Época
Quem são eles?
Quinta-feira à noite na cidade de São Paulo. Bares, restaurantes e casas noturnas costumam fazer de alguns bairros paulistanos referências mundiais de entretenimento noturno, numa prova de que a capital paulista não dorme. Quando o paulistano não trabalha, está se divertindo. Tal organismo pulsante de luz e vida tem uma medula, a Avenida Paulista. Às 22 horas da última quinta-feira, dia 13, o mais conhecido cordão de asfalto da cidade estava silencioso, tomado por uma fina névoa de gás lacrimogêneo. Como no início do século passado, cavalos percorriam a via pública em galope desabalado. Talvez como sinal dos tempos, os animais eram comandados por integrantes do Regimento de Cavalaria 9 de Julho da Polícia Militar. Junto dos batalhões de choque, da Força Tática e da Rota, a cavalaria expulsava quem tentasse passar pela avenida. A Paulista se transformara numa zona militarizada. A PM reafirmava sua autoridade, após um violento confronto com militantes do Movimento Passe Livre (MPL), que fazia seu quarto protesto contra o aumento da passagem de ônibus na cidade neste mês.
Os manifestantes, jovens em sua maioria, haviam chegado à Paulista por volta das 21 horas em três grupos – pelas ruas Augusta, Haddock Lobo e Bela Cintra. Vinham do centro de São Paulo, empunhando cartazes contra a elevaçãode R$ 3 para R$ 3,20 nas tarifas de transporte público. Como se comemorassem a conquista de campeonato de seu time do coração, cena comum para o local, entoavam ataques ao prefeito Fernando Haddad (PT), ele mesmo um militante estudantil em seus tempos de aluno de Direito na Universidade de São Paulo, nos anos 1980: “Dança, Haddad, dança aqui até o chão; aqui é o povo unido contra o aumento do busão”. Motoristas e pedestres assustados tentavam correr dos manifestantes. Carros pegavam a contramão na movimentada avenida, em sinal de pânico. Dois dias antes, outro protesto deixara um rastro de destruição, com estações de metrô e pontos de ônibus depredados – além de agências bancárias.
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Quem mexeu nas memórias do cárcere
Filiado ao Partido Comunista, pelo qual chegou a ser candidato a deputado federal, o escritor alagoano Graciliano Ramos (1892-1953) nunca permitiu que questões partidárias interferissem em sua literatura. Essa atitude independente, presente em cada um de seus livros, é o mote central dos debates da Festa Literária Internacional de Paraty (a Flip), que acontecerá no próximo mês e homenageará Graciliano com mesas de discussão e leituras. O tema também põe em evidência uma polêmica antiga, que manchou a trajetória de uma de suas obras mais importantes, Memórias do cárcere. Desde que foi lançado, pesa sobre o livro a acusação de ter sido adulterado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Uma denúncia que nunca foi completamente comprovada e ainda ecoa, até nos meios acadêmicos. Até que ponto Memórias do cárcere seria um texto legítimo?
O livro foi publicado no final de 1953, oito meses depois da morte de Graciliano. Ele apresenta um relato contundente, em que descreve o período de um ano que passou encarcerado pela ditadura de Getúlio Vargas, de março de 1936 a janeiro de 1937. Mantém sua independência e visão crítica da realidade. Por esse motivo, a acusação de que o partido teve acesso aos originais, trocou adjetivos e suavizou passagens controversas foi inicialmente recebida com descrença.
A insistência com que a denúncia foi levantada semeou a dúvida no meio literário. Como consequência mais desastrosa, provocou também um racha na família de Graciliano, com uma briga pública entre a filha Clara Ramos e o filho Ricardo, responsável pela publicação do livro. Eles morreram sem se falar. Nas últimas três semanas, com a ajuda dos professores Vanda Cunha Nery, da Universidade Federal de Uberlândia, e Godofredo de Oliveira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do pesquisador Thiago Mio Salla, da Universidade de São Paulo (USP), ÉPOCA mergulhou nos originais de Memórias do cárcere, para colocar um ponto final no caso.
