Deputado de primeiro mandato e empresário, Alexis Fonteyne (Novo-SP) costuma reiterar no início das entrevistas que fala o que acredita, sem rodeios. Ao longo de 2021, inúmeras vezes o político, que preside a Frente Parlamentar Mista Brasil Competitivo, avaliou que as chances de reformas estruturantes e de propostas como privatizações avançarem no Congresso eram tímidas.
Fonteyne aguarda apenas o início da janela partidária, em 3 de março, para trocar o partido Novo pelo Podemos. “Eu vou falar o que eu gostaria e o que eu acredito que vai acontecer”, anunciou ao ser questionado pelo Congresso em Foco sobre o que seria possível “salvar” das inúmeras e robustas discussões sobre reformas que empacaram no Legislativo.
É praxe que em anos eleitorais, como 2022, a pauta do Congresso fique mais “acanhada”, com propostas que possam desagradar eleitores ficando na geladeira. Na avaliação de Alexis Fonteyne, não há qualquer força ou energia por parte do Congresso para tentar avançar na agenda de reformas no ano que vem, mesmo que no primeiro semestre. Até porque, afirma, nem mesmo o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, parece convencido ou acreditar na reforma tributária ampla (PEC 110/2019) que tramita no Congresso.
Leia também
Nesse ritmo, a frente parlamentar coordenada pelo deputado tenta “comer pelas beiradas” e avançar em pautas menos ardilosas, mas que contribuem para a competitividade do país e com o ambiente de negócios. Destacam-se nessa lista os marcos legais do saneamento, do setor ferroviário e das start ups; as medidas provisórias da liberdade econômica, da desburocratização trabalhista, e de estímulo ao crédito, acordos bilaterais, entre outras.
Para o ano que vem, diz o deputado, o objetivo é tentar concluir a aprovação dos “restos” de 2021, entre eles o marco legal do setor elétrico e das PPPs, e o projeto de lei que cria debentures de infraestrutura. A frente trabalha também em negociações com a Receita Federal em busca de medidas de simplificação, estas não necessitariam de aprovação do Congresso e dependeriam apenas de regulamentações do fisco.
Corrida eleitoral
Sócio majoritário de uma empresa de produtos da indústria química usados na construção civil, Fonteyne afirma ter ido para a política “muito revoltado com a burocracia”. Insatisfeito com os rumos do Partido Novo, decidiu migrar para o Podemos em busca de mais protagonismo e produtividade. “O partido Novo andou muito para trás, ele perdeu o partido”, diz, em referência ao ex-presidente do diretório Nacional João Amoêdo.
PublicidadeComandado pela também deputada Renata Abreu (SP), o Podemos deve sofrer um “boom” no pleito do ano que vem, puxado pela filiação do ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Sergio Moro. Em um partido maior, projeta Fonteyne, o deputado acredita que poderá colaborar mais, com mais chances de assumir relatorias de comissões importantes e com mais tempo de discurso em plenário.
Enquanto o Podemos aposta na pré-candidatura de Moro à Presidência da República, o Novo lançou o cientista político Felipe d’Ávila. As duas legendas atraem eleitorados semelhantes e já iniciaram conversas sobre possíveis alianças em 2022.
Alexis Fonteyne destaca ainda que a disputa do ano que vem será impactada por novas regras eleitorais, principalmente às relacionadas ao uso das redes sociais por candidatos. O Novo, lembra, é um dos partidos que investe grande parte dos recursos com essas ferramentas e pode ter que rever suas estratégias de contato com o eleitor diante de medidas como a restrição do impulsionamento de conteúdos.
> Vice de Amoêdo em 2018 anuncia saída do Novo e diz que partido se perdeu