Thomaz Pires
O deputado Laerte Bessa (PSC-DF) caiu no bate-boca na madrugada deste domingo (5), após ser vaiado por uma multidão de jovens durante um evento musical em Brasília. Inconformado com as vaias, o delegado e ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal partiu para o ataque e xingou o público.
“Isso é um desrespeito, seus vagabundos. Muitos de vocês que estão me vaiando são os mesmos que eu já coloquei na cela”, esbravejou o deputado. O fato ocorreu durante a apresentação da cantora Elza Soares no Festival de Música Candango Cantador, na Praça da República. O ex-deputado distrital Miquéias Paz, conhecido animador cultural da cidade, chamou Laerte Bessa ao palco, fazendo referência à emenda apresentada pelo parlamentar para destinar mais dinheiro à cultura de Brasília.
Mal Bessa subiu ao palco, começaram os protestos. Ele perdeu o controle logo no início das vaias, e respondeu com gritos no microfone. Irritado, precisou ser interrompido pela produção do evento, que pediu para ele evitar o clima de briga.
“Vocês todos são uns frouxos”
Bessa tentou amenizar o constrangimento após a produção chamar a sua atenção, mas logo emendou novas agressões quando as vaias voltaram a aumentar. “Vocês todos são uns frouxos e vagabundos”, disparou.
Durante todo o domingo, a reportagem tentou contato com o deputado. Mas ele não retornou às mensagens deixadas na caixa postal de seu celular.
Essa não é a primeira vez que o deputado se envolve em confusão. Em junho deste ano, ele entrou em rota de colisão com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que havia participado de uma passeata no Rio de Janeiro em favor da legalização da maconha. O deputado, que é membro da Comissão de Segurança da Câmara, convocou o ministro para dar explicações e o acusou de crime de apologia das drogas. Minc negou a acusação e foi irônico na resposta.
“Ele quer que todos os usuários sejam presos, o que significaria, pelos meus cálculos, construir mais 10 mil presídios no Brasil. Aliás, dentro dos presídios não costuma faltar drogas”, afirmou.
Filiação partidária
O deputado deixou o PMDB na última semana, após manobra política do presidente da legenda no Distrito Federal, o também deputado federal Tadeu Filippelli. Laerte Bessa manifestou publicamente insatisfação com a forma como a sigla vinha conduzindo as articulações para a disputa eleitoral de 2010.
A insatisfação iniciou-se quando Filippelli colocou dificuldades para a candidatura do seu aliado, o ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz, ao governo do Distrito Federal. Bessa entrou com pedido de intervenção na Executiva Nacional. Mas Filippelli vinha conseguindo arrastar a análise do pedido.
A resposta do deputado ao partido foi dada com um pedido de dissolução do diretório regional. Novamente Filippelli esvaziou as reuniões da Executiva, impedindo as deliberações. Com isso, o ex-governador Joaquim Roriz, padrinho político de Laerte Bessa, pediu desfiliação do PMDB, dizendo-se traído pela sigla em que atuou por 20 anos. Em seguida, Bessa pediu a desfiliação com o aval do presidente nacional da legenda, Michel Temer (PMDB-SP). Ambos estão agora filiados ao PSC. Roriz, que renunciou ao mandato de senador para evitar a cassação, é apontado pelas pesquisas como o mais forte candidato na disputa para o governo local.
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