“Estudei em Michigan sem sair de casa”
Sentia falta de estudar e pensava numa pós-graduação. Descobri que as melhores universidades do mundo passaram a oferecer seus cursos de graça na internet. “Filho, não está na hora de voltar a estudar?”. A pergunta de minha mãe me fez pensar. Ela foi a primeira da família a se formar na faculdade. Fez curso de inglês, informática e pós-graduação depois dos 50 anos. Educação era a maior arma para vencer na vida, ela sempre dizia, e nunca era tarde para aprender. Sentia mesmo falta de estudar. Havia me formado em 2004 e feito dois cursos logo depois. Pensava numa pós-graduação, mas teria tempo? Conseguiria pagar? Depois da conversa com minha mãe, retomei o projeto – e descobri que é possível estudar de graça nas melhores universidades do mundo, sem sair de casa.
Universidades como Harvard, Yale e Stanford aderiram a um novo modo de ensino, os cursos on-line em massa e abertos (Moocs, na sigla em inglês). As aulas são totalmente pela internet. Milhares de pessoas podem segui-las ao mesmo tempo. Os cursos são gratuitos. Basta um computador conectado para participar. Eles duram de algumas semanas a alguns meses. Em alguns, uma lista de tarefas deve ser cumprida a cada semana. Noutros, o aluno dita o ritmo. Em todos, há avaliações regulares. Ao fim, é aprovado ou não, como num curso normal.
A variedade de temas é grande. Podem-se estudar psicologia, Direito Constitucional ou neurociência. Ou programação, nutrição infantil e história mundial. Interessei-me por um curso sobre história e tecnologia da internet, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Seria bom dominar um tema recorrente no trabalho. Teria 11 semanas, com três horas de estudos e um teste de múltipla escolha em cada uma, além de três redações opcionais e a prova final. Era a carga de trabalho ideal para minha estreia nos Moocs.
Veja
A razão de tanta fúria
Para fabricar um incêndio bastam uma fagulha e um pouco de oxigênio. No caso da série de manifestações iniciadas em São Paulo e no Rio, a faísca foi o aumento da passagem de ônibus. Já o combustível era composto de bem mais do que um e/emento. Na semana passada, essa combinação produziu labaredas de alturas inéditas. A passeata de quinta-feira em São Paulo terminou com mais de 230 delidos, o maior número de presos em confronto com a polícia desde a ditadura militar. Mais de 100 pessoas ficaram feridas. incluindo dezenas que nada tinham a ver com a manifestação e que foram atingidas por lascas de bombas de gás lacrimogêneo ou balas de borracha disparadas pela Polícia Militar.
Há uma grande chance de que boa parte da rapaziada que, na semana passada, foi às ruas esteja apenas dando vazão às pressões hormonais pelo exercício passageiro do socialismo revolucionário. Afinal, como disse o inglês Winston Churchill. “se você não é um liberal aos 20 anos não tem coração, e se não se toma um conservador aos 40 você não tem cérebro”. As minorias que participaram ativamente do quebra-quebra são os suspeitos de sempre: militantes de partidos de extrema esquerda (PSTU, PSOL, PCO e PCdoB), militantes radicais de partidos de centro-esquerda (PT e PMDB), punks e desocupados de outras denominações tribais urbanas, sempre dispostos a driblai- o tédio burguês aderindo a algum protesto violento.
Foi a quarta de uma série de manifestações organizadas por um grupo nanico criado por estudantes de São Paulo sob inspiração de um movimento nascido em Florianópolis. O Movimento Passe Livre (MPL) defende a estatização das empresas de transporte e a gratuidade das passagens. Em São Paulo, ele não tem sede, nem chega a reunir uma centena de integrantes. Vangloria-se também de não ter líderes. Tem. claro, mas prefere chamá-los de “porta-vozes”. O perfil deles é bastante semelhante. Como o porta-voz Marcelo Hotimsky. de 19 anos. muitos são egressos do Colégio Santa Cruz, um dos mais tradicionais da elite paulistana, ou do Equipe, outra escola frequentada por filhos de profissionais liberais. Atualmente, a maior parte estuda na USP. nos cursos de física, ciências sociais, história e direito — caso de outra porta-voz, Nina Cappello. de 23 anos.
Espionagem no Porto
É colossal o esforço do governo para impedir que decolem as candidaturas presidenciais do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e da ex-senadora Marina Silva (sem partido). Nos últimos meses, a presidente Dilma Rousseff reacomodou no ministério caciques partidários que ela havia demitido após denúncias de corrupção, loteou cargos de peso entre legendas desgarradas da base aliada e pressionou governadores do próprio PSB a minar os planos de Campos. Sob a orientação do ex-presidente Lula, Dilma trabalha para montar a maior coligação eleitoral da história e, assim, impedir que eventuais rivais tenham com quem se aliar. A maior parte dessa estratégia é posta em prática à luz do dia. como a volta dos “faxinados” PR e PDT à Esplanada, mas há também uma face clandestina na ofensiva governista, com direito a espionagem perpetrada por agentes do estado. Um dos alvos dessa ação foi justamente Eduardo Campos, considerado pelo PT um estorvo à reeleição de Dilma pela capacidade de dividir com ela os votos dos eleitores do Nordeste, região que foi fundamental para assegurar a vitória da presidente em 2010.
