por Washington Quaquá*
Após quatro anos ausente dos palcos da diplomacia, o Brasil volta a ganhar relevância internacional com velocidade promissora. Com o regresso do presidente Lula ao Palácio do Planalto, nosso país já se movimenta com desenvoltura na costura de relações multilaterais, voltando também a dar atenção justa e estratégica a outros países em desenvolvimento.
É neste contexto de retomada que estamos propondo à Câmara dos Deputados a criação da Frente Parlamentar da América Latina, Caribe e África. Essa nova frente, que está na fase de coleta de assinaturas, deverá ser um espaço de discussão e também um instrumento de cooperação nas esferas comercial, cultural e econômica.
Levantar debates de alto nível dentro do Congresso Nacional é uma das principais funções dessas instâncias de representação, as frentes. Mas elas também precisam atuar para que reflexões saiam das atas e dos anais da Casa e se materializem em propostas concretas para destravar nós de grandes questões nacionais. Nossos trabalhos podem e devem apontar caminhos de desenvolvimento, pois é deles que o Brasil precisa para garantir qualidade de vida à sua população.
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Um desses grandes temas e oportunidades é a intensificação de conexões do bloco América Latina, Caribe e África com a União Europeia. Elas abrirão espaço a políticas públicas eficazes na direção do crescimento inclusivo de nossas economias. Como isso pode acontecer? Vou citar como exemplo uma proposta que encaminharei à futura frente e que já circula nos canais de diálogo entre o parlamento e o Executivo.
Nossas regiões em desenvolvimento não contam, hoje, com uma empresa de aviação que possa explorar o enorme potencial de circulação de turistas, empreendedores ou pessoas em intercämbio entre nossos países. Este é um papel estratégico, seja do ponto de vista comercial ou de promoção da qualidade de vida dos cidadãos.
PublicidadeAmérica Latina, Caribe e África têm muito a ganhar, em termos de competitividade e produtividade, com o surgimento de uma companhia aérea própria e comprometida com o aumento da capilaridade de nosso turismo a partir da ligação mais eficiente – e inteligente – entre a Europa e nossos continentes.
Para resolver esse gargalo, em um momento em que o Itamaraty recupera sua potência e a reforma tributária abre caminhos ao crescimento, propomos que o Brasil dê um passo decisivo e participe da compra da aérea portuguesa TAP. Em breve ela será privatizada. As regras da venda ainda não estão claras, mas nosso objetivo no jogo mundial da circulação de pessoas e mercadorias precisa ser cristalino: atuar como protagonista, não apenas como cliente de empresas estrangeiras.
Este pode ser o caminho para um cenário diferente, no qual o Brasil possa assumir sua capacidade de liderar o processo de intensificação de relações econômicas, culturais e sociais com a Europa a partir de Portugal e também do mais bem estruturado aeroporto da América Latina, o Galeão Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
A TAP é um portão valioso de entrada no Hemisfério Norte, capaz de multiplicar o fluxo de turistas e negócios – no fim das contas, os empregos – para o Brasil, a América Latina e a África. A definição de quem vai controlar esta poderosa companhia aérea pode ser um divisor de águas para muitos setores da economia na balança comercial entre a Europa e o Mercosul – portanto, para o nosso futuro.
* Washington Quaquá é deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro.
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