Não sou psicólogo, e tampouco estudei qualquer interpretação da letra ou maneira através da qual se escreve, seja o texto escrito à mão ou o datilografado, agora digitado. Nem sequer li, só soube de orelhada que, pelo jeito e maneira com que se escreve, pode-se conhecer a personalidade da pessoa.
Foi-me dito que aqueles que escrevem em caixa alta (tudo maiúsculo) são autoritários. Disseram-me que, não podendo gritar para se fazerem ouvidos, ou melhor, lidos, escrevem tudo em maiúsculo para impor sua vontade. Não sei se é verdade, mas o comentário feito em caixa alta parece gritar, e o grito geralmente se usa quando não se tem razão. Além do que o texto em maiúscula não fica bem esteticamente.
Mas não é estética que quero debater, mas responder parte dos comentários do meu último artigo, intitulado “Dobrem a língua para falar do SUS”. Alguns não entenderam o que leram ou, se entenderam, não dobraram a língua (não importa).
Outros procuraram, sem me conhecer, através do texto, me julgar. Erraram e erraram feio. A estes não responderei ponto a ponto, até porque alguns optaram pela baixaria, mas digo: com exceção de mim, que, por estar deputado, uso o serviço médico da Câmara dos Deputados, todos e todas da minha família usam o SUS.
Agradeço a todos e a todas, que, mesmo de maneira agressiva, interagiram comigo através dos comentários, como o José Carlos Salvagni, que escreve que estou coberto de razão, porém coloca um senão. Dentro de seu senão, há também uma exceção que ele ignora: alguns daqueles que fizeram cobrança ao Lula para que se tratasse no SUS não o fizeram por querer, como você quer, melhoria para o SUS, mas foram maledicentes, posso até dizer agourentos, nas cobranças.
Alguns dos missivistas (pode-se usar esta palavra quando se trata de internet?) relatam dificuldades ou deficiências para serem atendidos por especialistas, internamentos, principalmente em UTIs. Isto tudo é verdade, mas não é razão para negar o SUS.
É, sim, uma razão a mais para lutar pela melhoria do sistema. Pergunto: você se mexeu, minimamente, algum dia, para cobrar seus direitos? Para melhorar o SUS, por exemplo, você já foi a alguma conferência local ou municipal de saúde defender os seus direitos e os da sua comunidade?
Também aproveito para agradecer. Obrigado, Nina, e parabéns pelo seu texto em defesa do SUS. Obrigado José Lira, Rose, Jorge Vieira, pela compreensão e defesa do texto e, consequentemente, do SUS.
O Jorge Vieira, em seu breve comentário, chama a atenção pra duas coisas que eu reforço. Muitos têm os EUA como o ideal de vida e de serviços. Aqueles que atacam o SUS conhecem com funciona a saúde pública nos EUA?
Outra abordagem dele: por ocasião da votação da CPMF, o Lula assinou o compromisso de colocar toda a arrecadação no SUS. A imprensa, empresários e oposição (PSDB, DEM e PPS) derrotaram a proposta. Isso significa que, desde o fim da CPMF até o final deste ano, são mais de 160 bilhões de reais que deixaram de ir para o SUS. Argumento deles: o tributo encarecia as mercadorias, principalmente a comida. Com o fim da CPMF, alguma coisa diminuiu de preço?
Todos excomungaram a carga tributária, que, sem dúvida nenhuma, é alta para os que vivem de salários, os pequenos e micro empresários, comerciantes e agricultores. Mas nenhum condenou o abatimento no imposto de renda dos pagamentos do seguro saúde ou do atendimento particular.
Será que não se calaram por justamente fazerem uso deste mecanismo? Relembro que, se esses não descontassem no imposto de renda o que pagam pelos planos de saúde e pelo atendimento privado, seriam 5 bilhões a mais para o SUS.
Para aqueles que têm dificuldade para o debate e baixam o nível, como, por exemplo, mandando calar a boca, só me resta o lamento.
Importante dizer mais duas coisas. Primeiro, o SUS é um sistema em construção e que muitos de nós lutamos para não sofrer retrocessos. Lutamos para que, apesar de muitos adversários e alguns inimigos, seja implantado com qualidade em todo o país. Contra esses adversários e inimigos é que todos deveriam se juntar, mas pelo que senti de alguns comentários eles são em maior número do que eu imaginava.
Segundo, o SUS é um sistema único e nacional com responsabilidade nos três níveis de governo. E a prestação de serviços cabe às prefeituras. Nos comentários, nenhuma palavra em relação aos estados (governadores) e municípios (prefeitos).
Quando servidores públicos e outros setores da população se mobilizam na defesa do SUS e na cobrança de mais serviço público e de melhor qualidade, são criticados por parte da população.
Quando os governos (municipais, estaduais e federal) chamam para as conferências de saúde, espaços de debate, sugestões e elaboração do programas de saúde, o que você faz? Participa ou ignora, diz que tudo isso é bobagem?
Termino com a frase do Dr. Rogério: “Criar o SUS foi o resultado de uma longa luta, encabeçada pelo movimento sindical dos médicos e por outras entidades da área de saúde. Não podemos permitir que a imprensa desinformada e os preconceituosos de plantão destruam esse trabalho.”
Por fim, por favor, não comentem se tenho mau ou bom gosto, e acertem pelo menos em uma coisa: o SUS não é um órgão e tem pouco mais de 20 anos.
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