Istoé
Um mensaleiro na parede
Investigação secreta da Câmara dos Deputados, revelada em primeira mão por ISTOÉ, atesta a ilegalidade de contratos firmados pelo deputado João Paulo Cunha e deve comprometer as ambições políticas de um dos pivôs do caso do Mensalão.
O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) transita pelos corredores do Congresso com uma desenvoltura que não revela o peso das acusações que ele carrega sobre os ombros. Prestigiado pelo PT, o parlamentar é homem das articulações e se acha em condições de traçar planos eleitorais ambiciosos. Conta até com o aval do ex-presidente Lula para realizar o antigo sonho de tornar-se prefeito de Osasco, seu berço político. A caminhada de João Paulo tem pela frente, porém, a sombra do processo do Mensalão, que será julgado este ano pelo Supremo Tribunal Federal. E isso não é pouco. Basta levar em conta o que conclui a própria Câmara dos Deputados, casa que abriga João Paulo. Segundo uma sindicância comandada por funcionários concursados da Câmara, há motivos concretos para que João Paulo figure como peça central do maior escândalo político dos últimos anos.
A sindicância interna da Câmara, à qual ISTOÉ teve acesso, atestou a ilegalidade do contrato assinado durante a gestão de João Paulo Cunha como presidente da Casa com a empresa SMP&B, do publicitário Marcos Valério. É exatamente essa acusação que arrasta Cunha para dentro do caso do Mensalão. Embora tenha sido concluída em dezembro de 2010, a investigação foi mantida em segredo e enviada com discrição à Procuradoria da República no início do ano passado. E até hoje não foi divulgada, contornando assim o desgaste de uma avaliação negativa de João Paulo feita por seus próprios pares. O sigilo em torno das conclusões da auditoria interna tem menos a ver com as consequências jurídicas e mais com o impacto político que a sindicância pode ter. O atestado de que houve ilegalidades nas negociações feitas pela Câmara com o pivô do Mensalão pode se tornar mais uma mancha na imagem do deputado.
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Custo de vida do Brasil supera o dos EUA
O custo de vida do Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187 países-membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o mais caro em dólares de todo o mundo emergente.
Na verdade, há outros quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico.
Considerando economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos Estados Unidos.
Há uma explicação para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços, de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior. Assim, eles divergem muito em preço entre os países.
Solução tardia
Dois anos após o terremoto que matou 225 mil pessoas e deixou 2,3 milhões de desabrigados, o Haiti voltou ao noticiário. Como quase sempre, pelos motivos errados. A onda de imigração ilegal de haitianos levou o governo brasileiro a impor, na semana passada, uma série de ações emergenciais. Entre elas, a exigência de visto de trabalho para os haitianos, o que na prática correspondeu ao fechamento da fronteira. As medidas foram tomadas tardiamente. A crise humanitária deflagrada no Acre pela presença de milhares de haitianos vivendo em condições precárias é um caso típico de tragédia anunciada. Desde o início de 2011, as autoridades sabiam da chegada dos desabrigados e da atuação criminosa de atravessadores. Em reportagem publicada em março de 2011, ISTOÉ revelou que os coiotes cobravam até R$ 6 mil para trazer cada haitiano. A Polícia Federal já estava investigando o caso e, com base em depoimentos de agenciadores presos, conseguiu traçar as rotas utilizadas. A mais popular delas incluía a passagem por três países – República Dominicana, Equador e Peru – antes da entrada no Brasil. As cidades acrianas de Epitaciolândia e Brasileia tornaram-se os principais destinos. Segundo o chefe da Coordenação-Geral de Polícia de Imigração da PF, delegado Antonio Carlos Lessa, os esquemas mais bem organizados compreendem a colocação dos estrangeiros em subempregos, geralmente na cidade de São Paulo. “Eles são obrigados a trabalhar para pagar a viagem”, disse Lessa.
Embora a PF tentasse fechar o cerco aos coiotes, acionando adidos policiais e a Interpol, não pôde fazer muito em relação aos haitianos. O Itamaraty pediu informalmente que prisões e deportações fossem evitadas. Temia-se que uma ação truculenta causasse mal-estar diplomático com o Haiti, país que virou vitrine da atuação internacional brasileira por conta da missão de paz da ONU, a Minustah. O Brasil já gastou na operação mais de R$ 1 bilhão e mantém in loco um contingente de 2,2 mil militares.
