Em congresso extraordinário realizado neste sábado (23), em Brasília, o PPS aprovou a mudança de nome e lançou uma nova carta de princípios. O partido, que tem três senadores e oito deputados, passará a se chamar Cidadania.
O líder do partido na Câmara, Daniel Coelho (PE), afirma que o Cidadania não pretende apagar a origem comunista do PPS, mas abraçar agora novas posições. “Temos a nossa história. O PPS reconheceu que a agenda socialista e comunista fracassou do ponto de vista econômico e olhamos para frente. Defendemos teto de gastos, reforma trabalhista e da Previdência, a agenda econômica conectada ao mundo atual. Caminhamos para o centro, mas temos parlamentares de centro-esquerda e centro-direita”, explica em entrevista ao Congresso em Foco. O PPS vem de uma dissidência do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB).
O partido tem filiado nomes que integram movimentos de renovação na política, como o Acredito, o Agora e o RenovaBr.
O PPS se junta a outras legendas que excluíram a palavra partido de suas denominações, como o PP, que virou Progressistas, o DEM (antigo PFL), o Podemos (que era PTN), o Patriota (PEN), o Democracia Cristã (ex-PDC), o Avante (PTdoB) e o MDB (que voltou ao nome original após décadas de PMDB). Outros já nasceram sem o “P” característico na sigla, caso da Rede Sustentabilidade e do Solidariedade.
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Segundo Daniel Coelho, o novo nome remete a um conceito. “Essa coisa das siglas fica muito na letrinha. As pessoas não percebem o conceito. Decidimos colocar nosso conceito de cidadania à frente para identificar bandeiras que vamos erguer”, explica. “Não queremos negar que somos um partido, mas reafirmar que estamos conectados com desejos novos, que têm a ver com participação democrática, direitos sociais, combate à corrupção”, acrescenta.
Na carta de princípios, o agora Cidadania assume o compromisso de “construir uma política na qual a participação cidadã inclua diferentes segmentos da sociedade, que são hoje minoritários em representação, como mulheres, negros, indígenas, LGBTI+, pessoas com deficiência e jovens”.
Publicidade“CARTA DE PRINCÍPIOS
Brasília, 23 de março de 2019
Nós, delegados do Partido Popular Socialista e de diversos movimentos sociais, reunidos em Brasília, deliberamos pela criação de uma nova formação partidária, nomeada Cidadania, que trata com a mesma importância as questões econômicas e sociais, e que:
– se constrói em oposição à polarização política e a favor do diálogo e da convergência;
– se compromete com o combate à pobreza e o combate às desigualdades sociais;
– defende a responsabilidade fiscal em respeito aos impostos que são fruto do trabalho dos cidadãos;
– apoia a sustentabilidade nas suas dimensões ambiental, política e econômica;
– acredita na liberdade como um direito inalienável;
– combate as diferentes formas de preconceito e discriminação;
– se compromete em construir uma cultura de solidariedade e paz;
– se dedica a promover igualdade de oportunidades para todos os que residem no Brasil, brasileiros ou não;
– tenha pluralidade como prioridade na construção dos debates e processos de deliberação do partido;
– combate o populismo e discute os problemas complexos do Brasil e do mundo com a seriedade que eles merecem;
– acredita no acesso à educação como principal vetor da cidadania;
– defende o fortalecimento das instituições democráticas;
– defende a transparência como mecanismo de controle social;
– se compromete com a redução das fronteiras físicas e políticas entre as pessoas;
– reafirma o seu compromisso em construir uma política na qual a participação cidadã inclua diferentes segmentos da sociedade, que são hoje minoritários em representação, como mulheres, negros, indígenas, LGBTI+, pessoas com deficiência e jovens.
Conclamamos todos os cidadãos, cidadãs e movimentos da sociedade civil organizada, que compartilham desses valores, a participar conosco da construção dessa nova formação partidária.“