Edson Sardinha
O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou hoje (9) que está em greve de fome. O presidente será acompanhado no protesto por líderes sindicais, de movimentos sociais e de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS). Com a greve de fome, o grupo pretende pressionar o Congresso boliviano a aprovar a lei eleitoral que garante a realização de eleições gerais no dia 6 de dezembro.
A convocação das eleições gerais foi definida no último dia 25 de janeiro, quando a população aprovou, em consulta popular, a nova Constituição do país. O texto constitucional obriga o Congresso a aprovar uma lei com as regras da disputa, que pode garantir a permanência de Evo Morales no poder até 2015.
Mas a oposição resiste em aprovar o projeto de lei do governo que define o calendário eleitoral e reserva 14 das 127 cadeiras do Parlamento para povos indígenas. O prazo para aprovação da lei se encerra nesta quinta-feira (9).
“Diante da negligência de um grupo de parlamentares neoliberais, estamos obrigados a assumir essa medida”, declarou Morales em discurso feito hoje em La Paz.
“Os antidemocratas de antes agora se dizem defensores da democracia. Aqui estão os defensores da democracia. Os parlamentares têm uma das melhores oportunidades para garantir e aprofundar a democracia e as transformações no país. Façamos juntos a história, todos os parlamentares e sindicais para garantir as transformações estruturais”, conclamou o presidente.
Em sessão tensa do Congresso realizada ontem, os parlamentares do partido governista ameaçaram renunciar ao mandato caso o Legislativo não aprove imediatamente o projeto do Executivo. O presidente do Parlamento anunciou na madrugada que a sessão continuará ininterruptamente “até a aprovação da lei”.
Líderes oposicionistas reclamam de irregularidades no último censo eleitoral e da possibilidade de bolivianos emigrantes participarem das eleições gerais. Apesar de ter maioria suficiente para aprovar a proposta na Câmara, o governo não tem os votos necessários no Senado.
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