A proposta levantada pelo governo de reduzir as tarifas de importação sobre alimentos como estratégia para a redução de custos foi mal recebida pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, ou Bancada Ruralista, o deputado Pedro Lupion (PP-PR). O parlamentar chamou de demagogia a abordagem tarifária, e defende a redução de gastos públicos como alternativa.
“A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante. A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação”, disse em nota à imprensa na noite de sexta-feira (24), quando o governo anunciou a possibilidade da medida.
Lupion atribui a inflação dos alimentos “à falta de capacidade e compromisso do governo em cortar seus próprios gastos e ter o mínimo de responsabilidade com as suas contas” em um contexto onde “medidas de apoio e estímulo à produção não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio”.
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Neste sábado (25), retomou sua tese em pronunciamento nas suas redes sociais. “O que nós precisamos é valorizar a nossa agricultura, valorizar o nosso produtor. Achar maneiras para o crédito ser mais barato, achar maneiras de financiar a nossa produção, de vencer os gargalos logísticos, e principalmente, fazer com que o produtor consiga produzir cada vez mais, melhor, tendo rentabilidade e continuar tendo competitividade para colocar alimento barato na mesa dos brasileiros”, declarou.
Ao Congresso em Foco, o vice-presidente da bancada na Câmara, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), também manifestou concordância com a posição de Lupion. “O controle da inflação se faz com medidas que diminuam os custos do setor e impeçam a alta cambial. Não há desequilíbrio no agronegócio brasileiro, isso é fato. Ao exportamos nossos produtos, escalamos a produção, possibilitando a redução de preços”, disse.
A abordagem de barateamento do crédito foi uma das cartas levantadas pelo governo na reunião de sexta, conforme afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, em entrevista à Globo News.
Esta não é a primeira vez que a Bancada Ruralista se opõe à importação alimentar como estratégia governamental para aumentar o abastecimento. No segundo semestre de 2024, o Executivo iniciou um processo de importação de arroz para suprir eventuais perdas decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul. A frente parlamentar se posicionou de forma contrária, alegando que o desastre não afetou o abastecimento de grãos no estado. No fim, o leilão foi cancelado diante de irregularidades na primeira tentativa.
Confira a íntegra da nota da Bancada Ruralista sobre a redução de tarifas para a importação de alimentos:
“A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante. A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação.
Não existe desabastecimento, não há problemas de safra, não há sobrepreço! Os preços dos produtos agropecuários brasileiros seguem os padrões mundiais, anunciar que vai abrir importações é simplesmente jogo de cena demagógico para induzir a população a achar que estão fazendo algo prático para baixar preços.
O agro faz sua parte ao produzir com qualidade e quantidade, apesar dos desafios econômicos que aumentam os custos de produção e diminuem a competitividade, num cenário em que medidas de apoio e estímulo à produção não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio.
A inflação como um todo, não apenas dos alimentos, está descontrolada pela falta de capacidade e compromisso do governo em cortar seus próprios gastos e ter o mínimo de responsabilidade com as suas contas.
O governo segue apenas fazendo discurso político e procurando transferir a culpa da sua incompetência para os outros.Medidas efetivas de corte de gastos e valorização da economia seriam muito mais eficientes que mais essa desastrada tentativa, meramente política, de enganar a população”.