O doce brigadeiro
Derrotado no pleito presidencial de 1974 que levou o general Ernesto Geisel ao poder, Ulysses Guimarães (1919-1992) fez um discurso em repúdio ao regime militar que perdurava no País: “Só na liberdade se criam valores estáveis para o desenvolvimento e a justiça social.” Essa marcante frase, porém, havia sido pronunciada dois anos antes, no Congresso, pelo brigadeiro Eduardo Gomes. Tinha peso pelo fato de partir da boca de um militar – e em plena ditadura. Mais impressionante ainda: um militar com a estatura de comandante da Aeronáutica nacional, ex-candidato à Presidência em duas oportunidades e tido como herói por defender a soberania brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Ao evocar as palavras do brigadeiro, Ulysses pretendia que o novo chefe da nação fosse sensibilizado pela necessidade da reconquista da democracia, colocando luz sobre um dos personagens mais marcantes daquele período. Carioca, Gomes não presenciou a restauração completa dos direitos individuais dos brasileiros. Ele morreu em junho de 1981, aos 84 anos. Trinta anos depois, a biografia “Brigadeiro Eduardo Gomes, Trajetória de um Herói” (Editora de Cultura), do escritor carioca Cosme Degenar Drumond, esmiúça como Gomes inspirou aliados e adversários com o seu senso de justiça social. A obra, que chega às livrarias na sexta-feira 20, traz depoimentos de contemporâneos do marechal do ar e um rosário de informações coletadas em arquivos públicos e na imprensa da época.
O preço da eleição
No dia 7 de outubro de 2012, 135 milhões de brasileiros vão às urnas escolher 5.565 prefeitos e 57.748 vereadores que darão as cartas nos municípios nos próximos quatro anos. Mais do que uma manifestação da solidez democrática do País, as eleições são também um negócio bilionário. Segundo dados da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o próximo pleito deve movimentar pelo menos R$ 13 bilhões, valor que corresponde a quase todo o faturamento anual de uma empresa como a Usiminas, uma das maiores siderúrgicas da América Latina. Parte desse montante é bancada pelo próprio contribuinte brasileiro. Apenas o TSE vai desembolsar R$ 6 bilhões para organizar as eleições e R$ 1 bilhão será gasto com propaganda eleitoral gratuita. Mas existe o outro lado. Números obtidos com exclusividade por ISTOÉ revelam que os candidatos devem injetar na economia pelo menos R$ 6 bilhões, dinheiro investido na contratação de pessoal, marketing político e despesas operacionais. “Talvez esse seja o preço da manutenção e aprimoramento da democracia que serve de modelo para muitos outros países”, diz o sociólogo Fábio Gomes, do Instituto Informa, do Rio de Janeiro. A seguir, os números extraordinários da eleição brasileira.
População é contra imposto à saúde e critica corrupção
A população brasileira rejeita quase que por unanimidade o aumento de impostos ou a criação de um novo tributo como forma de se ampliar os recursos a serem destinados para a saúde pública. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Instituto Ibope divulgada nesta quinta-feira (12) aponta que apenas 4% defendem a necessidade de elevação da carga tributária para se conseguir mais financiamento para o setor.
Para 82% do eleitorado, os recursos adicionais para a saúde poderiam ser conseguidos se o governo acabasse com a corrupção. Outra medida considerada importante para a melhoria dos serviços de saúde é a redução de desperdícios, citada por 53% dos entrevistados.
“A impressão que têm as pessoas é que, se acabar corrupção e se reduzir o desperdício, a quantidade de impostos é suficiente para o Estado prover saúde, segurança e educação. A questão é como realocar (os recursos)”, comentou o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Época
O planeta Guido
Dezembro foi cruel, no plano pessoal, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Trouxe-lhe a dura notícia de um câncer em sua mulher e mãe de seu quarto filho, a psicanalista Eliane Berger Mantega. O susto chegou no começo do mês. Abaladíssimo, Mantega praticamente se transferiu para São Paulo. Informou a presidente Dilma Rousseff, que já pulou essa fogueira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que está se tratando da mesma doença –, alguns poucos amigos e decidiu, firmemente, em comum acordo com a mulher, que não divulgaria o fato. Num círculo restrito à Presidência da República, já se comenta a possibilidade de que Mantega saia do governo, se considerar que a doença da mulher torne isso necessário. Como a presidente Dilma tem outro homem de confiança na Fazenda – o número dois, Nelson Barbosa, secretário executivo da Fazenda –, a eventual mudança, mesmo considerada indesejada, não chega a assustar.
