Durante audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, o ex-diretor geral da Polícia Federal Rodoviária (PRF) aposentado, Silvinei Vasques, alegou desconhecer duas operações discutidas na sede da Polícia Federal, no dia 19 de dezembro, para planejar ações de fiscalização de trânsito nas datas de eleição de 2022.
O questionamento foi feito por Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, que apresentou documentos sobre as operações batizadas de Operação Eleições 2022 e Operação Transporte Seguro.
“Neste dia recebemos um informe de órgãos do ministério da Justiça. Não existe nada demais nessas reuniões com chefes de operações e delegados. Não existiu nenhuma barreira, nenhum bloqueio [nas datas de votação]”, disse Vasques.
Eliziane então citou ordens de serviço da PRF, a 121 e a 160, que segundo ela priorizavam a concentração de ações da polícia no Nordeste brasileiro durante as datas de votação, em especial no 2º turno, dia 30 de outubro. No primeiro turno, 1378 ações foram feitas pela PRF. No segundo, 2842. Os dados são do Ministério da Justiça proveniente de um boletim referente às eleições.
Eliziane apontou que o orçamento de R$ 500 mil destinado à PRF para as diárias de atuação da instituição nas datas de eleição saltou para R$ 3,5 milhões, sendo que no dia 30 de outubro o total de R$ 1,3 milhão foram aplicados. A senadora Eliziane citou que apenas a terceira ordem de serviço menciona três estados em que ações da PRF ocorreram fora da região nordestina.
“Eu participei das reuniões, mas desconheço as operações”, resumiu Vasques que reforçou que no primeiro turno foram gastos R$ 3,5 milhões; no segundo: R$ 3,6 milhões. Em resposta, Eliziane afirmou que irá protocolar a presença de membros da PRF que assinaram os ofícios, uma vez que Vasques não reconheceu as ordens de serviços. São eles: Djarlon Henrique Lima, Marcio Camargo Jr., Antônio Melo Jr., Anderson Frasão Brandão e Luiz Carlos Jr.
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Antes de as perguntas começarem, Silvinei Vasques fez um discurso de abertura da sessão em que alegou que os bloqueios realizados em rodovias principalmente do Nordeste no dia do 2º turno, sob responsabilidade do então ex-diretor geral, são a maior injustiça contra a PRF, prestes a completar 95 anos de existência.
A PRF corresponde a 2% do efetivo brasileiro federal de polícia, com cerca de 13 mil oficiais, segundo Vasques. O depoente afirmou que o Nordeste é alvo de maior patrulhamento no país porque é a região que concentra mais de 50% dos crimes eleitorais e por ter a maior quantidade de apreensão de drogas e armas.
Vasques relatou que cinco ônibus foram detidos e impedidos de seguir viagem em 30 de outubro e justificou a fiscalização ostensiva nas datas pelo fato de a região ter a maior malha viária e ter a segunda maior frota de ônibus e vans do Brasil.
Quase 50% das operações da PRF foram no Nordeste, onde Luiz Inácio Lula da Silva teve cerca de 66% dos votos válidos. Eliziane questionou a fonte de informação de Vasques. Ele, por sua vez, disse que os dados são da PRF. A senadora então contrapôs o número de ônibus detidos ao mencionar que o ministério da Justiça divulgou que 48 ônibus foram impedidos de seguirem trajeto.
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