O Porto de Suape, no Recife, carro-chefe do processo de industrialização de Pernambuco, serviu de arena para o até agora mais arrojado movimento envolvendo essa disputa pré-eleitoral. No dia 11 de abril, a Polícia Militar deteve quatro espiões da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que fingiam trabalhar no local, mas há semanas se dedicavam a colher informações que pudessem ser usadas contra Campos. A Secretaria de Segurança Pública estadual já monitorava os agentes travestidos de portuários fazia algum tempo. Disfarçados, eles estavam no estacionamento do porto quando foram abordados por seguranças. Apresentaram documentos de identidade falsos e se disseram operários. Acionada logo depois, a PM entrou em cena. Diante dos policiais, os espiões admitiram que eram agentes da Abin. que estavam cumprindo uma missão sigilosa e pediram que não fossem feitos registros oficiais da detenção. O incidente foi documentado em um relatório de uma página, numa folha de papel sem timbre, arquivada no Gabinete Militar do governador. Contrariado com a espionagem, Eduardo Campos ligou para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general José Elito Siqueira, a quem o serviço secreto do governo está subordinado.
De grão em grão a JBS…
…enche os cofres. Com o amparo cio BNDES e a compra da Seara, a empresa já é o maior grupo privado do Brasil
A cada três bois abatidos no Brasil, um sai das unidades do grupo JBS. São 42 600 cabeças de gado por dia. O frigorífico dos irmãos Batista, que já ostentava o status de maior empresa brasileira de alimentos, ganhou corpo com a compra da Seara, na última semana, por 5.8 bilhões de reais. Torna-se agora a segunda companhia brasileira em faturamento, com 100 bilhões de reais de vendas ao ano, e a maior de capital privado, superando a Vale. A Seara, uma tradicional empresa catarinense com atuação no abate de aves e em alimentos industrializados, pertencia, desde 2009, ao frigorífico rival Marfrig, que se viu obrigado a se desfazer da marca para reduzir seu endividamento — o valor da compra corresponde, na verdade, as dívidas que serão assumidas pela JBS. “A Seara tem um valor estratégico imenso, que reforça nossa operação em áreas em que não éramos tão atuantes”, disse Wesley Batista, presidente da JBS.
A holding J&F, dos irmãos Batista, agrega a JBS e negócios em diversos ramos: papel e celulose (com a Eldorado), financeiro (Banco Original), alimentos lácteos (Vigor) e cosméticos e produtos de limpeza (Flora), entre outros. A compra da Seara é mais um degrau na ascensão meteórica do frigorífico. Há pouco mais de um ano, a JBS não tinha sequer operações de abate de aves no Brasil, até arrendar as instalações da Doux Frango-sul e passar a ter a capacidade de abater 1,2 milhão de aves ao dia. Com a Seara, triplicou de tamanho e fica atrás apenas da líder BRF (Perdigâo-Sadia). Mundialmente. vai superar a americana Tyson Foods e assumirá a liderança do setor, graças às operações do grupo brasileiro nos Estados Unidos. Outro salto se dará agora na área de alimentos industrializados. A JBS tinha menos de 1 % desse mercado e passará a 11% com a Seara, segundo projeções.
E o rombo só aumenta
Desde que foi comprada pela Petrobras, em 2006, a refinaria de Pasadena, no Texas, só trouxe prejuízo e dor de cabeça. Custou à estatal 1,18 bilhão de dólares, mas, a tirar pela última oferta que fizeram por ela, não vale mais que um décimo disso. Trazido à luz por VEJA, o caso não é escandaloso apenas pela extensão do rombo, mas também porque em suas entranhas sobejam indícios de superfaturamento e corrupção.
