Além de representar uma vitória econômica no sentido de garantir o acesso aos recursos desejados para o cumprimento de seu programa de governo, a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, nessa terça-feira (23), foi a primeira grande vitória política do governo dentro da Casa, onde sua base não demonstrava solidez para projetos prioritários até então.
Com 372 votos favoráveis a 108, o arcabouço fiscal foi aprovado com amplo apoio na Câmara. Para moldar esse apoio, o governo recebeu uma ampla parcela de votos dos partidos que, apesar de possuírem ministérios, não possuem alinhamento ideológico, chegando a contar com parlamentares oposicionistas em seus quadros. União Brasil, PSD e MDB, com posições de centro-direita, alcançaram mais de 80% de coesão em seus votos em favor do marco fiscal.
O projeto, porém, não recebeu votos favoráveis apenas por parte dos aliados diretos do PT. Partidos que não compõem a base também votaram de acordo com a orientação do Palácio do Planalto. O PP, partido do presidente Arthur Lira (AL), foi um deles: de seus 49 deputados, apenas sete votaram de forma contrária. A federação PSDB-Cidadania também foi majoritariamente favorável ao arcabouço, com três votos contrários de seus 18 deputados. O PL, de Jair Bolsonaro, deu um terço de seus votos para a aprovação da proposta.
Outro partido importante que sinalizou favoravelmente ao governo foi o Republicanos. Apesar de ideologicamente conservador e de ter sido um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas cinco de seus 42 deputados votaram contra o arcabouço fiscal. Trata-se de um partido que já apresenta interesse de aproximação, correspondido por parte do PT.
O Podemos, também oposicionista, acompanhou o gesto, oferecendo ampla maioria favorável.
PublicidadeNo campo da esquerda, porém, o arcabouço fiscal serviu para a federação Psol-Rede reafirmar a postura anunciada de independência com relação ao governo. Apesar do alinhamento ideológico e de sua presença na Esplanada dos Ministérios, a bancada foi unânime em seus 14 votos contrários ao projeto.
No Senado, alguns gestos podem acabar não se replicando. Apesar de o governo contar com uma base mais sólida na esfera de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alguns partidos são mais alinhados com a oposição na casa revisora do que na Câmara. É o caso, por exemplo, do PP e do Republicanos, que podem exigir esforço concentrado na busca do governo na articulação do arcabouço.
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