Demitido do cargo de diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Diante dos desdobramentos da operação da Polícia Federal (PF) que investiga a criação de um aparato clandestino por parte do governo de Jair Bolsonaro, Alessandro Moretti afirmou que entregou à PF todas as provas e documentos resultados de investigações feitas pela agência.
“Ao deixar o cargo de Diretor-Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência – Abin, venho a público para esclarecer que, após minha determinação, na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral”, disse ele, por meio de nota.
“Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à Agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin”, afirmou Moretti.
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A demissão ocorreu na noite desta terça-feira (20). Oriundo da Polícia Federal, Moretti foi um dos quadros nomeados para assumir cargo na Abin durante o governo de Jair Bolsonaro, trabalhando junto ao agora deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), que comandava a diretoria da agência. Com as suspeitas em cima de seu antigo chefe, a permanência de Alessandro Moretti se tornou insustentável para o governo.
Ramagem responde sob a suspeita de ter utilizado, com o aval da família Bolsonaro, o aparato da Abin para espionar rivais e fornecer informação privilegiada sobre inquéritos policiais contra o ex-presidente e seus filhos. Essa ala clandestina da agência ficou conhecida como “Abin paralela”, e a Polícia Federal identificou a existência de um núcleo político, supostamente coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro.
A descoberta, por parte da Polícia Federal, de aparelhos eletrônicos da Abin nas residências de Ramagem e Carlos Bolsonaro nas duas últimas semanas aumentou o receio na cúpula do governo em preservar as funções de aliados do ex-presidente, aumentando a pressão sobre o presidente Lula para que fizesse substituições nas chefias da agência. Ele próprio alegou estar desconfortável com a composição do órgão máximo de inteligência civil.
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Veja a nota de Moretti:
“Ao deixar o cargo de Diretor-Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência – Abin, venho a público para esclarecer que, após minha determinação, na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral.
Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à Agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin.
Importante lembrar que a Abin se encontra em fase de transição, após deixar de ser subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional – GSI e passar a integrar a estrutura da Casa Civil da Presidência da República.
Diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente.
Nenhum país, em especial uma nação continental como o Brasil, pode prescindir de uma Inteligência profissional e cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. O conhecimento estratégico difundido pela Abin, indispensável para o país é essencial para a proteção de nossa sociedade, é produzido por profissionais altamente capacitados e compromissados.
O fortalecimento da Abin, como instituição de Estado, deve ser uma busca constante, e não dispensa o reconhecimento e respeito aos seus dedicados servidores.
Agradeço a oportunidade de trabalhar nesta Agência que tanto respeito e de ter podido contribuir com seu processo de modernização, do modo como sempre atuei nos meus 33 anos de serviço público, na proteção da sociedade brasileira, como servidor de Estado. Meu especial agradecimento ao Dr. Luiz Fernando Corrêa, Diretor-Geral da Abin, pela confiança e profissionalismo”.
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