O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu uma investigação contra o empresário Elon Musk, proprietário da plataforma de mídia social X (anteriormente conhecida como Twitter) e CEO da Tesla, após ataques direcionados pelo bilionário contra ele. Alexandre afirma que há indícios de que Musk tenha praticado os crimes de obstrução à justiça e incitação ao crime. Os ataques de Musk têm alimentado as redes bolsonaristas, que usam o episódio para propagar a tese de que sofrem implacável perseguição política no país.
No sábado (6), Musk anunciou que estava removendo todas as restrições das contas na X determinadas pelo Judiciário brasileiro. Ele foi incluído entre os investigados em um inquérito já em curso sobre milícias digitais. O ministro ordenou que a plataforma X não desrespeite nenhuma ordem da Justiça brasileira e estabeleceu uma multa de R$ 100 mil para cada perfil que ele reativasse irregularmente.
Musk criticou as decisões de Alexandre de Moraes e ameaçou reativar os perfis de usuários da X bloqueados pela Justiça. O ministro é relator de inquéritos, como o das milícias digitais e o do 8 de janeiro, que investiga a tentativa de golpe no Brasil por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão de Alexandre de Moraes veio após publicações feitas por Musk no sábado e domingo, nas quais ele declarou que divulgaria as demandas do magistrado e como essas solicitações “violam a lei brasileira”.
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Nesse domingo, o empresário chegou a afirmar que o magistrado deveria “renunciar ou sofrer impeachment” e que publicará “em breve” na plataforma tudo o que é exigido por Alexandre de Moraes, alegando que essas solicitações “violam a lei brasileira”.
A X afirmou ter sido forçada por decisões judiciais a bloquear determinadas contas pessoais e que não sabe os motivos pelos quais essas ordens de bloqueio foram emitidas. Se Musk cumprir sua ameaça de desrespeitar medidas judiciais, isso pode beneficiar uma série de influenciadores e expoentes do bolsonarismo que têm seus perfis bloqueados. As decisões de Alexandre de Moraes em desativar as contas foram tomadas ao longo dos últimos quatro anos no âmbito das investigações sobre milícias digitais e no inquérito das fake news.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) anunciou que vai solicitar uma audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para discutir o “Twitter Files Brasil”, uma série de e-mails publicados pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger acusando Alexandre de Moraes e o TSE de exigirem ilegalmente a remoção de publicações do antigo Twitter.
Na quarta-feira, Shellenberger publicou uma série de mensagens na X intitulada “Twitter Files Brasil”. É um conjunto de e-mails de funcionários do antigo Twitter reclamando de decisões impostas por Alexandre e pelo TSE e de investigações contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021 e 2022. Com base nos e-mails, o jornalista afirma que o ministro exigiu ilegalmente que o Twitter revelasse detalhes pessoais de usuários, exigiu acesso aos dados internos da plataforma, em violação à política do Twitter, procurou censurar postagens de parlamentares brasileiros e tentou usar as políticas de moderação de conteúdo como uma “arma” contra apoiadores de Bolsonaro. No sábado, 6, Musk compartilhou as publicações do jornalista e afirmou: “esta censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil”.
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