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Segundo reportagem veiculada no site da revista Veja deste fim de semana, Fayed conduzia o esquema de corrupção em Brasília, paralelamente ao que era comandado pelo também doleiro paranaense Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato – segundo a publicação, “parceiras pontuais” os uniam, e a estrutura do crime na capital federal servia como “espécie de sucursal do banco clandestino do operador do petrolão”. Também unia Fayed e Youssef a “ligação estreita” entre doleiros e políticos – e é aí que entra Maranhão.
Um dos negócios de Fayed consistia em vender títulos podres a fundos de pensão de servidores públicos, em esquema que desviou mais de R$ 50 milhões com a ajuda de políticos de alta patente – que, com sua influência, lançam mão da velha fórmula de cobrar propina para facilitar contratações fraudulentas na administração pública. Em uma dessas negociatas, Maranhão figura como intermediário de um “negócio” (aspas da revista) de R$ 6 milhões com a Prefeitura de Santa Luzia (MA).
“Com a ajuda do agora presidente da Câmara, a quadrilha vendeu títulos para o fundo de pensão dos servidores municipais. Em troca, o deputado recebeu 1% da operação: 60.000 reais. Um participante do esquema contou aos investigadores que uma parte da comissão, 10.000 reais, foi depositada na conta da mulher de Waldir Maranhão”, diz trecho da reportagem. A revista acrescenta que, segundo a testemunha, o pedido de propina foi feito pelo próprio deputado, que às vésperas do réveillon “precisava do dinheiro para pagar uma viagem para o Rio de Janeiro”.
Maranhão foi flagrado em diversas conversas com Fayed, “quando o esquema estava no auge”, e atua como se fosse um funcionário do doleiro, na interpretação de Veja. “Obediente, ele marca encontros de Fayed com prefeitos aliados, faz visitas a autoridades para resolver assuntos de interesse do esquema e atua como um diligente captador de novos negócios para a quadrilha”, registra outro trecho da reportagem.
Veja a transcrição de um dos diálogos, feito em 8 de novembro de 2012:
Publicidade08nov2012 15:27:20
O deputado Waldir Maranhão faz a aproximação do doleiro Fayed Traboulsi com o então prefeito eleito de Campo Grande (MS), Alcides Bernal, seu colega de partido. O doleiro estava interessado em fechar negócios com a prefeitura.
Doleiro – Fala, meu querido!
Deputado – Meu irmão!
Doleiro – Tudo bem, irmão?
Deputado – Veja só: o Bernal está em Brasília e deixei o Luís Carlos aí com a missão de levá-lo ao seu encontrou, viu?
Doleiro – Pois é, estou aguardando eles, inclusive. O Luís Carlos disse que tá com ele aí, né?
Deputado – Como eu vim para o Tocantins, eu tratei só por telefone, mas tá caminhando, viu?
Doleiro – Tá. Então eu fico no aguardo. Eles vêm agora à tarde, né
Deputado – É interessante a sua conversa.
Ouça os áudios e leia a íntegra da reportagem
Histórico
Como este site mostrou na última quinta-feira (5), Maranhão tem muitas outras preocupações além da relação com Fayed. Colocado no centro das atenções depois do afastamento de Eduardo Cunha, o parlamentar é alvo de três inquéritos no STF. Um deles (3989), por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha, é o inquérito-mãe da Lava Jato, que reúne dezenas de outros parlamentares. Maranhão foi apontado pelo doleiro Alberto Yousseff como um dos deputados do PP que recebiam recursos desviados da Petrobras.
Eleito vice-presidente da Câmara em fevereiro de 2015, Waldir Maranhão responde a outros dois inquéritos (3784 e 3787), ambos relatados pelo ministro Marco Aurélio Mello, também por lavagem de dinheiro. “É do meu interesse o célere esclarecimento dos fatos, desfazendo equívocos e contradições”, afirmou o deputado ao Congresso em Foco no ano passado.
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