De volta à Câmara para exercer seu segundo mandato, o deputado maranhense Domingos Dutra (PT) quer mostrar que "apesar da meia dúzia de laranjas podres, o Congresso também tem muita gente séria e trabalhadora". Eleito deputado federal pela primeira vez em 1994, Dutra passou os últimos quatro anos longe da Casa. Foi deputado estadual entre 2003 e 2005 e vice-prefeito de São Luís (MA) nos últimos dois anos, experiência que ele não pretende repetir. "Não fui vice, fui vítima", brinca. |
Há 13 anos, Dutra se tornou o primeiro negro nascido em um quilombo a ser eleito para a Câmara. Formado em Direito, ele promete cuidar das questões raciais e apoiar as reformas estruturais. "Minha expectativa é animadora e ao mesmo tempo desafiadora. Temos que avançar nas reformas, avançar na democracia. Só a liberdade pode nos garantir direitos", afirma.
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Empolgado como um marinheiro de primeira viagem, Dutra mostrou que está cheio de idéias. Algumas delas polêmicas, admite ele, como a de aumentar a verba de propaganda para que a Casa possa levar à sociedade seu trabalho.
"A transparência tem que ser vista não só do ponto de vista dos gastos, é preciso ter também uma mudança de visão. Temos que mostrar que na Câmara não existem só corruptos. Pelo contrário, trabalhamos muito aqui", garante.
Como questão prioritária para a legislatura inicida no último dia 1º, o deputado cita a reforma política. Ele critica a maneira como têm sido conduzidas as discussões sobre o assunto. Mas sugere temas ainda mais desafiadores, que classifica como "simples", como a redução do mandato no Senado e o fim do voto obrigatório.
Publicidade"Acho que temos que começar pelo mais simples. Não tem sentido senador ter mandato de oito anos. Esse número tem que ser reduzido a no máximo seis. Temos que acabar com os senadores biônicos. Atualmente há 14 senadores suplentes no exercício do mandato, gente que os eleitores nem sabem quem são. Além disso, tem que unificar as eleições, acabar com o voto obrigatório e com a reeleição", defende.
Em seus projetos de lei, o deputado também pretende investir na valorização das quebradeiras de coco. "Atualmente, 400 mil mulheres dependem desse trabalho para alimentar os filhos, mas a falta de investimentos faz com que elas tenham que quebrar os cocos com machados, sendo que poderiam ser beneficiadas com novas tecnologias", argumenta.
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