Ao longo da última semana, o procurador-geral da república Augusto Aras enfatizou em suas redes sociais o desejo pela recondução de seu mandato no parquet. Diante do anúncio do presidente Lula de que não daria prioridade à lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o atual mandatário da Procuradoria-Geral da República (PGR) adotou o hábito de repercutir trechos de reportagens que o apresentam como alguém compatível com o perfil cogitado pelo presidente. O gesto incomodou Renan Calheiros (MDB-AL), líder do bloco da maioria no Senado.
Lula anunciou no mês de março, em entrevista à Globo News, que receberia a lista tríplice da ANPR, mas que não mais seguiria a tradição de a utilizar como bússola na escolha do próximo PGR. Esse rompimento não se dá por acaso: em 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff seguiu a lista e indicou Rodrigo Janot para o cargo. A gestão de Janot foi marcada pela intensificação das ações resultantes pela operação lava-jato e pelo atrito constante entre a PGR e o governo.
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Augusto Aras já conta com o perfil oposto: indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, ele ficou conhecido por não dar andamento a ações contra o governo, prática que lhe rendeu o apelido de “engavetador-geral da república”. Faltando pouco mais de um mês para o fim de seu mandato, ele procura agora demonstrar as vantagens de alguém com sua linha de ação ao novo mandatário. “Lula quer um nome capaz de promover união e reconstrução também na PGR. Urge matar o monstro em que o Ministério Público se converteu”, declarou em seu Twitter.
Apesar de contar com o apoio de muitos dos parlamentares tanto de dentro quanto de fora do governo afetados pela lava-jato, a possibilidade de manutenção de seu cargo foi duramente criticada por Renan Calheiros, que assim como Lula, foi um dos políticos prejudicados por Janot. “Inacreditável que esteja em campanha pela recondução e seja levado a sério. O G7 da CPI é 100% contra”, declarou.
G7 é como ficou conhecido o bloco majoritário dos senadores que formaram a CPI da covid-19, da qual Renan foi relator. Após a conclusão dos trabalhos da comissão, as queixas a respeito de Aras se tornaram constantes por parte do grupo, que o acusa de ter engavetado as denúncias apresentadas contra Bolsonaro e seus aliados. “Crimes que a CPI comprovou e Aras quis abafar”, apontou Renan.
O comentário do senador foi publicado logo após a Folha de S. Paulo alegar que Jair Bolsonaro teria ignorado milhares de relatórios elaborados pela Agência Brasileira de Inteligência e pelo Gabinete de Segurança Institucional alertando sobre os riscos de aumento no número de mortes e contágios diante dos boicotes do ex-presidente às medidas de isolamento social. Calheiros anunciou que encaminhou aos dois órgãos o pedido pela cópia dos relatórios.
PublicidadeA possibilidade de recondução de Augusto Aras também é vista com preocupação pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. Em entrevista à Globo News na quarta-feira (26), afirmou que um novo mandato do atual PGR seria “decepcionante” e “um desastre”.
Apesar do esforço para atender ao perfil garantista desejado por Lula, uma indicação de Aras ainda teria que ser aprovada pelo Senado para que possa preservar seu cargo após o mês de setembro.
Esse Sr. é prejudicial ao país…deixou o Genocida impune…fora Sr. faz nada…