“Assustado” com o que viu em suas duas primeiras semanas na Câmara, diz que vai falar aos colegas em seu primeiro discurso que eles são vistos como “ratos” pela população. Sem papas na língua, o músico também dispara contra o “sertanejo universitário”. “Mas um dia eles se formam e vão embora”, brinca. “De 5 mil duplas, 4.900 não valem nada. É a cultura do povo”, resigna-se. Veja a íntegra da entrevista de Sérgio Reis ao Congresso em Foco:
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Congresso em Foco – Quais são suas primeiras impressões na chegada à Câmara?
Sérgio Reis – É um pouco assustador. É muita gente falando junto. Acho isso uma baita falta de respeito, cada um tem o direito de falar. Quer conversar? Vem aqui no boteco. É preciso ficar prestando uma maldita atenção nesse microfone, porque não se consegue ouvir ninguém falar. Às vezes, o deputado está falando uma coisa importante, e os caras estão ali na frente conversando, rindo, dando tapa nas costas. Isso pra mim não vale, não gosto disso. Não acho justo. Acho isso errado. Eu venho aqui para trabalhar, para fazer projetos, para ver o que o outro está fazendo, se é bom aprovar ou não aprovar. Enfim, é muita distância da verdade, porque se eu venho à Mesa falar de projetos, os caras não estão nem aí. Não sabem se o projeto é bom ou se é ruim, nem ouvem. Acho isso uma baita falta de educação.
O dia da posse foi a primeira vez que o senhor veio à Câmara?
Primeira vez. E digo a você que é bom, não é ruim… Os projetos e as discussões são interessantes. Mas é muito misturado. É partido daqui, partido de lá, um que briga de lá, outro briga de cá. Aí o partido pequeno acha ruim, porque não pôde votar… Democracia nenhuma. Como eu digo, não tem democracia neste país. Por exemplo, na campanha política, não pude falar na televisão, porque eu era candidato do PRB, e nós tínhamos um tempo mínimo para falar – acho que eram dez ou 20 segundos. Nós deixamos tudo para o Celso Russomano falar. Eu mesmo tenho parentes que nem sabiam que eu era candidato. Mesmo assim, tive 45 mil votos, e o Celso Russomano foi para mais de 1,5 milhão de votos, e trouxe mais oito [deputados] com ele. Isso não precisa acontecer – tem democracia? O PT fala dez minutos, PMDB fala dez, PRB, dez. Enfim, todos, inclusive os partidos pequenos, têm de falar o mesmo tempo. Aí eu falo que é uma democracia. Fora isso, não acredito.
Como o senhor pretende alterar essa ordem de coisas, aprovar seus projetos e se impor como parlamentar?
Bom… Pelo que estou vendo aqui, vai ser difícil. Está difícil a coisa…
Mas o senhor, como parlamentar legitimamente eleito, tem os mesmos direitos que o presidente da Câmara, por exemplo…
Eu sei, tudo bem… Mas eu entro com um projeto, e ele tem que ir pra lá, tem que voltar… Estamos agora votando o negócio da grana a que a gente tem direito, de R$ 14 ou R$ 15 milhões [emendas individuais do orçamento impositivo]. Pode ser que o governo dê, pode ser que não dê. Acho que isso tem de ser obrigatório, porque eu vim aqui para cuidar de saúde e, se o governo não me dá [a verba], eu vim fazer o quê aqui? Aí vou ficar ouvindo: “Você foi lá e não fez nada”. Não! Eu fiz, o governo é que não deixa fazer; a oposição é que não deixa fazer. Isso está errado.
Como o senhor vê essa guerra entre governo e oposição? Como o senhor se posiciona nesse tiroteio?
Política é isso. Cria certos dilemas, como vocês viram aí, com o problema da Petrobras. Quanto dinheiro – isso está sendo apresentado aí – foi para campanhas do PT? É uma coisa desnivelada. Tem candidato que não tem dinheiro nem para pegar uma condução. Cortaram o show dos artistas nos comícios, porque dava muito gasto. E aí eles entram na Petrobras, pegam o querem lá e fazem a campanha. Isso não está certo.
Embora seja de um partido aliado, o senhor assinou a nova CPI da Petrobras…
Assinei o pedido da CPI.
Por ter assinado, o senhor recebeu algum tipo de reclamação por parte de seu partido?
