, dois destes sendo membros do governo de Jair Bolsonaro. Isso acaba aumentando o peso de ações individuais sobre as estatísticas gerais, agravando a dificuldade para que o partido consiga agir como um bloco. Na Câmara, por outro lado, trata-se de uma bancada ampla, com 42 deputados.
O governismo dos partidos no Senado
O Radar do Congresso, ferramenta do Congresso em Foco, registra o voto de cada senador e de cada deputado nas sessões das duas Casas legislativas. O índice de governismo de cada parlamentar é calculado a partir das votações que seguiram ou não a orientação do líder do governo. Votos iguais à orientação (sim ou não) aumentam o índice; qualquer opção diferente da orientação (seja sim, não, abstenção ou falta), diminuem o índice de governismo.
No Senado, o PL é o único partido além do Republicanos a ter uma taxa de governismo abaixo de 50%. Em seguida vem o Novo, que tem apenas o senador Eduardo Girão como filiado na Casa Alta. Embora tenha um governismo de 55%, Girão é um dos representantes da oposição no Congresso.
Leia abaixo a taxa de governismo de cada partido no Senado Federal.
Consulte o índice de governismo de cada parlamentar no Radar do Congresso