Durante seu tempo para elaboração de perguntas na sabatina do advogado Cristiano Zanin para preencher uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Magno Malta (PL-ES) fez chacota sobre a religiosidade do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP), um dos poucos judeus no Senado. A fala foi repudiada pelo Instituto Brasil-Israel, que avaliou como uma declaração antissemita.
A fala de Magno Malta se deu em um momento em que relembrava a agressividade dos senadores de oposição durante a sabatina do ministro Dias Toffoli, em 2009. “Eu não sei quantos se lembram dessa sabatina. Davi [Alcolumbre] não estava aqui, acho que era até vereador, ou era só vendedor mesmo, porque é judeu, vive para cima e para baixo”, afirmou.
O episódio envolvendo Magno Malta, na avaliação de Morris Kachani, diretor-executivo do Instituto Brasil-Israel, “ilustra com clareza um fenômeno que se repete em um determinado segmento da extrema-direita brasileira”. Ele conta que é prática comum dentro da corrente do senador se apresentar como defensores do Estado de Israel ao mesmo tempo que fomentam estereótipos relacionados aos judeus.
Malta, em seu discurso, “escancara o preconceito recorrendo a uma ideia que associa e generaliza o povo judeu ao acúmulo de riqueza. Um exemplo clássico mostrando como um imaginário filossemitismo, pode também estar associado ao mais tradicional antissemitismo”, conforme conta Kachani.
Morris explica que a estereotipação da comunidade judaica como detentores de riqueza resulta em uma série de problemas para esta população. “A comunidade judaica é diversa, tanto no Brasil quanto no mundo. A ideia de tratar pessoas de todo um povo como um bloco monolítico já é, em si, prejudicial. Desumaniza, tira a singularidade de cada indivíduo”.
Ele acrescenta que essa estereotipação já resultou em problemas sérios no passado. “A falsa associação de judeus ao poder foi o que levou a perseguições históricas, como na Alemanha da década de 30, e nos Pogroms na Rússia”.
PublicidadeMalta não é o primeiro parlamentar da atual legislatura a ser acusado de antissemitismo. Na segunda quinzena de maio, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), do mesmo partido, exaltou na tribuna da Câmara a participação de seu avô na SS Galícia, uma das guardas pessoais do ditador alemão Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.
Seu pronunciamento foi amplamente repudiado pela comunidade judaica brasileira, incluindo respostas não apenas do Instituto Brasil-Israel, mas também do Museu do Holocausto de Curitiba (PR) e do próprio embaixador de Israel, Daniel Zonshine.
Esse cidadão é digno de pena. A ignorância está estampada sempre em seus ” pronunciamentos”. Perde sempre a oportunidade de ficar com a boca fechada.Y