Não, não teve. Até porque, se reclamar, eu pego as minhas trouxas e vou embora. Eu não vim aqui para mexer com partido, vim para defender meu povo. Tenho 55 anos de carreira e de caráter. Eu não vou me misturar nesses acordos, que não me interessam. Não vou e acabou. Não é possível que peguem esses bilhões da gente, dinheiro meu, teu… Não adianta por a Graça Foster e outros para fora [da Petrobras], trocar o presidente, e daí? Eu quero saber cadê o dinheiro! Quero saber se eles vão para a cadeia, porque alguém roubou. Não fui eu. Isso não pode ficar assim. Tem de ter CPI e pegar pesado. Isso é o que vamos fazer.
Além da saúde, o senhor também disse que defenderá a causa dos aposentados…
Outro problema. Vixe! Os aposentados…
O senhor vai combater questões como fator previdenciário, que reduz benefícios? O que o senhor fará nesse sentido?
Não conseguem derrubar. O governo não deixa. Não sei… Temos de fazer um mutirão. Pegar e aposentar esse povo. Porque justamente quando a pessoa fica velha, sem forças para trabalhar, ela fica doente, e não tem dinheiro para comprar nem um remédio. Isso é um crime que o governo está fazendo com os aposentados. Se eu fosse depender da minha aposentadoria, porque eu tenho dois salários, eu não compraria os remédios que tomo. Graças a Deus eu sou o Sérgio Reis, canto, ganho o meu dinheiro. Mas… pôxa, pelo amor de Deus! Tem gente que não tem dinheiro. O Fernando Haddad [prefeito de São Paulo] pôs lá bolsa para homossexuais. Legal, muitos deles necessitam. É a vida deles, não tenho preconceito. Mas e o que vai ser dos outros? Dos que moram debaixo da ponte? Têm de dar bolsa para eles. Tem gente que não tem dinheiro para pegar ônibus e procurar emprego. Não sai da periferia porque não tem dinheiro para ir e voltar. O país precisa modificar isso.
De que maneira o senhor pretende conciliar com o mandato com a carreira artística?
Quinta-feira a gente encerra os trabalhos aqui. Brasília tem avião para todo lado. Sexta, sábado e domingo está muito bom. Faço uma média de dez a 12 shows por mês, e pretendo continuar com essa média. Nesta época, não tem muito show. Mas depois a coisa pega. A gente chega morto, mas chega. O sacrifício tem de haver. Se quisesse moleza, eu ficava em casa cantando para os passarinhos. Mas tem de separar bem as coisas, não pode misturar.
Seu público vai ver com bons olhos sua participação na política?
Ninguém queria que eu entrasse nessa. Meus filhos não votaram em mim. Preciso falar mais alguma coisa? Diziam: não tem de ir pra lá, tem de cuidar da sua carreira. Mas quero dar um troco para esse povo que me aguenta há 55 anos e meu deu tudo o que tenho. Por que não posso sacrificar quatro anos da minha vida? Como cidadão brasileiro, vendo todas essas falcatruas que esse povo faz, vim para saber como é que é. Estou aprendendo, sou novinho aqui ainda. Estou há duas semanas. Tenho quatro anos pela frente. Aí vou tomar noção real de como é isso aqui. Quando entrar com projeto, e não tenho pressa pra isso, vou saber como a coisa vai funcionar.
Como será seu primeiro discurso?
Vou falar que precisa moralizar esta Casa, que é uma vergonha o que ouvi. Diziam: “Sérgio Reis, continua puritano, não vai no meio daqueles ratos”. Vocês são chamados de ratos e bandidos, tudo quanto é nome. Não pode generalizar, nem todos são assim, mas o povo não quer saber. É deputado federal, é Câmara? Não presta. Só tem ladrão. Por que dizem isso?Veem que está todo mundo roubando e ninguém toma providência, ninguém vai para a cadeia. Vai para a cadeia o cara que é laranja, o que fez a desgraça está aí solto ou em prisão domiciliar. Não somos tontos. Ou vamos botar todo mundo nariz vermelho de palhaço. Em 15 de março a coisa vai ficar feia com a manifestação pelo impeachment. Mas tem de ter.
Tem de ter a manifestação ou o impeachment?
Tem de ter o impeachment, não podemos mais ficar assim. Tem de ter impeachment e dar satisfação sobre o que fizeram com o dinheiro. Esse pessoal está quebrando o Brasil. Esse povo não é dono do país. Este país é do povo que trabalha.
