Por motivos diversos, tenho lido muitos livros do amigo Augusto Cury, pesquisador na área de psicologia, memória e inteligência. Uma das incríveis teorias dele tem a ver com os tipos e as janelas de memória. O termo “janela de memória” é uma tentativa de explicar, do ponto de vista da psique e do emocional, como retemos alguns fatos na memória. Cury sugere que nós somos “Deus” perante os computadores, já que podemos deletar qualquer coisa dos arquivos da máquina. Em contrapartida, não o somos perante a nossa psique. Somos escravos, servos, reféns do que armazenamos em nossa memória RAM – Registro Automático da Memória –, que envolve a dor, os traumas, as fobias por que passamos.
Augusto Cury ensina que a melhor atitude perante a janela killer (assassina) é conviver a fundo com as pessoas, doando-se sem esperar muito em troca. Não devemos nunca exigir o que os outros não podem fornecer. Por outro lado, devemos sempre dizer coisas inesperadas, que surpreendam as pessoas. Precisamos ser generosos, conscientes de que não conseguimos tornar as pessoas melhores, mas certamente conseguimos piorá-las.
Nossa memória seletiva é denominada MUC – Memória de Uso Contínuo. Com ela, acessamos os dados que usamos continuamente. Circulamos apenas entre 1% e 2% de nossa memória. Não frequentamos todos os conhecimentos da periferia.
O pior ser humano é aquele que sofre do “coitadismo”: tem dó de si mesmo e é programado para ser infeliz com o seu pessimismo, que gerencia arquivos doentios da sua memória. Podemos pensar em nossas memórias como se fossem papéis de fotos: quanto maior a exposição, mais nítida e duradora será a imagem. A intensidade da exposição, no caso, são as emoções associadas aos fatos retidos.
Segundo essa teoria, vale diferenciar os sentimentos positivos dos negativos. Os sentimentos negativos são todos aqueles que nos fazem mal: tristeza, abandono, raiva, decepção, etc. Eles formam as janelas traumáticas, lixo da psique. Já os sentimentos positivos são aqueles ligados a coisas boas. Os sentimentos negativos, contudo, tendem a ter mais intensidade, por se situarem próximos da natureza animal intrínseca ao ser humano. Por que, então, estamos falando sobre as janelas de memória? Porque elas nos ajudam a compreender muita coisa e nos fazem repensar muitas das nossas reações diante do dia D de uma prova de concurso, por exemplo.
Um comportamento ou um jogo de janelas é construído em questão de segundos. Nesse contexto, uma pessoa nunca pode afirmar que deixará de agir com agressividade diante de uma situação de confronto. Podemos e devemos, contudo, meditar a nossa memória e gerenciar os nossos pensamentos.
A memória é seletiva. Ela se abre e fecha conforme a emoção que sentimos no momento, na situação. Apesar disso, ela tem sido usada de forma excessiva, gerando aquilo que Cury chama de Síndrome do Pensamento Acelerado – SPA. A síndrome consiste no excesso de atividade no plano dos pensamentos. É o mal que caracteriza as pessoas hiperpensantes. O estresse intenso pode bloquear ainda mais a memória, que por natureza já é seletiva, dificultando, assim, a capacidade de pensar de forma criativa. Isso tudo constitui uma bomba para a qualidade de vida. Devemos viver pensando na humanidade e não como grupo ou como seita. Jesus Cristo, maior educador da nossa história, dizia: sou apaixonado pelos homens. E nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para transformar os pequenos em grandes.
Cury nos ensina a gerenciar os nossos pensamentos pela técnica DCD – duvidar de tudo que nos controla todos os dias. Duvidar do controle do medo; duvidar do controle do sentimento de culpa; duvidar do temor de véspera, do sofrer por antecipação. Critica, em especial, o EU passivo. O Doente da Doença.