No dia 2 de dezembro, quando recebeu ÉPOCA para a primeira de duas entrevistas – uma na sede da Presidência da República em São Paulo, outra no gabinete ministerial, em Brasília –, Mantega vestia, como sempre, um terno bem cortado. Abriu um sorriso quando recebeu elogios pela bem-disposta aparência e comentou, com uma pitada de desconcerto: “Precisa ver como é que está por dentro, precisa ver como é que está por dentro. E se estiver tudo detonado?”. Ele já vivia o drama familiar – do qual não deu a mais remota pista nas duas entrevistas. Um de seus bons amigos dos tempos de universidade, militância política e caratê é o hoteleiro paulistano Fábio Iunesco. “O Guido é um samurai”, diz Iunesco, em seu hotel da Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo. “Nunca o vi ficar deprimido, nem nos momentos ruins. Ele toma o golpe, assimila e vai.”
Os arquivos secretos da Marinha
Uma caixinha de papelão do tamanho de um livro guardou por mais de três décadas uma valiosa coleção de segredos do regime militar implantado no Brasil em 1964. Escondidas por um militar anônimo, 2.326 páginas de documentos microfilmados daquele período foram preservadas intactas da destruição da memória ordenada pelos comandantes fardados. Os papéis copiados em minúsculos fotogramas fazem parte dos arquivos produzidos pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), o serviço secreto da força naval. Ostentam as tarjas de “secretos” e “ultrassecretos”, níveis máximos para a classificação dos segredos de Estado e considerados de segurança nacional. Obtido com exclusividade por ÉPOCA, o material inédito possui grande importância histórica por manter intactos registros oficiais feitos pelos militares na época em que os fatos ocorreram. Para os brasileiros, trata-se de uma oportunidade rara de conhecer o que se passou no submundo do aparato repressivo estruturado pelas Forças Armadas depois da tomada do poder em 1964. Muitos dos mistérios desvendados pelos documentos se referem a alguns dos maiores tabus cultivados pelos envolvidos no enfrentamento entre o governo militar e as organizações de esquerda.
As revelações mais surpreendentes estão nas pastas rotuladas de “Secretinho”, uma espécie de cadastro dos espiões nas organizações de esquerda. Fichas e relatórios do Cenimar identificam colaboradores da ditadura, homens e mulheres, que atuavam infiltrados nas organizações que faziam oposição, armada ou não, ao regime militar. Agiam dentro dos partidos, dos grupos armados e dos movimentos estudantil e sindical. O trabalho dos informantes e agentes secretos era pago com dinheiro público e exigia prestação de contas. Muitos infiltrados eram militares treinados pelos serviços secretos das Forças Armadas que atuavam profissionalmente. Outros foram recrutados pelos serviços secretos entre os esquerdistas, por pressão ou tortura. Havia ainda dezenas de colaboradores eventuais, simpatizantes do regime, que trabalhavam em setores estratégicos, como faculdades, sindicatos e no setor público. A metódica organização da Marinha juntou relatórios, fotografias, cartas e anotações de agentes e militantes.
Presidente do STJ desbloqueia bens de Gilberto Kassab
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, desbloqueou os bens do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Pargendler derrubou decisão liminar da 11ª Vara da Fazenda Pública do Estado, que em novembro, entendeu haver irregularidades no contrato da Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular ambiental na cidade, e a Prefeitura de São Paulo.
A decisão da vara foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou nova licitação. A Justiça paulista entendeu que não há responsável técnico com experiência em controle ambiental no quadro da empresa; constatou a cessão, pelo município, de imóveis públicos para instalação dos centros de verificação; e considerou irregular aditamentoao contrato que gerou danos econômicos aos proprietários de veículos, que foram obrigados a pagar multa por não levarem o carro à inspeção.
Ao julgar o recurso apresentado ao STJ, Pargendler entendeu que a suspensão da licitação neste momento do processo poderia gerar “grave lesão ao interesse público”. Para o ministro, não é possível medir o que é mais prejudicial às finanças do município – se a execução do contrato ou a declaração de sua nulidade. Por isso, determinou que o processo siga o curso regular até o julgamento do mérito.