Em maio, a presidente da Petrobras, Graça Foster, teve de ir ao Congresso dar explicações sobre os meandros do negócio, que periga virar alvo de uma CPI. O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que houve ali, no mínimo, “gestão temerária”. Na semana passada, também o Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar as suspeitas de propina que pairam sobre Pasadena. Intriga o fato de que sua compra, selada às vésperas de uma eleição presidencial, tenha ferido tão frontalmente a lógica de mercado — e os interesses da própria Petrobras — desde o seu embrião. Quanto mais se revira a trama, mais ela se complica. Segundo VEJA apurou, em 30 de janeiro a estatal recebeu multa de 1,5 milhão de reais por estragos ambientais causados pela velha refinaria. Ciente do tamanho da encrenca, Graça pediu à sua assessoria técnica que traçasse um plano para torná-la rentável. Ele ainda não está pronto, mas o consenso é geral: só mesmo construindo uma nova.
Nos últimos meses, a presidente da estatal destituiu de cargos de confiança uma dezena de executivos. Correu nos bastidores a versão de que eles estariam sendo castigados justamente pela trapalhada ambiental no Texas (o que a Petrobras nega). Líquido e certo é que Graça gostaria de se ver livre deste e de vários outros maus investimentos deixados no exterior por seus antecessores.
Istoé
A jogatina de Cachoeira não para
Em uma rua da periferia de Valparaíso (GO), distante 30 quilômetros da capital do País, uma casa de pouco mais de 100 metros quadrados, com portas e janelas lacradas por esquadrias de ferro, passa despercebida em meio a residências simples e à poeira que se acumula pela falta de asfalto. Na porta, um homem sentado em um banco de plástico analisa o movimento e dá uma batida no portão velho como sinal de permissão para abri-lo. O local é um ponto de jogatina e de bingos ilegais que continua desafiando a polícia e colocando em xeque a estrutura do Estado. Lá dentro, 22 máquinas de caça-níqueis estavam à disposição dos 13 jogadores que se enfileiravam em uma sala com pouca luz e um silêncio opressor na noite da quarta-feira 12. Os cinco funcionários que trabalhavam na área interna conversavam discretamente sobre uma possível mudança de endereço e combinavam de telefonar para os clientes mais cativos informando o novo destino, que seria o terceiro em cinco meses. Delegados envolvidos no combate aos jogos ilegais são unânimes em afirmar que casas como essa ainda são comandadas pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Condenado a 39 anos e oito meses de prisão por corrupção ativa, peculato, violação de sigilo e formação de quadrilha, além de indicado como comandante da máfia dos caça-níqueis na região Centro-Oeste, Cachoeira é considerado por policiais um contraventor na ativa, que continua a acumular poder e a contar com as ramificações políticas do esquema de jogos ilegais montado por ele.
De acordo com o delegado Alexandre Lourenço, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado de Goiás, todas as investigações sobre a propriedade das casas de bingo fechadas nos últimos meses levaram aos mesmos contraventores: os integrantes da família de José Olímpio Queiroga. Queiroga é apontado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como tesoureiro de Cachoeira e responsável por viabilizar a abertura dos locais utilizados pelo grupo para explorar o jogo. “Posso dizer que essas casas que continuam operando são comandadas pelo grupo do Cachoeira. Nossas investigações levam sempre às mesmas pessoas e à pirâmide da organização denunciada durante a Operação Monte Carlo. A verdade é que Cachoeira nunca parou. Pior: será difícil pará-lo definitivamente”, lamenta o delegado, que tenta criar uma força-tarefa para possibilitar uma ação conjunta de combate aos jogos ilegais.
Marmelada mineira
Há dois anos e meio, a Justiça de Minas Gerais recebeu a denúncia do chamado mensalão mineiro, esquema de desvio de recursos públicos que abasteceu o caixa de campanha de políticos do PSDB local e, tal qual o do PT, também era operado pelo publicitário Marcos Valério. De lá para cá, o processo transcorre em ritmo lento e os crimes imputados aos principais envolvidos caminham para a prescrição. É uma situação bem diferente da que se verificou no julgamento contra a cúpula petista, que já se encontra em fase de apresentação de recursos no STF. No processo mineiro, nem todas as testemunhas foram ouvidas e muitas não foram sequer intimadas. Dos 130 mandados expedidos até agora, apenas 75 chegaram às mãos dos destinatários. Contrariando o trâmite usualmente adotado pela Justiça, testemunhas que moram em oito cidades vizinhas a Belo Horizonte estão sendo ouvidas por carta precatória. Depoentes do município de Nova Lima, a 20 quilômetros da capital, por exemplo, foram acionados por correspondência, em vez de comparecer a audiências no Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, região central de Belo Horizonte.
