O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou, nesta segunda-feira (5), duas representações levantadas pela bancada do PL contra as deputadas Talíria Petrone (Psol-RJ) e Juliana Cardoso (PT-SP). As duas foram alvo de um bloco de ações contra mulheres que se referiram a defensores do marco temporal das terras indígenas como “assassinos”. As outras quatro deputadas seguem respondendo ao colegiado.
“No caso em análise, ainda que discordemos do tipo da conduta, (…) na qual se deixa de lado o assunto que está sendo debatido e se passa a ofender e insultar o interlocutor, (…) não vislumbramos que tenha havido abuso apto a justificar a punição ética e disciplinar, afinal, a representada (…) apenas apresentou informações de consulta ampla e pública”, argumentou o deputado Rafael Simões (União-MG), relator da ação contra Talíria, em seu voto.
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Apesar de estar no bloco de ações resultantes da discussão do marco temporal, o voto foi para uma outra representação, levantada por Ricardo Salles (PL-SP), quando este foi acusado, na CPI do MST, do cometimento de diversos crimes ambientais em sua gestão no Ministério do Meio Ambiente. Após a leitura do voto no Conselho, Talíria relembrou que as acusações não partiram apenas dela, mas do próprio Ministério Público, que abriu ação contra ele.
“Eu trouxe fatos que são fatos relevantes quanto a atuação do mesmo enquanto ministro do governo Bolsonaro, que tem consequências muito duras para o futuro do Brasil, para o futuro do mundo. (…) Podem discordar da minha palavra, mas não podem me impedir de dizê-la, pois não proferi nenhuma calúnia ou mentira”, apontou a deputada. Rafael Simões é também relator da representação que resta contra ela.
Gabriel Mota (Republicanos-RR), relator da causa contra Juliana Cardoso, chamou atenção para o fato de ele próprio ter votado a favor do marco temporal. “Eu sei que quando mexe com a nossa terra, com o nosso povo, é doído. Mas não é por um erro que você cometeu ali, uma frase mal colocada naquele momento de impulso, de emoção, que você vai pagar o resto do seu mandato ou manchar sua imagem. Que vire essa página”, completou. Apesar de filiada ao PT de São Paulo, Juliana Cardoso é uma das parlamentares de origem indígena na Câmara.
Os votos pelo arquivamento foram comemorados entre as demais deputadas que respondem no conjunto de representações do PL. “Seguimos a luta para que os processos contra Sâmia Bomfim (Psol-SP) , Célia Xakriabá (Psol-MG) , Erika Kokay (PT-DF) e eu sigam o mesmo caminho. Não vão nos calar”, declarou em suas redes sociais a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).
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