O encantador de poderosos
O envolvimento de Gabriel Benedito Issaac Chalita com o mundo da política começou de forma inesperada. Foi aos 15 anos de idade, paramentado de noviço, ao improvisar uma missa no pequeno e pacato município de Bananal, interior de São Paulo. A cidadezinha do Vale do Paraíba é tão tranquila que seu maior atrativo é um chafariz do século XIX espetado na praça principal. No início dos anos 1980, a região costumava receber o então governador, André Franco Montoro, para descansar. Católico, Montoro gostava de ir à missa. Num de seus fins de semana na cidade, o vigário morreu. Como não havia ninguém para substituí-lo, o bispo escalou um adolescente que se destacava no seminário pela expressão verbal esfuziante. Era o jovem Gabriel Chalita.
Por não ter sido ordenado ainda, Chalita só não poderia fazer a consagração. “Quando subi ao altar, o Montoro tomou um susto”, diz. “Ficou perplexo com a imagem daquela criança no lugar do padre.” Ao ouvir a pregação do adolescente, o governador ficou ainda mais impressionado. “Ele voltou para me ver em todas as celebrações e ficou insistindo para eu ir trabalhar com ele. Passamos a trocar correspondência. Depois, fui seu assistente na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Foi meu segundo pai”, afirma. A semente estava plantada. Três anos depois, Chalita largou a batina. Aos 19 anos, filiado ao PDT, foi eleito vereador em sua cidade natal, Cachoeira Paulista.
Ministro da Integração nega acusações em depoimento no Congresso
O ministro do Integração Nacional, Fernando Bezerra, prestou esclarecimentos à comissão representativa do Congresso, na qual fazem parte senadores e deputados, nesta quinta-feira (12). Ele estava sendo acusado de repassar 90% dos recursos destinados à prevenção de desastres para Pernambuco, seu Estado Natal. O ministro também foi acusado de privilegiar seu irmão, Clementino Coelho, presidente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e seu filho o deputado, Fernando Coelho, no repasse de verbas da pasta. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, ele negou todas as acusações.
O ministro foi também acusado de nepotismo por manter seu irmão, Clementino Coelho, na presidência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), que é ligada ao Ministério da Integração. Ele se justificou dizendo que a ocupação do cargo se baseou no estatuto da empresa. Assim como negou ter privilegiado seu filho Fernando Coelho, com liberação de emendas pelo ministério.
Eliana Calmon entrega lista de movimentações suspeitas ao STF e nega quebra de sigilo
De 2000 a 2010, operações suspeitas feitas por juízes e servidores do Judiciário somaram R$ 855,7 milhões, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Foram levantados os dados financeiros de 216 mil pessoas ligadas ao Judiciário. De acordo com a investigação, 3.426 pessoas realizaram operações atípicas – o que não quer dizer que todas tenham sido irregulares. E o detalhamento dos dados mostra que a maior parte das movimentações está concentrada em poucos servidores. Por exemplo, somente uma pessoa, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), do Rio de Janeiro, movimentou R$ 282,9 milhões mais de 30% de todo o valor atípico apurado em uma década. Essa operação foi realizada em 2002 – ano que acabou, assim, sendo o que teve maior número dessas operações suspeitas, informa a Agência Brasil.
O relatório, solicitado pela Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) ao Coaf, foi entregue na quinta-feira (12) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer parte do processo no qual entidades de classe dos magistrados questionam o poder de investigação do CNJ. A corregedora Eliana Calmou afirmou que, na listagem entregue ao STF, não há nomes e números de Cadastro de Pessoa Física (CPF) dos servidores. Ela voltou a negar que estivesse fazendo uma “devassa” nas movimentações financeiras dos juízes e disse que não houve quebra de sigilo.
