A vice-presidenta da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), quer que a instituição adote um posicionamento formal sobre as denúncias de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira mantinha sob monitoramento constante os telefones e outros dados de deputados e outros políticos, especialmente integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF). A partir das investigações da Polícia Federal dentro da Operação Monte Carlo, descobriu-se que os integrantes da quadrilha de Cachoeira mantinham grampeados diversos parlamentares. Para Rose de Freitas, essa situação, ao atingir o sigilo de deputados, atinge também a Câmara como instituição. E, por isso, exige uma reação.
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De acordo com as investigações, os grampos eram ordenados pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ao araponga Idalberto Matias, o Dadá, sargento da reserva da Aeronáutica. De acordo com a revista Istoé, Dadá é apontado pela Polícia Federal como o principal articulador de uma ampla rede de gravações clandestinas que vem assombrando Brasília há pelo menos uma década. Ele foi uma das pessoas presas pela Operação Monte Carlo no mês passado.
Em um desdobramento da Monte Carlo, de acordo com a revista Veja desta semana, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), teria decidido investigar acusadores, adversários políticos e até aliados. Entre as pessoas que supostamente tiveram os dados acessados estão o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), o jornalista Edson Sombra e o promotor de Justiça Wilton Queiroz de Lima.
“A Câmara deve tomar uma posição sobre isso, nesse caso [de Filippelli e de Francischini) e nos outros”, afirmou a peemedebista. Ao classificar a situação como “insuportável”, Rose de Freitas avaliou que a invasão do sigilo telefônico no Brasil tornou-se uma coisa banal, o que não se pode admitir. “Isso é uma vergonha, porque sabemos que as informações obtidas são usadas para chantagem”, disparou.
O porta-voz do GDF, Ugo Braga, negou que qualquer investigação envolvendo o nome do vice-governador tenha sido realizada pela Casa Militar. Mas admitiu que, de fato, foram acessados dados de Francischini e de Sombra. A justificativa, segundo ele, foi a existência de ameaças ao governador e a seus familiares. Sombra é crítico da administração Agnelo e aliado de Durval Barbosa, delator do esquema da Caixa da Pandora, o mensalão do DEM, comandado pelo ex-governador do DF José Roberto Arruda. Já o deputado tucano chegou a pedir a prisão do petista recentemente.
Investigação
Apesar de ainda não ter assinado o requerimento de criação da CPMI do Cachoeira, Rose de Freitas acredita que o Congresso deve apurar as denúncias. Para ser criada, a CPMI precisa alcançar 198 assinaturas – 171 de deputados e 27 de senadores. O passo seguinte é a leitura do pedido em sessão do Congresso. Como o presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), está internado em São Paulo após cirurgia em uma artéria do coração, Rose é que ficaria, como vice-presidenta do Congresso, responsável pela criação do colegiado na sua ausência.
Porém, Rose prefere que essa missão fique nas mãos de Sarney. O peemedebista só deve retonar aos trabalhos no Senado na próxima semana. “Porém, se a tramitação exigir, lerei o requerimento”, adiantou. Para ela, é preciso criar e instalar a comissão para “investigar os fatos”. “O problema é o ritmo da Casa, que pode gerar uma protelação natural”, completou.
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