A mente distorce, amplia e diminui os fatos. Oitenta por cento das pessoas são tímidas, e essa timidez inibe a ousadia e a criatividade. Devemos ser humildes fora de nós (ao nosso redor), jamais dentro da nossa psique. Temos de ser seguros, sem medo, precavendo-nos dos erros. Não devemos cobrar demais de nós mesmos nem dos outros. Precisamos ser mais tolerantes com os defeitos das pessoas, notando mais suas virtudes.
Como as crianças têm a mente muito mais aberta e receptiva do que a dos adultos, o processo de retenção de lembranças é muito mais intenso nelas do que em nós, embora o mecanismo seja o mesmo. Devemos, então, tomar muito cuidado com os estímulos que ofertamos aos nossos infantes, pois esses estímulos definirão as memórias que constituirão a psique do adulto do futuro. O cuidado também se aplica às nossas reações. Diante delas vão ser definidos quais fatos serão retidos nas lembranças e como acessaremos rapidamente essas informações para, por exemplo, responder uma prova de concurso.
Os processos envolvidos nos vários tipos de memória estão sendo aos poucos desvendados pelos cientistas, mas os estudos não são simples de realizar. As descobertas são baseadas sobretudo em testes com animais ou em conclusões colhidas com a observação de humanos que possuem lesões cerebrais, frutos de acidentes ou de malformações.
De maneira geral, extrapola-se para os humanos os resultados obtidos em pesquisas em que se provocam lesões em ratos, chimpanzés e pombos, ou em que drogas são aplicadas nessas cobaias – apenas para citar os casos mais comuns. Afinal, os mecanismos de todos esses seres funcionam de maneira semelhante, embora não idêntica. A memória tem basicamente as mesmas funções em todos eles: promove a adaptação do ser ao meio, contribuindo para a sua sobrevivência. No caso dos humanos, a complexidade é maior pela participação da linguagem, e pela modulação por sentimentos, emoções e estados de ânimo.
Desde a década de 1970, a neurociência passou a contar com técnicas de imagem cerebral, como a tomografia por emissão de pôsitrons (PET) e a ressonância magnética funcional (fMRI), que evidenciam algumas áreas envolvidas nos processos ligados à memória. Embora esses recursos tenham contribuído para compreender quais áreas estão envolvidas nas etapas de aquisição da informação, consolidação e evocação (memória, propriamente dita), poucos acreditam que haja uma correspondência direta entre uma região do cérebro e a função que exerce, tamanha é a complexidade do nosso aparelho cerebral.
Quem se prepara para concurso público deve conhecer os estudos de Cury, Izquierdo e outros pesquisadores do tema memória. Com os ensinamentos deles, os concurseiros podem aprender a tirar melhor partido dos conhecimentos armazenados nos estudos ao se sentarem para fazer a prova. Para isso, devem exercitar essa caixa de armazenar informações com boas doses de leituras específicas das principais matérias, até terem a certeza de que assimilaram a maior parte das informações lidas. Um bom domínio dessa área do cérebro acabará se revelando um diferencial que levará o candidato à aprovação no concurso, turbinando o seu desempenho para ultrapassar os concorrentes ao cargo público.
Há estudos segundo os quais cerca de 35% dos estudantes são depressivos por não saberem trabalhar a memória e conversar com os pensamentos. Essas pessoas não conseguem ajudar a si próprias, porque não conhecem os seus inimigos internos, os seus medos e suas fraquezas. Eles são incapazes de retirar do caos oportunidades para o crescimento e o sucesso pessoal e profissional. Estão, portanto, previamente derrotados, se não lhes ocorrer uma reviravolta que os retire desse limbo intelectual.
Para livrar-se desse perigo, só há uma atitude a tomar: o pensamento positivo, que produz a confiança no sucesso. Concurseiros, lembrem-se sempre: não há céu sem tempestade, não há caminho sem acidentes e não há vitória sem dor. Sigam seu caminho sem nada temer e logo estarão alcançando o seu tão sonhado
FELIZ CARGO NOVO!
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