Conheça a Lei do Pai Nosso aprovada em Ilhéus (BA)
O vereador Alzimário Belmonte, do PP de Ilhéus (BA), é autor de uma lei que obriga alunos do ensino municipal da cidade baiana a rezarem o Pai Nosso antes de todas as aulas. Aprovada por todos os vereadores e sancionada pelo prefeito do município, a regra já está valendo nas escolas. Gurita, como é chamado o vereador, afirma que a ideia é “educar nossos jovens na cultura da oração”. Aos 49 anos, ele está em seu primeiro mandato. “Não bebo, não fumo, pratico atividade física e não perco noite”, diz. O vereador divide seu tempo entre o trabalho, os cultos na Igreja Batista e os esportes — ele é formado em educação física. Ele conversou com o repórter Igor Paulin sobre a Lei do Pai Nosso.
Vereador, o que é essa lei do Pai Nosso? Contruí essa lei para que nós possamos educar nossos jovens a cultura da oração. É o processo educativo da oração, da pessoa saber que a oração é uma forma de chegar até Deus, de proteção espiritual, de educação mesmo.
O que diz a lei? O Pai Nosso deve ser rezado antes das aulas nas escolas públicas do município.
Carta Capital
As caixas d’água de Bezerra
Sob a gestão de Clementino Coelho, irmão do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco) fechou um contrato de 210 milhões de reais, no fim do ano passado, com uma empresa mexicana que vai espalhar 60 mil cisternas na região do semiárido nordestino.
O contrato provocou polêmica em Petrolina (PE), base eleitoral de Bezerra. A empresa contratada vai construir os equipamentos com polietileno – material que, segundo especialistas, são menos duráveis que as antigas cisternas, feitas com placas de cimento. Vencedora de licitação, a empresa mexicana Acqualimp, do Grupo Rotoplas (com sede em Valinhos, no interior paulista), mal fechou o contrato e já inaugurou, nesta semana, fábricas em Petrolina (PE), Teresina (PI), em Montes Claros (MG) e Penedo (AL).
Bezerra foi prefeito da cidade duas vezes. O filho dele, Fernando Coelho Filho (filiado ao PSB, como o pai e o padrinho político do pai, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos), é pré-candidato a prefeito do município.
Nos últimos oito anos, a construção das cisternas, espécie de caixa d’água que coleta a chuva durante três meses e abastece uma família para o resto do ano, era responsabilidade de ONGs contratadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Ou seja: sob a gestão Bezerra, a Integração assumiu a braçadeira para as obras numa área de influência da família do ministro. A unidade construída com polietileno custa, em média, 1 mil reais a mais do que as cisternas tradicionaos (3 mil reais). É como trocar uma piscina de azuleijo por uma de fibra, só que mais cara.
Juíza de Rio Claro terá proteção
A presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou a requisição de escoltas para dar proteção à juíza diretora do Fórum de Rio Claro, Cynthia Andraus Carretta, e a outras duas magistradas.
O pedido foi feito depois que a magistrada recebeu um pacote com explosivos na tarde de quinta-feira 12, deixado em sua mesa. A secretária estranhou a encomenda, mas não conseguiu identificar quem deixou o material no fórum. A bomba endereçada à juíza explodiu dentro do fórum deixando dois funcionários feridos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o episódio aconteceu na quinta-feira 12, por volta das 13h30, quando uma funcionária do fórum encontrou um embrulho em uma mesa que estava no corredor onde fica a sala em que ela trabalha e estranhou o pacote, que estava endereçado à juíza.
A secretária perguntou a um guarda civil metropolitano, que estava na recepção, quem teria deixou o embrulho ali, mas ele soube responder. Depois, o embrulho foi entregue a outros dois guardas que, ao abrirem o pacote, acionaram o explosivo. Os dois ficaram feridos e foram encaminhados ao Pronto-Socorro da Santa Casa da cidade. A bomba caseira estava em um pacote com desenhos natalinos e era feita com pregos, parafusos e rolemãs. Na caixa, havia ainda um Papai Noel, que foi usado para acionar o explosivo.
Secretário segue governador, anuncia vasectomia no Twitter, e ganha fama de puxa-saco
Virou febre no Acre. No anúncio de um programa estadual de planejamento familiar, o governador Tião Viana (PT-AC) tentou incentivar a população a seguir o próprio exemplo e contou em público que, após o nascimento do terceiro filho, resolveu fazer uma vasectomia, cirugia de contracepção realizada a partir do ligamento dos canais reprodutores masculinos.
