Cíntia Santiago e Rafaele Rego *
Cargos e salários atraentes já não são mais condições irrefutáveis para manter um profissional na iniciativa privada. A estabilidade e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho para os já não tão jovens são motores propulsores para quem resolve largar tudo e estudar para concursos públicos. É o caso da paraibana Luciana Lopes. Aos 42 anos, a analista judiciária trabalha há mais de cinco no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Para chegar onde está, Luciana tomou uma importante decisão em 2003: largar um excelente emprego como gerente de configuração de softwares numa grande empresa de tecnologia do Rio de Janeiro para se dedicar, exclusivamente, à preparação e aos estudos para concursos públicos.
Como virar concurseiro depois dos 40 anos
Luciana conta que foi uma decisão difícil porque, além de trabalhar na empresa há quase três anos, ela ocupava um ótimo cargo e recebeu propostas de redução da jornada de trabalho e de aumento de salário para desistir de deixar o emprego e embarcar numa “loucura”, como classificaram seus antigos gestores. A analista judiciária afirma que a influência da irmã, que é funcionária pública desde 1994, foi fundamental. “Ela sempre disse que a estabilidade proporcionada pelo serviço público era impagável”, revela Luciana.
Leia também
Mas nem tudo foi tranquilo para Luciana no começo da sua preparação. O incentivo inicial da família e dos amigos, com o passar dos meses, se transformou em cobranças, desde as mais leves até aquelas que exigiam atenção e presença da analista nas costumeiras festas, passeios e viagens, nos quais ela sempre esteve presente. “Foi difícil convencer os mais próximos de que eu não estava disponível para farras. No final, os colegas dos cursinhos foram os que mais me apoiaram – junto com minha irmã e alguns familiares -, e eles se tornaram grandes e estimados amigos até hoje”, reconhece.
Companhia da solidão
Ela revela que foi complicado no começo entender algumas matérias, principalmente as de Direito. “Lidar com a solidão também foi difícil, estudar é uma tarefa solitária, eu sempre fui das ‘festas, viagens e encontros’, e ter de dizer não aos convites, por tempo indeterminado, foi péssimo”, lembra a ex-concurseira, que prestou mais de dez concursos em vários estados e passou em mais dois processos seletivos além do STJ: Ministério Público da União (MPU) e Controladoria-Geral da União (CGU).
Para quem deseja largar o emprego e se dedicar aos concursos públicos, vale a pena seguir as dicas de Luciana Lopes. A analista traçou um planejamento de estudos que pode ser útil para muito concurseiro. Confira:
Depois de muito empenho e estudo, Luciana hoje se diz realizada com o cargo que exerce. “Não me arrependo de nada, nem quando tenho que trabalhar nos recessos”, brinca a analista afirmando se sentir segura, útil, tranquila e realizada no que faz hoje. Ela faz questão de salientar que, com paciência, dedicação, partilha, perseverança e muito foco nos estudos, qualquer pessoa pode conquistar um bom cargo público. “E é essencial também ter muito apoio nesse momento”, finaliza.
* Especial para o SOS Concurseiro/Congresso em Foco
Deixe um comentário