A fala transfóbica do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) na sessão solene do Dia das Mulheres, realizada nesta quarta-feira (8), gerou reações dentro e fora da Câmara. Na ocasião, o deputado, usando uma peruca loira, afirmou que “as mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”, o que provocou reações nas redes sociais e ocupou os assuntos mais comentados durante o dia.
A Aliança Nacional LGBTI+ se posicionou, por meio de nota, e disse que tomará as medidas legais para responsabilização do deputado. “A transfobia não pode ser tolerada, em especial quando ocorre de forma institucional”, apontou a nota.
O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) anunciou que entrará no Conselho de Ética e enviará notícia-crime ao STF por crime de transfobia contra o deputado. “Nenhuma transfobia terá palco. E nenhuma transfobia passará sem respostas políticas e jurídicas à altura. Transfobia é crime”, escreveu Erika Hilton no Twitter. Erika e Duda Salabert (PDT-MG) são as primeiras mulheres trans a se elegerem deputadas.
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A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que Nikolas “não é um homem, é um moleque” e anunciou que entrará com pedido de cassação do seu mandato deputado. “Quando você ofende uma mulher você ofende todas nós. Quando você faz uma fala criminosa como essa, você coloca a fala de todas nós em risco. Essa é a casa do povo, não dá pra que a gente finja que nada aconteceu” afirmou a deputada do PSB.
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Talíria Petrone (Psol-RJ) também se manifestou por meio do Twitter: “A imunidade parlamentar não pode ser justificativa para destilar ódio e cometer crimes. Nikolas Ferreira precisa ser responsabilizado pelo show de transfobia que deu hoje na Câmara”.
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Nikolas já é alvo de denúncia do Ministério Público em Minas Gerais por transfobia por declarações contra a também deputada Duda Salabert, em 2020, quando ambos eram vereadores de Belo Horizonte.
No discurso desta quarta-feira, o deputado fez um alerta para as possíveis punições que ele mesmo pode receber por proferir um discurso conscientemente transfóbico. “Eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade. Eu, por exemplo, posso ir para a cadeia, deputados, caso eu seja condenado por transfobia. (…) Ou você concorda com o que eles estão dizendo ou caso contrário você é um transfóbico, homofóbico e preconceituoso”.
Nikolas Ferreira, de 26 anos, foi eleito em outubro o deputado federal mais votado do Brasil, com 1.492.047 votos. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o jovem defende a bandeira conservadora e tem suas redes sociais como principal ferramenta de divulgação. No Instagram, por exemplo, Nikolas possui mais de 3 milhões de seguidores. Ele é o terceiro deputado federal mais votado na história do país. Ele fica atrás de Enéas Carneiro (Prona-SP), eleito em 2002 com 1,57 milhão de votos, e de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), eleito em 2018 com 1,84 milhão de votos. (Por Bruna Souza)
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