O anúncio teve efeito imediato. Ao menos entre os auxiliares do governador. Mal havia feito a revelação e Tião Viana já somava um seguidor no seu primeiro escalão. Foi assim que, quatro dias após o lançamento do programa, o secretário de Comunicação do Governo, Leonildo Rosas, comunicou no Twitter que sua vasectomia havia sido um sucesso. “Acabei de fazer vasectomia. Sucesso total. Produção de cinco filhos. Médico Alonso Carvalho é grande profissional”, disse no microblog.
A notícia chegou à prefeitura de Rio Branco, também administrada pelo PT. Segundo o jornal Gazeta, Oly Duarte, da assessoria de comunicação da prefeitura, manifestou que ainda não estava preparado para a operação. Mas apoiava o programa. Já o assessor Osmir d’Albuquerque Lima manifestou intenções de fazer a cirurgia.
O Brasil de Celso Daniel ainda é o mesmo de 2002
O Brasil dos últimos dez anos é, segundo a propaganda oficial, um país pungente, detentor da sexta economia do Planeta, que enriquece com prestígio e justiça social. Mas o Brasil encontrado por Bruno José Daniel Filho após seis anos de exílio na França é ainda o mesmo de 2002. Se não for mais assustador. Nesse período, o irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, conheceu de perto o país da impunidade, das execuções, dos acertos de conta, dos privilégios, das ameaças e do silêncio. O crime completa dez anos no próximo dia 19.
“Do ponto de vista institucional, algumas coisas pioraram, fazendo com que parte das pessoas perca a esperança de um futuro melhor”, disse ele, em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo. A reportagem foi publicada no domingo 8.
De volta ao Brasil desde novembro, o professor de economia, de 59 anos, fez, na entrevista, um resumo de como vê o país de onde saiu em 2005, junto com a mulher e os filhos, na tentativa de se proteger – sobretudo após morte do médico legista Carlos Del Monte Printes naquele mesmo ano.
O Haiti é aqui
No centro de uma pequena igreja no extremo oeste do Amazonas, em Tabatinga (região da tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru), a figura de um homem chama a atenção. Ele caminha de um lado para o outro, fala espanhol e tenta dar uma palavra de conforto a cerca de cem haitianos que chegam ao local todos os dias por volta das 12 horas. A paróquia está lotada, mas o grupo de estrangeiros não quer rezar. Famintos, buscam a única refeição que conseguirão durante o dia.
“Todo dia é assim, eles vêm para matar a fome. Muitos chegam aqui sem comer há dois, três dias. São alimentos que a gente consegue arrecadar com conhecidos, com frequentadores da paróquia, com nosso próprio dinheiro”, diz o padre colombiano Gonzalo Franco, durante uma visita realizada em outubro à localidade.
Na definição dos haitianos, Gonzalo é o “protetor” deles em Tabatinga. O “anjo da guarda”. Para Gabriel, de 27 anos, que aguarda sentado em um dos bancos da igreja, se o padre não vivesse em Tabatinga, grande parte de seus compatriotas chegados à cidade “já teria morrido de fome”. A casa do religioso é separada da igreja por um corredor. Nele os primeiros haitianos reunidos à sombra da paróquia esperam na “fila da fome”. Em pouco tempo, homens, mulheres e crianças aguardam em pé, disciplinados, um prato de arroz, feijão, frango e salada. A comida é racionada.
Veja
Kassab concede medalha a Dilma, FHC e Alckmin
Na tentativa de agradar petistas e tucanos, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, decidiu homenagear durante as comemorações do 458º aniversário da capital paulista a presidente Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com a Medalha 25 de Janeiro. A honraria, entregue no ano passado ao ex-vice-presidente José de Alencar, é concedida anualmente a personalidades em reconhecimento ao mérito pessoal e a bons serviços prestados à cidade. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que não pode receber a medalha no ano passado porque estava no exterior, participará da cerimônia deste ano.
As medalhas serão entregues em um momento em que o prefeito flerta com o PT e com o PSDB para a formação de uma aliança com o PSD à sucessão municipal. Na semana passada, Kassab teria oferecido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a indicação de um candidato a vice na chapa do pré-candidato petista Fernando Haddad em uma eventual dobradinha entre PT e PSD.
TJ-SP dá trinta dias para juízes declararem bens
Em meio a uma tentativa de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nas contas do Judiciário brasileiro, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Ivan Sartori, determinou que os juízes apresentem à Corte em até trinta dias suas declarações de bens e valores de patrimônio pessoal. O prazo vale para aqueles que tenham, por qualquer motivo, deixado de fornecer as informações nos últimos cinco anos.
