Durante a entrevista do Jornal Nacional com os presidenciáveis nesta quinta-feira (25), o ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência, criticou a condução do governo do seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Bolsonaro não manda em nada. Ele é refém do Centrão”, disse, afirmando em outro momento que, em um eventual novo governo, deve conversar com todos os partidos – Lula preferiu não usar o termo “Centrão”.
Lula e Bolsonaro estão polarizando a disputa presidencial deste ano de acordo com as pesquisas. O ex-presidente usou como estratégia focar suas críticas contra o atual presidente: “Bolsonaro sequer cuida do Orçamento, quem libera orçamento é Arthur Lira [presidente da Câmara]. O ministro liga pra ele [Arthur Lira], não para o presidente da República […] Bolsonaro parece um bobo da corte, não controla o Orçamento”.
“Veja que engraçado, [Bolsonaro] acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria R$ 200, agente queria R$ 600, ele mandou R$ 500, agora mandou R$ 600. Até quando? Até dia 31 de dezembro”, criticou.
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Durante a entrevista a William Bonner e Renata Vasconcellos, o ex-presidente foi perguntado diversas vezes sobre os escândalos de corrupção no seu governo e da ex-presidente Dilma Rousseff, também do PT. Em um dos momentos, Lula comparou o mensalão – escândalo de compra de votos na sua gestão – com o Orçamento Secreto atual: “Você acha que o mensalão que tanto se falou é mais grave que o Orçamento Secreto? […] Ele não é moeda de troca, é usurpação de poder da Presidência”.
Uso político da Lava Jato
A entrevista do Jornal Nacional começou com o apresentador William Bonner questionando as acusações com o PT no escândalo da Lava Jato. O ex-presidente defendeu as investigações contra a corrupção, mas na operação comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro ele avaliou que ultrapassou os milites da justiça. “Se alguém comete um erro, comete um delito, se investiga, condena e absolve. O que foi o equivoco da Lava Jato: ela enveredou por um caminho político delicado”, disse.
“A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política e o objetivo era o Lula. O objetivo era tentar condenar o Lula”, avaliou, reiterando que nos últimos anos teria sido massacrado pelos meios de comunicação e que só agora estaria tento a oportunidade de falar abertamente sobre o caso. Na entrevista Lula citou o caso de um irmão que teve a casa investigada pela Polícia Federal (PF). Ele afirmou que sabia da averiguação, mas não quis interferir.
“Eu quero voltar à Presidência e qualquer hipótese essa pessoa será julgada, essa pessoa será punica ou absolvida. É assim que você combate a corrupção no país”, completou.
Equívocos de Dilma
Apesar de dizer que a ex-presidente Dilma é uma das pessoas que mais tem respeito e admira, Lula reconheceu que a companheira de partido cometeu diversos erros na condução da economia. Ele evitou, porém, responder se eventualmente evitaria concepções do governo dela em uma nova gestão do PT. “Ela fez um primeiro mandado presidencial extraordinário”, disse antes de reconhecer os erros.
“Eu acho que a Dilma cometeu equívocos na gasolina, cometeu equívocos na hora que fez R$ 540 bilhões em exonerações. Mas quando ela tentou mudar houve uma dinâmica contra ela. Eduardo Cunha [presidente da Câmara] e Aécio Neves [na época, no Senado] que trabalharam o tempo inteiro para que não houvesse nenhuma mudança. Ela mandou MP para mudar, como aconteceu com o Fernando Henrique Cardoso”, disse Lula.
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