Rodolfo Torres*
O clima chuvoso e nublado da capital federal neste mês de janeiro também convida ao Cine Brasília, entre os dias 12 e 15 de janeiro, para assistir à mostra De Bergman ao moderno cinema sueco. A entrada é franca. Fruto da parceria entre a Embaixada da Suécia e a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, a iniciativa é mais uma prova de que não é preciso muita coisa para abrir as janelas do mundo aos brasilienses. Com um monte de representações diplomáticas instaladas por aqui, basta apenas e tão somente vontade para fazer mostras e mais mostras de cinema.
Tomara que outras embaixadas se inspirem no exemplo (Argentina, Canadá, Dinamarca, Itália, Japão, México, etc) e também exponham suas fitas para o público. Será bom para todos. Os caras devem ter material cinematográfico suficiente para transformar Brasília na capital das mostras de cinema de arte…
Em relação a essa mostra de cinema sueco em particular, será interessante ver a produção atual daquele povo. Mas a maior parte de minha animação está na possibilidade de ver Bergman na tela de cinema pela primeira vez. Até então, meu contato com seus filmes foram por meio de vídeos locadoras e pelo YouTube.
Aliás, procuro há mais de dois anos pela internet uma entrevista em preto e branco na qual dois jovens cineastas rasgam elogios um ao outro: Ingmar Bergman e Federico Fellini. Até procurei num site especializado um pôster dessa entrevista para emoldurar e pregá-lo na parede. Com sorte, encontrarei algo.
Talvez, uma das maiores virtudes de Bergman enquanto diretor de cinema está na sua capacidade de transformar tristeza em beleza, desespero em suavidade. Por essas e por outras, desaconselho seus filmes para os domingos à noite, quando a melancolia se anuncia com mais firmeza entre nós.
E, antes de passar a programação, deixo um pequeno trecho de uma crônica que escrevi no dia da morte de Bergman, em julho de 2007. “O mundo perdeu um dos seus grandes homens nessa segunda. E obras com o conflito psicológico de uma Sonata de outono (se não me engano, o filme foi gravado inteiramente em uma sala, com uma marcação de personagens bem próxima ao do teatro); Morangos silvestres (onde a atmosfera de sonho produz relógios sem ponteiros e visitas saudosas aos amores juvenis), e Fanny & Alexander (a rigidez na educação de um garoto que, mais tarde, encantaria o mundo com uma tal de lanterna mágica) encontrarão na posteridade seu devido lugar”.
PublicidadeProgramação
Quinta-feira (12 de janeiro)
19h30 – O Sétimo selo (1957). Direção: Ingmar Bergman
21h30 – Metropia (2009). Direção: Tarik Saleh
Sexta-feira (13 de janeiro)
17h30 – Jalla Jalla (2000). Direção: Josef Fares
19h30 – A fonte da donzela (1960). Direção: Ingmar Bergman
21h30 – Corações em conflito (2009). Direção: Lukas Moodysson
Sábado (14 de janeiro)
17h30 – Gritos e sussurros (1972). Direção: Ingmar Bergman
19h30 – Deixa Ela Entrar (2008). Direção: Tomas Alfredsson
21h30 – Os Homens que não amavam as mulheres (2009). Direção: Nils Oplev
Domingo (15 de janeiro)
17h30 – Morangos silvestres (1957). Direção: Ingmar Bergman
19h30 – Patrik 1,5 (2008). Direção: Ella Lemhagen
21h30 – Vocês os vivos (2007). Direção: Roy Andersson
*Rodolfo Torres é jornalista
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