Mas o senhor acha que há elementos para o impeachment? Até lideranças da oposição dizem que ainda não há…
O que você acha? Um dia uma repórter me perguntou se eu era a favor do aborto. Perguntei a ela se ficasse grávida de um estupro teria o filho do bandido ou abortaria. Ela ficou muda. Você vai tirar. Tem de tirar. Aquele caso de criança com problema de anencefalia, aí é questão de pai ou mãe resolver. A mulher estuprada fica um drama, tem o medo de ter Aids, é uma loucura, um trauma para o resto da vida. Tem de pegar esses caras e capar para começar. Não tem de ter moleza. A lei aqui é muito branda. Nos Estados Unidos, um moleque de 14 anos vai para a prisão perpétua. Aqui ele vai matando todo mundo, ninguém fala nada.
O senhor é a favor da redução da maioridade penal?
É a primeira coisa que tem de ser feita.O senhor pretende propor alguma coisa nesse sentido?
Estou esperando pra ver pra onde vai o barco.
No caso do impeachment há indícios de que Dilma tinha conhecimento ou participação nas irregularidades? O governo diz que não tem…
Ela foi presidente do conselho da Petrobras. Se ela não sabe de nada, se o Lula não sabe de nada, que mudem de emprego. São incompetentes. Se você não controla sua casa, muda, vai pra outra.
O governo alega que isso seria um golpe. O senhor concorda?
Não sei. Se tiver impeachment, não é culpa do povo. Eles que criaram a situação. O PT que criou essa situação delicada para o Brasil. Não queremos bagunça no país, não queremos tirar a presidente, mas queremos paz. Do jeito que está, não conseguimos. O país está assustado. Os nossos deputados estão assustados. Todos dizem que este ano vai ser duro por causa desses acontecimentos financeiros. É uma coisa pesada. O impeachment é pesado. Estão querendo fazer no dia 15 de março um levante nacional. Tenho medo de virar violência. Isso vira guerra, não é bom.
O senhor não teme ser repreendido pelo PRB por causa dessa sua posição? O partido participa do governo.
Não sei. Não tenho problema algum. Se vierem, resolvo. Se eu tiver medo de falar as coisas, largo e vou cantar. Cada um tem sua posição. A gente deve obediência ao partido, ao líder e aos companheiros, mas alguns têm suas opiniões. Não tem problema.
As denúncias de irregularidade da Petrobras vêm ainda de governos anteriores, inclusive Fernando Henrique Cardoso (PSDB)…
Se formos prender todo corrupto que roubou este país, vão ter de esvaziar o plenário e os palácios. Vai tudo pra cadeia. O povo sabe disso, por isso não aguenta mais e quer o impeachment.
O senhor votou na Dilma?
Não, mas sou amigo dela, conheço o irmão dela, o Igor, que mora em Minas. Lula foi sempre meu fã. Tem todos os meus discos, me recebe muito bem. É um amigo, mas misturar amizade com trabalho não dá certo. Você não pode se juntar a uma pessoa só por ser amigo dela. Se ele está errado, tem de aguentar o peso.
O Brasil de hoje não é melhor do que o do início de sua carreira?
Pior. Antigamente não tinha essa roubalheira.
Mas não era porque não havia tanta investigação, mecanismos de controle e fiscalização?
Ninguém no mundo roubou tanto quanto esses caras da Petrobras. É o maior rombo do planeta. Preciso falar mais alguma coisa?
Em quem o senhor votou para presidente?
Votei no Aécio Neves nos dois turnos. Conheço o Aécio. Fiz duas campanhas para ele no governo de Minas Gerais. É um político por natureza, pelo tio, pelo pai e pelo avô. É jovem. Naturalmente, viria com boas intenções. Mas não conseguiu ganhar. Todos têm direito de competir. Nesse travamento, Dilma ganhou. Ela vai exercer o seu mandato. Mas, se vier o impeachment, este país vai virar do avesso. Não é só tirar a Dilma de lá, tem de esclarecer tudo o que foi feito.
O eventual impeachment abriria caminho para o PMDB…
Não importa se é o PMDB, o PV, que vai chegar ao poder. Tem de chegar gente decente. Tem de parar com esse negócio de partido. Partido é chato, é ruim. Todo mundo quer mandar, quer pegar pra si. Vamos votar pra presidente em quem não tem partido nenhum. Isso é democracia. Nos Estados Unidos tem de sair atrás do povo para votar porque ninguém é obrigado a votar. Faz isso aqui, não vai ninguém. Ninguém aguenta mais essa política.
Como surgiu a ideia de ir para o PRB?
Sou amigo do Celso Russomanno, porque somos da televisão. Ele me convidou para sair a deputado federal: “Vamos juntos. Vamos criar uma força boa, fazer o partido crescer”.
O senhor já era filiado?