Os advogados que atuam no processo atribuem a morosidade à atuação da titular da 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a juíza Neide da Silva Martins. Utilizando métodos ultrapassados, a magistrada imprime ao julgamento do mensalão tucano uma dinâmica burocrática. Considerada ríspida no trato com advogados, Neide não aceita conversas de bastidor, chamadas ironicamente de “embargos auriculares”. Mas cedeu à pressão dos defensores e permitiu que arrolassem oito testemunhas por fato contido na denúncia do Ministério Público, em vez de oito por réu, como ocorre normalmente. Com isso, o rol de depoentes ultrapassou a marca de 100 pessoas, entre eles uma testemunha que mora nos Estados Unidos.
O homem que se recusou a matar o marido de Dilma
No dia 12 de agosto de 1970, o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo imaginou um plano para pôr fim ao suplício da tortura a qual era submetido por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) paulista. Ex-marido de Dilma Rousseff e seu companheiro de militância no grupo de esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Araújo inventou para seus algozes que tinha um encontro marcado no dia seguinte com o legendário Carlos Lamarca, o militante mais procurado pela repressão militar. O “ponto” supostamente aconteceria na rua Clélia, no bairro paulistano da Lapa. Com um fluxo intenso de ônibus e caminhões, a via lhe parecia um endereço adequado para tentar o suicídio, atirando-se contra um veículo de grande porte. Levado até lá, Araújo titubeou por um momento e se jogou embaixo de uma Kombi verde. Sofreu ferimentos nas pernas e na cabeça e acabou levado para o Hospital das Clínicas, em Pinheiros. Até a última semana, Carlos Araújo não sabia que quem guiava aquele carro era Darcy da Rocha Camargo. Muito menos tinha conhecimento de que o motorista da Kombi, hoje aposentado, 79 anos, havia salvado a sua vida, recusando-se a cumprir a ordem de um dos agentes do DOPS que conduziam a operação: “Dê a ré e termine o serviço para nós”, comandou o policial. Darcy respondeu que não queria matar ninguém.
Quarenta e dois anos depois de terem os destinos entrelaçados pela Ditadura Militar, Carlos Araújo e Darcy da Rocha se falaram pela primeira vez, na quarta-feira 12, por telefone. A conversa ocorreu depois de o aposentado ler uma entrevista na ISTOÉ, no ano passado, na qual o ex-marido de Dilma revelava detalhes daquele incidente. O motorista resolveu, enfim, entrar em contato com o atropelado. No diálogo de três minutos e meio trocaram poucas palavras. Darcy não conseguia conter a emoção. Ao ouvir a voz do sujeito que saiu correndo e se atirou embaixo da Kombi guiada por ele, disse: “Fiquei me perguntando naquela hora (do incidente), será que eu matei o homem?”. Em meio a risos constrangidos, Araújo respondeu: “Eu que devo explicações. Imagina um sujeito se jogando como um louco embaixo do carro do senhor.” Ao final da ligação, ambos ficaram de combinar um encontro, desta vez, pessoalmente. “Eu quero contar em detalhes o que aconteceu e dar um abraço nele”, disse Araújo.
Do sonho ao vandalismo e à brutalidade
Num país onde é frequente ouvir-se a queixa de que a sociedade sofre de profunda apatia, mostrando-se incapaz de mobilizar-se para defender seus interesses e encarar seus problemas de frente, a mobilização social de uma massa de estudantes e jovens trabalhadores de São Paulo deveria ser saudada como um exemplo de cidadania. Após quatro dias de protestos, contudo, surgiu em São Paulo uma situação hostil, assustadora e perigosa. Incapaz de atuar de forma preventiva, controlando as manifestações com métodos civilizados e fazendo uso consciente e responsável da força quando necessário, na última quinta-feira 13 a Polícia Militar de São Paulo retornou aos piores momentos de seu passado, quanto reprimia a população sob o regime militar para acuar e atacar militantes. Em meio à pancadaria, ocorreram 325 prisões e 105 pessoas ficaram feridas. Manifestantes foram alvejados com balas de borracha, bombas de gás e perseguidos pelas ruas da região central até tarde da noite. Atacados seletivamente, vários jornalistas acabaram feridos. Um deles, atingido no olho por um projétil emborrachado, corre o risco de perder a vista.
