A Universidade de Brasília decretou luto de três dias, a partir desta segunda-feira (25), pela morte do estudante de filosofia Jiwago Henrique de Jesus Miranda, de 33 anos. O corpo dele foi encontrado no sábado (23) em um matagal próximo do bloco J da Colina, o conjunto de moradias para estudantes e professores universitários, na Asa Norte.
Segundo as investigações preliminares da perícia, o estudante teria sido morto com pedradas na cabeça. A principal hipótese, até o momento, é de homicídio. Os motivos ainda estão sendo apurados.
Nas redes sociais e na universidade, colegas lamentam a morte do estudante, que era conhecido da comunidade acadêmica. Segundo relatos dos alunos que conviveram com ele, Jiwago era inteligente, falava cinco idiomas e era educado e talentoso.
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“Sempre me lembrarei do cara sagaz, de inteligência fora da curva, de raciocínio rápido, que tinha um sorriso cativante, pessoa leal, real, do bem”, escreveu uma colega na página de Jiwago em uma rede social.
O estudante frequentou a universidade por pelo menos nove anos. Anteriormente, já havia cursado Ciências Sociais, curso que foi desligado em 2007 por não cumprir as condições acadêmicas obrigatórias para a permanência, segundo a UnB. Reingressou na universidade em 2009, para o curso de licenciatura em Filosofia.
Ele se referia à UnB como “mãe”.
Diagnosticado com esquizofrenia e bipolaridade, o estudante já foi internado por transtornos mentais e recentemente havia deixado a medicação. Algumas pessoas que conviviam com ele disseram que ele andava agressivo nas últimas semanas possivelmente por causa da falta de remédios.
Segundo a universidade, o aluno recebia auxílio socioeconômico e acompanhamento psicossocial. Em diferentes épocas, ele recebeu os seguintes auxílios: auxílio moradia (na modalidade pecúnia), auxílio socioeconômico e refeições gratuitas no Restaurante Universitário. Ainda de acordo com a UnB, os auxílios foram sendo cancelados por causa do tempo de permanência no Programa de Assistência Estudantil. Em fevereiro desde ano, Jiwago deixou de receber o auxílio socioeconômico, ficando apenas com o acesso ao RU.
Em junho deste ano, ainda segundo a UnB, Jiwago passou a apresentar comportamento agressivo, “tendo ofendido e ameaçado servidoras e funcionárias terceirizadas que atuam no Restaurante”. Uma delas chegou a registrar queixa na Polícia. Por causa disso, estava suspenso do RU desde o dia 14.
A universidade também afirmou, em nota, que Jiwago vivia em situação de rua há pelo menos dois anos. Recebia acompanhamento dos psicólogos da UnB e, entre abril e maio, recebeu da equipe o medicamento que ele precisava tomar diariamente (e que havia sido prescrito pelo serviço de saúde).
Ao longo dos anos, ainda de acordo com a UnB, o estudante foi diversas vezes levado ao CAPS Transtorno, da Asa Norte, ao CAPS Álcool e Drogas, do Setor Comercial Sul, ao Hospital de Pronto Atendimento Psiquiátrico (HPAP) e ao Hospital Universitário de Brasília (HUB). Recentemente, devido às condições sociais e de saúde de Jiwago, a equipe que o atendia recomendou que ele fosse recebido pela emergência do HUB. Ele não procurou o atendimento.
A UnB também disse, em nota, que está prestando assistência aos amigos e familiares do estudante.
De acordo com o site Metropoles, o estudante tem dois processos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Em um deles, respondia por violência doméstica e, no outro, por furto.
O velório de Jiwago está marcado para às 13h desta segunda-feira, no Cemitério Campo da Boa Esperança da Asa Sul. O enterro será às 16h.
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