A desesperança venceu a raiva, a revolta e a decepção. Ao ver os métodos usados pelo presidente Lula e seu governo para elegerem Aldo Rabelo presidente da Câmara dos Deputados, a constatação é lamentável: Lula é igual aos seus antecessores Fernando Henrique, Itamar Franco e Fernando Collor. Ameaçado de derrota, usa como meios o trator e o dinheiro público para atingir os fins.
Quando se trata de interferir na eleição em um outro poder da República, vale tudo, mas tudo mesmo. Como assegurar a liberação de R$ 1 bilhão para o Ministério dos Transportes, de Alfredo Nascimento, e ganhar os votos do PL comandado pelo honesto ex-deputado “mensalão” Valdemar da Costa Neto. Ou acionar José Janene, o enrolado líder do PP – envolvido até o pescoço no “mensalão” – que festejou a vitória ao lado de Aldo Rabelo, já insinuando que vai cobrar a fatura, mais tarde, quem sabe sendo inocentado. E o que falar sobre os R$ 500 milhões de emendas parlamentares liberados às vésperas da eleição?
O cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse, não sem razão, que às vezes se sente tentado a pensar que os partidos políticos no Brasil agem como quadrilha de bandidos no Congresso Nacional, mas foi condescendente: “Certamente o Congresso não pode estar 100% corrompido, se não seria melhor fechar tudo e a democracia”.
Se os poderes Executivo e Legislativo enfrentam crises e estão cada vez mais desgastados perante a opinião pública, o que dizer do Judiciário, que nas últimas semanas tomou decisões tão díspares, como o Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou libertar o coronel Mário Pantoja, condenado a mais de 200 anos de prisão pela morte de 19 trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás (PA). E concedeu hábeas corpus a Norberto Mânica, o fazendeiro acusado de ter sido o mandante do assassinato de três fiscais do Ministério do Trabalho que caçavam trabalho escravo em Unaí (MG)?
Esse mesmo Supremo que, como Pôncio Pilatos, lavou as mãos na cassação dos mandatos do senador João Capiberibe e sua mulher, a deputada Jatene Capiberibe, eleitos pelo PSB do Amapá, acusados de terem supostamente comprado o voto de uma eleitora por pífios R$ 26, pagos em duas prestações. E o que dizer do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que inocentou o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, acusado de usar mais de R$ 40 milhões de dinheiro público em campanha eleitoral?
Nem o Superior Tribunal de Justiça (STJ) escapa. Determinou que o prefeito do município de São Francisco do Conde, na Bahia, Antônio Carlos Vasconcelos Calmon (PFL), retornasse ao cargo do qual havia sido afastado pela Justiça estadual, acusado de superfaturar contratos em até 2.108%, fraudar licitações e usar apartamento cedido por uma empreiteira. Calmon foi o prefeito cuja administração apresentou o maior número de irregularidades, entre 2000 e 2002, de acordo com auditorias realizadas pela Controladoria Geral da União (CGU).
PublicidadeE não me venham dizer que essa crise dos poderes é uma compensação de Deus pelo fato de o Brasil não ter vulcões, terremotos, furacões e tsunamis devastadores… Isso é piada de mau gosto.
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