O retorno da Polícia Militar a sua face mais violenta ocorreu num dia que até prometia uma jornada de calmaria. Num esforço para evitar a confusão da quarta-feira 12, quando 97 ônibus foram depredados, dezenas de vitrines foram quebradas e até um policial correu o risco de ser linchado, numa sucessão de atos condenáveis promovidos por baderneiros mascarados, infiltrados entre os manifestantes, autoridades e ativistas fizeram um acordo para realizar uma passeata em percurso autorizado. Já no início da tarde, no entanto, se viu que nem todas as partes pretendiam cumprir o combinado.
Carta Capital
Os olhos do grande irmão
“Google cede aos defensores da privacidade: o Google Glass não terá capacidade de ler mentes nem suporte a drones”, tuitou ironicamente Evgeny Morozov, pesquisador e crítico dos efeitos sociais da tecnologia, em 4 de junho. O contexto era o debate sobre o uso nesse aparelho de aplicativos de reconhecimento facial, a partir dos quais se poderia infernizar a vida de qualquer ser humano capaz de despertar a curiosidade alheia. Bastaria olhar para alguém e o aparelho o identificaria, cruzaria informações e localizaria o alvo nas redes sociais, noticiários e bancos de dados públicos, no mínimo. Se o usuário tiver vocação para paparazzo e algum talento de hacker, poderá descobrir seus hábitos de consumo, onde esteve em cada hora do dia, com quem se comunicou, que páginas visitou na internet, que arquivos guarda na “nuvem” e talvez acessar sua ficha médica e conta bancária. A empresa prometeu não permitir esse tipo de aplicativo, mas poucos creem que será capaz de cumprir a palavra.
Pode-se até tomar a frase no sentido literal sem exagerar A leitura de mentes por ressonância magnética está em uso experimental para facilitar a comunicação de pacientes paralíticos. A IBM garante que até 2017 bastará pensar para mover um cursor na tela ou fazer uma chamada telefônica. Os drones logo serão tão comuns que será possível usá-los para bisbilhotar o próximo (ou pior) sem chamar atenção. Uma conhecida cadeia de pizzarias já os experimenta para fazer entregas em Londres. A dúvida é se tais acréscimos fariam mesmo muita diferença. Bastam as informações que cada um de nós, conscientemente ou não, compartilha pela internet para descobrir nossas preferências, hábitos e opiniões. É disso, é claro, que vivem empresas como o Google e o Facebook. Oferecem-nos serviços aparentemente gratuitos, mas em troca nos vendem e nos direcionam a seus clientes pagantes.
Do Big Brother ao big uncle
No mundo de 1984, imaginado per George Orwell em 1948, o planeta é governado por três superestados citatoriais: a Lestásia (fundamentalmente China), a Eurásia (Europa Continental incluindo Rússia) e a Oceania (Américas e Ilhas Britânicas), onde vive o protagonista, Winston Smith. O cenário é dominado palas teletelas, uma combinação de telas com esmeras que transmitem as mensagens do Partido enquanto monitoram o comportamento de cada um. O povo é conclamado a aclamar o Grande Irmão, comemorar as vitórias militares da Oceania em distantes países semicoloniais e odiar, um minuto por dia, o “traidor” Emmanuel Goldstein, que teria vazado os segredos do Partido em um livro chamado Teoria e Prática do Coletivismo Oligárquico, alusão o A Revolução Traída de Leon Trotski.
No caso do baixo clero do Partido, ao qual pertence o xará de Churchill – um encarregado de reescrever a história a cada dia de acordo com as conveniências do poder, ou seja, o equivalente dos articulistas de certas mídias de hoje -, as teletelas, que é obrigatório comprar e manter, vigiam o interior dos próprios apartamentos. Faz-se acreditar que o quarto de dormir está fora do seu alcance e que os altos dirigentes têm o direito de desligar a teletela meia hora por dia, mas isso não passa de uma ilusão alimentada pelo Partido. Quando há motivos para suspeita, o Partido provoca o alvo, testa sua disposição de trair e então recorre à violência e à tortura para convertê-lo.
