O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não consultou ou avisou líderes da Casa antes de fazer uma crítica ao presidente Lula sobre a fala envolvendo o governo de Israel e a guerra em Gaza. Segundo apurou o Congresso em Foco, Pacheco falou em nome do Senado sem fazer conversas prévias — nem mesmo com aliados.
Parlamentares indicam que a fala criou tensão na Casa porque ela não estava de acordo com a opinião de todos. Alguns senadores disseram não se sentir representados pelo posicionamento de Pacheco.
No plenário do Senado na terça-feira (20), Pacheco criticou nesta terça-feira (20) a fala do presidente Lula (PT) sobre a guerra em Israel ser comparável ao Holocausto. O chefe do Executivo tinha comparado em discurso a violência exercida pelas forças armadas israelenses contra mulheres e crianças na Palestina às ações cometidas pelo governo alemão durante o Holocausto.
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O governo de Israel declarou o presidente Lula “persona non grata” no país na última segunda-feira (19). A fala do presidente brasileiro abriu uma crise diplomática entre os governos brasileiro e israelense.
Na ocasião, Pacheco disse: “Estamos certos de que essa fala equivocada não representa o verdadeiro propósito do Presidente Lula, que é um líder global conhecido por estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual entendemos que uma retratação dessa fala seria adequada, pois o foco das lideranças mundiais deve estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina”
Logo depois da fala do presidente do Senado, o senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado e colega partidário de Pacheco, questionou. Aziz é filho de palestino.
Publicidade“O que está acontecendo lá com a morte de 10 mil crianças e mulheres?”, questionou Aziz no plenário. “O povo judeu é uma coisa, que todos nós respeitamos, mas não confundam o povo judeu com esse governo de direita, sionista, de Israel. Não confundam”.
Pacheco respondeu que não estava tomando um lado e que a posição da Presidência do Senado era “muito equilibrada em relação a um conflito” que precisa ser solucionado. Disse ainda que não estava fazendo uma reprimenda ao presidente Lula.
Nesta quarta-feira (21), Pacheco voltou a dizer que sua fala não foi uma reprimenda. Disse também que isso não o afasta de Lula nem pessoalmente nem institucionalmente, como chefes do Executivo e Legislativo. “Isso não influenciará negativamente a minha relação com o presidente”, disse Pacheco.