Sônia Mossri |
O esforço do PMDB para evitar um estrago maior na performance do partido na votação do salário mínimo criou uma situação inusitada. Pelo menos na terça-feira, a liderança do partido na Câmara sofreu uma intervenção. Preocupado com a decisão do líder do PMDB na Câmara, José Borba (PMDB-PR), de liberar o voto dos deputados candidatos a prefeito nas eleições de outubro e fechar uma posição em torno de um salário mínimo de R$ 275,00, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, retomou o antigo posto. No jargão dos deputados, Eunício “enquadrou” o líder Borba. Na frente de jornalistas, chegou a desautorizar idéias defendidas anteriormente pelo atual líder, colocado no posto pelo próprio ministro. Publicidade
Eunício não foi o único cardeal do PMDB que saiu em socorro do governo. O líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), deixou a casa e atravessou o tapete verde da Câmara na quarta-feira, antes da votação. O motivo era o mesmo de Eunício: evitar uma racha maior na bancada do PMDB. Leia também Publicidade
Mesmo com todo esse esforço, os deputados do PMDB votaram divididos meio a meio. PublicidadeA próxima batalha A votação do salário mínimo de R$ 260,00 será mais difícil ainda no Senado. Além das dificuldades rotineiras do governo na casa, há uma expectativa de como os aliados de José Sarney reagirão após a derrota do substitutivo da reeleição na Câmara. Não interessaria a Sarney tornar a vida de Renan mais fácil. Cauteloso, o líder do PMDB avalia que terá “quatro ou cinco problemas pela frente”, referindo-se ao número provável de senadores que votarão contra a MP do governo. O problema é que Sarney não tem seus domínios apenas no PMDB. O presidente do Senado tem votos também no PFL e PSDB, onde conta com dois poderosos aliados, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). A partir do próximo dia 12, a MP do salário mínimo começa a trancar a pauta do Senado. Mais do que na Câmara, a votação do salário mínimo dará uma demonstração de até onde Sarney está disposto a ir na luta por mais dois anos na Presidência do Senado.
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