O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, apresentou um requerimento para prorrogar em 45 dias as atividades do colegiado. A previsão era de que os trabalhos da CPI durassem até o dia 15 de fevereiro, este sábado.
O relatório elaborado pelo senador Romário (PL-RJ), no entanto, não foi apresentado nesta semana. Conforme a agenda do Senado Federal, a reunião da comissão para apresentação deveria acontecer na terça-feira (11), ao passo que a votação estava marcada para esta quarta-feira (13).
Presidente da CPI, Kajuru afirmou em requerimento à Secretaria-Geral da Mesa que a extensão do prazo em 45 dias é necessária porque não houve quórum mínimo para a votação do relatório nesta semana. O mínimo para realizar a sessão é a presença de seis senadores.
“O relator, senador Romário, está pronto para apresentar o relatório final. No entanto, não há garantia de quórum mínimo (seis senadores) para a votação nesta semana. Diante desse cenário, apresentamos este requerimento como medida cautelar para assegurar a efetiva conclusão dos trabalhos da CPIMJAE”, escreveu o senador.
Objetivos da CPI
Instalada em abril de 2024, a CPI é presidida pelo senador Jorge Kajuru. O objetivo do colegiado é investigar e apurar as denúncias de manipulação em jogos de futebol devido a apostas esportivas. As manipulações envolviam jogadores, dirigentes e empresas de apostas. Durante os trabalhos, foram ouvidos os presidentes do Botafogo, John Textor, do São Paulo, Julio Cesar Casares, e a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.
Entre abril e dezembro de 2024, foram realizadas 31 reuniões com jogadores, dirigentes e árbitros. Ainda nesta terça, para além da apresentação do relatório, constava requerimento de informações à Polícia Federal sobre a transferência internacional do empresário William Pereira Rogatto. Conhecido como “rei do rebaixamento”, Rogatto foi ouvido pela CPI em outubro e está preso desde novembro, pela Interpol, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Resultados do relatório
No parecer de quase 700 páginas, o senador Romário pediu o indiciamento de três pessoas:
- William Pereira Rogatto,
- Thiago Chambó Andrade
- Bruno Tolentino Coelho
Segundo o relatório, eles violaram os artigos 199 e 200 da Lei 14.957, de 2023, a Lei Geral do Esporte. São as práticas ilícitas de “dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado” (art. 199) e “fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado” (art. 200). As penas previstas são de reclusão de dois a seis anos e pagamento de multa.
Bruno Tolentino Coelho é tio do meio-campista Lucas Paquetá, que atua no West Ham da Inglaterra e na Seleção Brasileira. Conforme extratos bancários analisados pela CPI, ele faria parte da lista de apostadores suspeitos que apostaram nos cartões amarelos supostamente forçados pelo jogador. Além disso, Tolentino realizou 258 transações financeiras para si mesmo, totalizando R$ 839.696,44, e efetuou um pagamento de R$ 30 mil ao jogador Luiz Henrique, ex-Botafogo, que recebeu um cartão amarelo suspeito quando atuava pelo Betis, da Espanha.