Aí me filiei ao PRB. Nunca fui filiado a nada, só à minha mulher, que é bonita.
O PRB é ligado a Igreja Universal do Reino de Deus. O senhor tem alguma ligação com a igreja?
Edir Macedo, que é o líder da Universal, proibiu qualquer pastor, em qualquer templo deles, de falar de política, de pedir voto para candidato. É proibido pastor falar de política em culto. Achei isso de muita decência e coerência. Se nós ganhamos os votos, foi à custa do nosso trabalho e da nossa imagem. Não tivemos ajuda de igreja alguma. Se tivéssemos, seria covardia.
Como o senhor está vendo a crise hídrica em São Paulo? Qual a responsabilidade do governador Geraldo Alckmin na falta d’água?
O problema da água é um caos. O governo falhou, é lógico. Não é culpa do governador, mas de quem ele botou neste setor para trabalhar. “Botei você na Sabesp e você não vê isso? Sou o Alckmin, tenho que estar no Palácio [dos Bandeirantes] cuidando de muitas coisas.” Agora sobra tudo para o governador? Como ele vai controlar isso tudo? Pode ter um pouco de culpa, porque não fiscalizou. Tem de fiscalizar a pessoa que botou lá. Agora aguenta. Vai fazer poço artesiano, mas vai demorar. Para ficar bem das pernas, se chover muito, São Paulo vai precisar de quatro ou cinco anos.
O senhor aprova a gestão dele mesmo assim?
Sou amigo do Alckmin, em alguns setores ele é excelente. Faço parte do Hospital do Câncer de Barretos (SP). O SUS manda dinheiro, só que a gente atende 4 mil pessoas todo dia, gente do Brasil todo. A saúde é um caos no Brasil, uma tristeza absoluta. Tem pessoas doentes que vêm de Rondônia até Barretos, após três dias de viagem. Reformamos uma ala do hospital, temos carreta, trio-elétrico, que atende mulheres com Papanicolau, mamógrafo, exames preventivos.
Aposentados e saúde são suas prioridades no Congresso. E na parte cultural, o que tem de mudar?
Tem de começar desde criancinha. Tem de ter professores que ensinem não só o básico. O Lula fez uma lei que obriga a passarem o aluno, que não pode repetir. Um filho do meu caseiro não sabe escrever o nome e está na quarta série. No meu tempo, se o aluno repetia, tinha de repetir mesmo.
O que o senhor acha da Lei Rouanet?
A Lei Rouanet só poderia ser aprovada para grandes espetáculos, teatro, balé, escolas. Show, que o artista faz um na vida e outro na morte, é difícil. Mas primeiro temos de começar lá atrás. Noventa por cento das empresas não têm a documentação perfeita. São tantos impostos que, se não der um tapa nesses impostos, a empresa quebra. A culpa é do governo. São raras as empresas que pagam direitinho o imposto e podem aderir à Lei Rouanet. É uma minoria. O pessoal de teatro reclama muito que não tem verba e trabalha demais. Depende de dez patrocinadores, um dá hotel, outro restaurante. É muito difícil fazer cultura no país. Temos de aprender muito.
A música que o senhor representa está desvirtuada hoje em dia, com o chamado sertanejo universitário?
Mas um dia eles se formam e vão embora (risos).
Mas eles podem fazer pós-graduação…
Fazem, mas só uns dois ou três sabem cantar. De 5 mil duplas, 4.900 não valem nada. É a cultura do povo. A cultura do Rio gosta do funk. A Anita é bonitinha cantando. Está ganhando dinheiro. Que bom, é gente pobre do Rio que aprende a cantar e se destaca. Se chegassem para o Sérgio Reis e dissessem que tinham uma musica pra eu gravar – “Ai se eu te pego” –, eu ia dizer: vai pra lá! Agora o menino está na Europa cantando e ganhando em euro.
Esse som incomoda o senhor?
Nada! Ouço, porque preciso saber o que está acontecendo. De algumas eu gosto, de outras não. O artista mais famoso e conhecido deste país chama-se Amado Batista, ninguém é tão conhecido quanto ele, nem Roberto Carlos. As pessoas compram. Tanto que ele tem 26 mil vacas hoje no pasto. Está pobre? Trabalha muito. Esses dias levou uma pedrada na casa. Foi fazer três, quatro shows num dia, não deu certo. Liguei pra ele pra saber como estava. Uma pessoa maravilhosa, com aquela voz limitadinha dele. Mas ele tem o cheiro e o gosto do povo. Lembra do Reginaldo Rossi? Era terrível, uma vez ele foi ao Jô Soares, e quebrou ele. Não deixou o Jô falar. Era professor universitário de física. São artistas que a gente não pode discutir o valor. Pode não ter tanto valor para nós, mas para quem tem menos cultura, está acostumado com aquele som, é um prato cheio.
