João Carlos Feichas Martins*
Continuidade nos Estados Unidos, com Barack Obama reeleito, continuidade no Brasil, com Dilma Rousseff em 2014. Esse é o raciocínio que pode ser aplicado em qualquer análise sobre os reflexos da eleição presidencial nos Estados Unidos em relação ao Brasil.
Alinhamentos automáticos entre Brasília e Washington foram substituídos, nas últimas décadas, por alinhamentos convenientes, e esses recomendam que Obama e Dilma continuem o atual diálogo entre os dois países, que envolve 25 áreas de cooperação, com atritos isolados na área comercial – onde a balança é desfavorável ao Brasil, que importa US$ 24 bilhões e vende US$ 20,6 bilhões – e crescentes pontos de convergência na área econômica e tecnológica, em especial no campo energético, onde se destacam o petróleo e o etanol.
No campo cultural, se estreita o intercâmbio entre os dois países, com a troca de estudantes, pelo projeto acadêmico Ciência Sem Fronteiras e a isenção de vistos para os turistas nos dois países. Não é pouco progresso, diante do antigo ranço que despertava o antiamericanismo no Brasil e da fria receptividade de Washington aos primeiros meses da posse da Presidente Dilma.
A população dos Estados Unidos, como as populações da maioria dos países, tem experimentado situações que, com o advento da internet, das redes sociais e de toda a parafernália tecnológica da float information global, contribuem para a derrubada de barreiras culturais e idiossincrasias que aproximam os povos e chegam até mesmo a eliminar virtualmente fronteiras físicas e políticas que os separam, colocando em reavaliação o próprio conceito de soberania, consolidado ao longo da evolução do Estado.
Os Estados Unidos, potência hegemônica, mas sujeitos às intempéries da crise financeira mundial, se defrontam com o poder crescente da China e executa sua agenda de política externa invasiva em todos os continentes, procurando garantia de suprimentos energéticos e matérias-primas estratégicas. Os povos do mundo inteiro hoje assimilam esse jogo do poder mundial, que distingue globalizadores e globalizados, mas que torna todos os países interdependentes pela economia.
PublicidadeOs norte-americanos demonstram hoje, após os atentados terroristas ao país, maior consciência sobre as suas vulnerabilidades e a necessidade de comunicação, cooperação e intercâmbio com os demais povos, sem preconceitos ou critérios de supremacia política ou cultural. Isso inclui o Brasil e demais países da América Latina, com raras exceções.
*Jornalista, Cientista Político, Professor Universitário e Consultor Político. Autor do Manual de Campanha Eleitoral, da Editora Forense, entre outras obras. Edita o blog “Política Com Feichas Martins” . Atual Secretário-Geral da Federal Nacional de Imprensa -Fenai
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