No último mês de janeiro, Marcelo “Tchello” Caramori, ex-assessor do governador Beto Richa (PSDB), foi preso sob a suspeição de explorar sexualmente crianças e adolescentes.
Informa a imprensa do Paraná que o ex-assessor, ao chegar à sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), “se apresentou como assessor do governador Beto Richa em Londrina e mostrou uma tatuagem no braço”.
Em 2014, quando Beto Richa (PSDB) foi reeleito governador do Paraná, Caramori, cheio de orgulho, mostrou nas redes sociais a referida tatuagem em código de barras feita no braço direito. Na tatuagem, lê-se: “100% Beto Richa”.
Por ocasião da divulgação da imagem tatuada, o então assessor comentou: “Não basta vestir a camisa. Tem que ter na pele”. Além da tatuagem que demonstra a amizade, Caramori aparecia na época em várias fotos ao lado do governador Beto Richa (PSDB).
Apesar de nunca ter sido policial, a intimidade de Caramori com o governador permitia que o mesmo vestisse uniforme e coletes à prova de balas da Policia Militar, tirasse fotos e as postasse na internet.
Beto Richa nega o “100% amigo”, mas o ex-assessor fotografava até as corridinhas que o governador fazia as margens do Lago Igapó, em Londrina.
Pressupõe-se que o código de barras “100% Beto Richa” significa, ou significaria, para o assessor da época, 100% de competência, de afinidade ideológica, capacidade política e administrativa, ou sabe-se mais o quê…
PublicidadeMas pelo que assistimos no primeiro governo e pelo andar da carruagem do início deste segundo, essa competência é somente para ex-assessores como “Tchello” ou para assessor, como Ezequias Moreira.
Em junho 19 de junho de 2013, o governador Beto Richa (PSDB-PR) nomeou Moreira para o cargo de secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais. Até aí, nada anormal.
Ocorre que o referido senhor, naquela ocasião, estava condenado por improbidade administrativa, respondia e ainda responde na Justiça pelo crime de desvio de dinheiro público.
Em matéria assinada pelos jornalistas Karlos Kohlbach e Euclides Lucas Garcia, publicada no dia 26/06/2013, com o título “Richa nomeia pivô do caso da sogra fantasma como secretário”, chama a atenção o seguinte fato: estava marcada para o dia seguinte à nomeação “uma audiência de instrução e julgamento do caso na 5ª Vara Criminal de Curitiba. Havia a possibilidade de que a sentença fosse proferida”, ou seja, seria mantida a acusação e Ezequias, definitivamente condenado.
Beto Richa (PSDB), o amigo 100%, veio em socorro de Ezequias e o nomeou secretário. Alçado à condição de secretário, ganhou foro privilegiado e o processo foi remetido ao Tribunal de Justiça.
Beto Richa foi deputado estadual (comigo), no período 1995-1998. E no período 1999-2000, quando renunciou para assumir a condição de vice-prefeito de Curitiba. Quando deputado estadual, já tinha Ezequias em conta.
Eleito prefeito de Curitiba trouxe-o para ser seu chefe de gabinete. Portanto, Ezequias deixa a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e vai para a prefeitura.
Ezequias foi para a prefeitura com o (100% amigo) Beto Richa, porém deixou a sogra, Verônica Durau, num cargo em comissão na Alep. Ocupou esse cargo por 11 anos, e ela mesmo admitiu que jamais trabalhou e mais, declarou também que os salários eram depositados na conta de Ezequias.
Quando tudo foi revelado, em 2007, e não tendo mais o que esconder, Ezequias admitiu publicamente que tinha desviado recursos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Pois bem, para proteger este (100% amigo) assessor, o governador do Paraná reconduziu, em 2014, ao cargo de secretário o senhor Ezequias Moreira.
Se Beto Richa fosse do PT, um ato imoral como este seria capa de Veja, Folha de S.Paulo, Época, Estadão e ganharia comentários raivosos dos fiúzas, mervais, jabores, etc. da vida e também ganharia alguns minutos de pesadas críticas, comandadas pelo William Bonner, no Jornal Nacional.
Mas como é do PSDB, está devidamente perdoado, protegido e louvado.
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