O senhor chegou a dizer, antes de tomar posse, que abriria mão de benefícios na Câmara, como o aluguel de carro e contratação de motorista. O senhor recusou o benefício?
Por mim, traria meus carros blindados pra cá. Mas é mais fácil ter o carro daqui com o motorista daqui, que conhece a cidade. Brasília é pequena, mas pra quem não conhece é grande. Vou morar em apart-hotel, se fosse morar em apartamento funcional, teria de contratar empregada, cozinheira. Minha esposa está aqui, mas vai continuar em São Paulo.
O senhor ficou decepcionado com o que encontrou no Congresso?
Esperava mais calma, mas aqui não dá pra ter clama. Um está falando, o outro grita. Vieram aqui para guerrear, brigar, não sabem esperar a vez.
O senhor vai ser sempre fiel nas votações à orientação do seu partido?
Sempre que for uma coisa coerente, que o partido não queira, vou junto com o partido. No caso do impeachment não abro mão. Morreu aí.
O senhor participará de alguma manifestação?
Não. É coisa pra jovem, pra quem não tem que fazer na vida. Vai ter manifestação dia 15 de março em todas as cidades, nas capitais. Se isso acontecer, se prepare.
Na legislatura passada, alguns parlamentares “celebridades” se sobressaíram, como Romário, Jean Wyllys e Tiririca. Nessa condição, o senhor se sente obrigado a se destacar?
Tem de corresponder. Fazer uma coisa boa para o povo. Estou cantando de cantar para as Apaes e Santas Casas, que estão quebrando. O dinheiro das emendas vou destinar R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões para o Hospital do Câncer em Barretos. Em Mariporã, onde moro, o prefeito é médico. La não tem hospital. Dei uma carona para uma senhora que estava levando a neta com 40 graus de febre porque não tinha médico no posto de saúde. Perguntei por que não levou a sua neta para a prefeitura e pôs em cima da mesa dele e disse: se ela morrer, eu te mato. Ele vai acordar para a vida. Eu falei pra ele que estava agindo errado, falei pra ele largar a prefeitura de manhã, vem às 7h da manhã para o posto de saúde. Depois do almoço vai para a prefeitura. Vai esquecer do povo? Primeiro, a medicina, a saúde do seu povo, depois você vai cuidar da prefeitura. Ele disse que iria. A gente tem de ter braço forte. Isso é no Brasil inteiro. Ninguém conhece o Brasil como eu. Só nunca fui a Fernando de Noronha. Conheço 800 municípios só de Minas Gerais. Alguns já fui dez vezes. Conheço mais que o Aécio Neves. Sempre vem gente pedir coisa.
O senhor enfrentou problemas de saúde, recentemente…
Operei o cérebro correu tudo bem. Tive um AVC indo para Belo Horizonte. Ano retrasado caí do palco em Três Marias, Minas, trinquei nove vértebras, quebrei oito costelas, perfurei o pulmão direito, trinquei o ombro direito e luxei o joelho esquerdo. Noventa dias em casa sentado, não dava para sentar. Dormia no sofá. Foi muito triste. Mas graças a Deus já estou trabalhando. É muito triste ir a uma cidade e ver as pessoas empobrecendo e morrendo porque não tem hospital. Tem hospitais que não têm tomografia. Tem de levar o cara para fazer exame em outra cidade, e ele morre no caminho. Estão sendo tratados como cachorros. Não adianta Lula e Dilma falarem que fizeram isso ou aquilo na saúde. Fizeram muito pouco.
Mas o Bolsa Família, por exemplo, não é um benefício que ajuda milhões de famílias a terem algum dinheiro em casa?
Um amigo meu fechou uma fabrica de sandálias tipo Havaianas porque ninguém mais queria trabalhar. Se eu trabalhar, perco a bolsa. Um outro amigo, no Ceará, disse que teve dificuldade louca pra registrar uma senhora que trabalhava no mercado dele. Ela não queria ser registrada pra não perder o Bolsa Família. Isso virou vagabundagem terrível.
Mas não ajuda os mais pobres?
Ajuda o quê? Meu amigo tinha mais de 60 funcionários. Teve de fechar a empresa. Muitos dos funcionários que perderam o emprego não tinham o Bolsa Família.
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