Expedito Filho, de Nova York |
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O espectro do terror está deixando em segundo plano uma novidade extraordinária da eleição americana: no caso de vitória do presidente George W. Bush, ele será o primeiro presidente reeleito com a segunda maior taxa de desemprego dos Estados Unidos. Seu desempenho só é melhor que o do ex-presidente Herbert Hoover, que governou o país de 1929 a 1932 . Hoover, que passou pela grande crise do capitalismo do século passado, a depressão de 29, permitiu em seu governo o desaparecimento de 6,4 milhões de empregos. Bush, depois de esboçar uma recuperação do nível de emprego, continua devendo 1,2 milhão de postos de trabalhos que sumiram em sua gestão, apesar dele não ter passado por nenhuma grande crise como aconteceu com Hoover. Para se ter uma idéia da dimensão desses números, basta dar uma olhada no desempenho de outros presidentes. O democrata Bill Clinton em seu primeiro mandato criou 11,6 milhões de empregos. Reeleito, Clinton emplacou mais 11,4 milhões de novos postos de trabalho, fazendo um total de 23 milhões de empregos em seus dois governos. Publicidade
O cowboy Ronald Reagan, símbolo maior dos republicanos, também fez bonito. Em seu primeiro governo, fez florescer 5,2 milhões de empregos e, no segundo, chegou à marca de 10,8 milhões de novos postos. Até mesmo George Bush pai teve um desempenho nessa área melhor que o filho: criou 2,5 milhões de empregos e ainda assim não conseguiu reeleger-se.O pífio resultado na economia maculou até mesmo a vitória na guerra do golfo contra Sadam Husseim. O detalhe intrigante desse pleito, o que o diferencia de tudo o que aconteceu antes, é que o baixo desempenho de Bush no quesito emprego ainda não abalou sua candidatura. Em outros tempos, esse número já teria defenestrado Bush até mesmo da Convenção Republicana. Publicidade
Os economistas sustentam que, embora o número de emprego esteja no subsolo, a economia americana está crescendo. Esse crescimento, porém, não gera nem repõe os empregos perdidos. Essa nova economia desemprega a classe média americana, espolia o trabalhador do país emergente e gera, ao fim e ao cabo, concentração via grandes lucros das companhias transnacionais. O medo de um novo ataque terrorista deixou em segundo plano a realidade da economia americana. Quando essa cortina de fumaça passar, o americano vai finalmente descobrir que os Estados Unidos poderão tornar-se a capital do desemprego e da concentração de renda. O extraordinário é que, mesmo ameaçada de extinção como o mico-leão e ararinha azul, a classe média não está vendo o jogo. Para ela, o medo do terror é mais forte que o terror do desemprego. PublicidadeComo resultado, Bush continua no jogo, apesar da performance medíocre na área do emprego, e pode entrar para a história como o primeiro presidente que garantiu sua reeleição apesar de desempregar parte do seu eleitorado. |