O comunicado foi publicado no Diário da Justiça desta quinta-feira – mesmo dia em que vazaram dados usados pela corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, em sua defesa entregue ao Supremo Tribunal Federal. Eliana foi impedida de levar adiante um pente-fino nas contas do Judiciário sob acusação de estar quebrando o sigilo dos juízes.
A corregedora informou ao STF que 3.426 magistrados e servidores de tribunais movimentaram, entre 2000 e 2010, 856 milhões de reais em operações financeiras consideradas “atípicas”. São Paulo foi o estado que apresentou maior volume de movimentações em espécie – 53,8 milhões de reais.
Judiciário fez movimentação suspeita de R$ 855 milhões
Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram que 3.426 servidores do Judiciário e magistrados movimentaram, de forma suspeita, em torno de 855,7 milhões de reais de 2000 a 2010. Em dinheiro vivo, foram 274,9 milhões de reais movimentados de forma atípica entre 2003 e 2010. São Paulo foi o estado que apresentou maior volume de operações em espécie – 53,8 milhões de reais -, seguido do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
As maiores operações em dinheiro vivo em que os investigados eram titulares das contas foram identificadas entre pessoas ligadas ao Tribunal da Justiça de São Paulo, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Tribunal de Justiça da Bahia. O relatório do Coaf integra a defesa apresentada na quinta-feira pela corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de derrubar a liminar deferida pelo ministro Ricardo Lewandowski, que suspendeu as inspeções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em todo o Brasil.
Concentra-se na Justiça de São Paulo, do Rio e da Bahia a maior quantidade de operações que entraram no radar do órgão de combate à lavagem de dinheiro. Em 2008, somente três pessoas ligadas ao Tribunal da Justiça de São Paulo e ao TJ da Bahia foram responsáveis por movimentações suspeitas no valor de 116,5 milhões de reais, o equivalente a 73% do apurado naquele ano.
Governo libera 30 milhões de reais para combate às secas
O governo federal anunciou nesta quinta-feira a liberação de 30 milhões de reais para Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – serão 10 milhões de reais para cada estado, os mais atingidos pela estiagem. Segundo o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, os recursos serão utilizados em obras de prevenção, como redes de distribuição de água, perfuração e equipamentos de poços artesianos e recuperação de barragens. As verbas fazem parte dos482,8 milhões de reais anunciados em 4 de janeiro pela presidente Dilma Rousseff, para estados e municípios atingidos por desastres naturais.
Mendes Ribeiro também anunciou a criação do Centro de Monitoramento Integrado para a Seca do Sul. O centro unificará políticas de irrigação emergenciais e de prevenção dos governos estaduais e dos ministérios da Agricultura, da Integração Nacional e do Desenvolvimento Agrário, além de a Agência Nacional de Águas. O governo federal irá disponibilizar técnicos e recursos, mas o centro irá funcionar em instalações disponibilizadas pelos estados.
Primos de Bezerra receberam 1 milhão de reais por terreno
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração Nacional, pagou 1 milhão de reais pela desapropriação de terras que pertenciam a primos do ministro Fernando Bezerra Coelho, informa reportagem publicada na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S.Paulo.
Os três pagamentos pela compra dos terrenos no interior da Bahia foram feitos em abril de 2011, quando o presidente interino da Codevasf era Clementino de Souza Coelho, irmão do ministro. Coelho foi exonerado do cargo nessa semana, após a denúncia de nepotismo ter vindo à tona.
As terras pertenciam a primos de primeiro grau do ministro. Nilo Augusto Moraes Coelho e Silvio Roberto de Moraes Coelho receberam, cada um, 233.619,16 de reais. A empresa Imobiliária de Terrenos Rurais e Urbanos Ltda. (Itrul), que pertence a outros primos do ministro, foi remunerada, com 506.174,86 reais.
Os pagamentos pela desapropriação dos terrenos ocorreram três meses depois de Clementino de Souza Coelho assumir a presidência do órgão interinamente, em janeiro do ano passado. A companhia é subordinada ao Ministério da Integração Nacional, pasta assumida por Fernando Bezerra também em janeiro, após indicação do governador Eduardo Campos (PSB-PE).
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