Na próxima semana, o deputado Romário (PSB-RJ) estará em Recife. Reforçará a campanha do candidato de seu partido, Geraldo Júlio, à prefeitura da capital pernambucana. Depois, Romário passará também por Fortaleza, para ajudar a campanha de Roberto Cláudio, e por Maceió, onde Givaldo Júnior, o Carimbinho, filho do líder do PSB na Câmara, Givaldo Carimbão, é o candidato a vice de Jefferson Moraes, do DEM. É possível que suba também depois nos palanques do prefeito Márcio Lacerda, em Belo Horizonte.
Esse périplo de Romário pelos palanques socialistas faz parte da estratégia do PSB para tentar neutralizar a reação do PT, que quer levar o ex-presidente Lula para as suas campanhas também nos próximos dias. Romário pode não ter a popularidade política de Lula, mas é a maior celebridade de que o PSB dispõe. Além de celebridade, o craque que conquistou o tetracampeonato de futebol tem se destacado como político, seja questionando aspectos da organização da próxima Copa do Mundo, seja atuando em prol dos deficientes, foco principal da sua atuação, em homenagem à sua filha Ivy, que tem Síndrome de Down.
Especialmente, porém, o saque feito por PSB e PT das suas principais estrelas para reforçar suas campanhas à prefeitura mostra o tamanho das faíscas que neste momento saem da disputa eleitoral entre os dois partidos nas eleições municipais. Em alguns lugares, como Recife e Belo Horizonte, o PSB tornou-se o principal adversário do PT. E o PT passou a considerar questão de honra derrotar o PSB nessas capitais. “Vivemos um momento que vai necessitar de muita habilidade e cautela para ser ultrapassado”, diz um importante líder do PSB.
A versão do PSB para as decisões que fizeram nascer as candidaturas de Geraldo Júlio e Roberto Cláudio em Recife e Fortaleza, e o rompimento da aliança em Belo Horizonte, fazendo com que o PT lançasse Patrus Ananias como adversário da tentativa de reeleição de Márcio Lacerda, é de que se trataram de três casos isolados, motivados por questões locais. Uma versão que não convence o PT, que enxerga nisso um ensaio de independência do PSB, para, talvez, experimentar uma candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência em 2014. O fato é que, hoje, petistas e socialistas não falam a mesma língua, não se entendem e se enfrentarão nas urnas. E disso poderão resultar consequências em 2014.
O PSB garante que não está nos planos de Eduardo Campos ser candidato em 2014. E que ele continua firme no propósito de apoiar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. O problema será saber se após as eleições esse caldo, a partir dos resultados, não desanda.
A não ser que realmente aconteça a aposta que o PT faz de melhora de seus candidatos a partir desta fase, em que a campanha realmente começou nos rádios e TVs, o quadro atual aponta para um desempenho muito ruim dos petistas, pelo menos nas capitais. Hoje, a única capital em que o PT está na frente, de acordo com as pesquisas, é Goiânia. E o PSB lidera em quatro. Sendo que em uma delas foi num atropelo que desconsertou o candidato do PT, Humberto Costa. Geraldo Júlio saiu de patamares iniciais abaixo de 5% para atropelá-lo como um trator a esta altura.
Na busca para reverter ou manter o quadro, PT e PSB podem hoje ser aliados no plano federal, mas são adversários figadais em várias cidades. Se o quadro não for revertido, os petistas vão buscar culpados, e vão encontrá-los nos candidatos que o PSB de Eduardo Campos escalou para derrotá-los. Se o quadro for revertido, vai ser o PSB quem ficará mordido.
É até possível que tudo se ajuste até 2014 e que PT e PSB, unidos lá na frente, nem lembrem das rusgas de hoje. Possível, mas não parece muito provável. E ainda tem gente que jura que a eleição municipal não é a preliminar da eleição nacional seguinte.
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