Nestas eleições de 2018, numa primeira análise, houve um aumento das bancadas conservadoras e uma candidatura presidencial com discurso extremado. Por outro lado, dentro das casas legislativas também continuará havendo bancadas progressistas que defendem os direitos humanos e respeitam a diversidade, as quais serão nossa resistência.
O resultado do primeiro turno da eleição para presidente ainda não é motivo para entrar em pânico. Pelo contrário, temos que nos organizar para resistir. Quem pode nos nortear neste sentido é o arcebispo Desmond Tutu, que disse “se ficarmos neutros perante uma injustiça, escolhemos o lado do opressor.” Ou seja, temos que agir para resistir às adversidades. Não estamos sozinhos/as nesta empreitada, temos um Estado brasileiro com instituições fortes que têm se demonstrado contrárias às injustiças enfrentadas pela comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI+).
Temos que nos organizar e dialogar, inclusive com a academia e com empresas que respeitam os direitos conquistados e a diversidade. Não é com agressão que vamos conseguir simpatia à nossa causa LGBTI+ e às nossas vidas. Ninguém pega abelha com vinagre. E o poeta nos ensinou “gentileza gera gentileza”.
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Aumentamos em 300% nossa representação assumida no Congresso Nacional. Além do deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ), agora temos o senador Fabiano Contarato (REDE/ES) e o deputado federal Marcelo Calero (PPS/RJ). Jean Wyllys foi nosso símbolo de resistência. Apesar de todas as desconstruções que tentaram fazer, ele resistiu e se reelegeu.
Sobre a comunidade LGBTI+ e os resultados das eleições, poderíamos ter eleito mais candidaturas LGBTI+ e aliadas. Mesmo assim, das candidaturas aliadas que aderiram à “Plataforma Eleições 2018 – Promoção da Cidadania LGBTI+”, da Aliança Nacional LGBTI+ foram eleitos a senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP), 12 deputados/as federais e 16 deputados/as estaduais. Das candidaturas LGBTI+ propriamente ditas, foi eleito como senador Fabiano Contarato (REDE/ES) e como deputado federal Marcelo Calero (PPS/RJ). Ainda, foram eleitas para a Assembleia Legislativa de São Paulo Leci Brandão (PCdoB) e Isa Penna (PSOL), bem como duas candidatas trans, Erica Malunginho (PSOL) e Erika Hilton (PSOL/Coletivo/Bancada Ativista). No Distrito Federal, foi eleito Fábio Félix (PSOL) e em Pernambuco foi eleita a trans Robeyoncé Lima (PSOL) pela coletiva Juntas, ambos para o legislativo distrital/estadual.
Elegemos aliadas/os históricas/os da causa LGBTI+, como as deputadas federais Maria do Rosário (PT/RS), Erika Kokay (PT/DF), Luizianne Lins (PT/CE), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Tereza Nelma (PSDB/AL) e os deputados federais Paulão (PT/AL), Paulo Teixeira (PT/SP) e Tulio Gadelha (PDT/PE), entre outros/as.
PublicidadeNestas eleições, a comunidade LGBTI+ teve uma grande visibilidade. Das treze candidaturas à presidência, oito citaram diretamente nossa comunidade de forma positiva e propositiva. Três dessas candidaturas aderiram à Plataforma Eleições 2018 – Promoção da Cidadania LGBTI+: Ciro Gomes (PDT); Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT), sendo que este último está no segundo turno. Além disso, 34 grandes empresas e ONGs assumiram o compromisso de aderir à Carta de Apoio à Diversidade, ao Respeito e à Inclusão de Pessoas LGBT+ nos Locais de Trabalho no Brasil. Nunca antes as empresas tinham se posicionado neste sentido, sobretudo em relação às eleições.
Para o segundo turno, vamos parar, analisar e discutir as duas propostas de programa de governo e tomar nossas decisões com racionalidade. Vamos usar a filosofia do pastor Martin Luther King e pedir para quem não votou no primeiro turno, que vote de maneira consciente no segundo turno: “o que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas.”
Precisamos romper o silêncio e resistir. Para o futuro, nós, pessoas LGBTI+ e pessoas aliadas, temos que nos organizar, ter cursos de formação política e preparação das candidaturas para aumentar nossa representação no legislativo e no executivo, a fim de efetivar a garantia da igualdade dos direitos e a cidadania da comunidade LGBTI+, nos marcos da Constituição Federal.
Que venham o segundo turno e as eleições de 2020. LGBTI+ Organizados seremos resistência!
Sou amplamente favorável às liberdades individuais, portanto acredito que as pessoas devam ser respeitadas e toleradas em seu modo de viver, seja qual for. No entanto, é errado que a opção sexual seja uma bandeira política. Na prática, o político se dizer favorável à bandeira LGBTI não quer dizer nada, afinal as liberdades já são asseguradas pela Constituição, a menos que se queira lutar por privilégios. Vamos ver quem não é corrupto, as propostas econômicas, relações exteriores, saúde pública, dentre outros temas relevantes. Temos de parar com essas divisões sociais e tratar todos como iguais, pouco importa a orientação sexual que tenham.