Memória/O pensador incomum
Seu pai, ucraniano de origem judaica, encontrava-se em Odessa quando o povo se manifestou a favor dos marinheiros russos amotinados no Encouraçado Potemkin, em 1905. E ele os teria apoiado, como a outros manifestantes contra a miséria, porque não escondia os ideais socialistas. Data da história familiar, por tanto, a afiliação do historiador Jacob Gorender à luta pela justiça social. Morto em São Paulo aos 90 anos, dia 11, após um mês de internação em decorrência de uni quadro infeccioso, Gorender exerceu com honestidade intelectual incomum seu papel como cidadão, militante político e pensador do Brasil. Escreveu inúmeros ensaios e dez livros, entre eles Combate nas Trevas, sobre a luta armada durante a ditadura dos anos 1960 (período em que, depois de atuar na clandestinidade, foi preso e torturado), e O Escravismo Colonial no qual caracterizava o modo de produção responsável por submeter os negros ao degrado. Foram obras a que se dedicou a partir dos anos 1970, depois de desistir de militar nas organizações de esquerda. Gorender filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro aos 19 anos, na Bahia, onde nasceu, e na agremiação atuou ate sua ação transformadora lhe parecer insuficiente.
Rebeldes com causa
Caio Martins, de 19 anos, é estudante de História na USP e morador da Lapa, tradicional bairro de classe média, distante menos de 10 quilômetros do Centro de São Paulo. O jovem universitário é a cara do Movimento Passe Livre, que reuniu milhares de manifestantes nas principais avenidas da cidade para protestar contra o aumento das tarifas no ônibus, no metrô e nos trens (de 3 para 3.20 reais). Caio Miranda, de 18 anos, é aluno de uma escola pública na periferia da capital e mora no Jardim Angela, bairro que chegou a ser eleito pela ONU como o mais violento do mundo em meados dos anos 1990 e distante mais de 30 quilômetros do Centro. Sua família não possui automóvel e depende do transporte público para qualquer deslocamento que não possa ser vencido pelos pés. Ele também é a cara do MPL.
Embora tenham origem social e repertório cultural bastante distintos, os jovens compartilham do mesmo inconformismo com as iniquidades sociais na cidade mais rica da América do Sul e com o precário – e caro – transporte coletivo paulistano. Com recursos próprios e sem vinculações partida rias, o grupo reúne um número indeterminado de militantes cativos em torno de uma bandeira: a tarifa zero. Universitários, estudantes secundaristas e trabalhadores de bairros periféricos compõem a maioria do grupo, com organização horizontal, sem líderes ou porta-vozes constituídos. Alguns integrantes admitem que as reuniões do MPL costumam juntar poucas dezenas na maior parte do ano. Mas são capazes de atrair mais de 10 mil manifestantes em seus ruidosos protestos.
Unem-se a eles militantes de partidos de esquerda, como PSOL, PSTU e PCO, além de feministas, gays, cicloativistas, anarquistas, punks e até jovens que raramente se mobilizam. É preciso ter fôlego para acompanhar as peregrinações, iniciadas no fim da tarde e estendidas noite adentro, a ocupar as principais artérias viárias da cidade, como as avenidas Paulista, 9 de Julho e Consolação, ou mesmo as faixas expressas da Marginal Pinheiros.
Uma potência dispensável?
Uma linha resume 0 último livro de Vali Nasr, The Dispensable Nation American Foreign Policy in Retreat: “O modus operandi (da política externa de Barack Obama) tem sido baterem retirada”. O presidente implementará a nova estratégia no próximo ano no Afeganistão, onde o Taleban provavelmente voltará ao poder. Obama pode ir longe com essa falta de estratégia, “enquanto tiver o apoio da opinião pública”, afirnia o acadêmico, reitor da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins.
Nascido no Irã, em 1960, cidadão norte-americano, Nasr tem suficiente conhecimento para criticar a politica externa dos Estados Unidos, pois não é apenas mais um especialista em Oriente Médio. Entre 2009 e 2011, foi o assessor do falecido Richard Holbrooke, representante especial de Obama para o Afeganistão e o Paquistão eresponsável pela supervisão dos Acordos de Paz de Dayton que puseram fim à guerra na Bósnia. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Despreparo e arbitrariedade
No centro de São Paulo para cobrir os protestos do Movimento Passe Livre, o repórter de CartaCaprta/Piero Locatelli registrava imagens de uma revista policial no Viaduto do Chá quando foi abordado pela Polícia Militar Mesmo após se identificar como jornalista, foi revistado e acabou detido por portar um frasco de vinagre Qualitá, comprado pouco antes por menos de 2 reais. “Aprendi com manifestantes que o vinagre atenua os efeitos do gás lacrimogêneo. Como passei mal ao cobrir os primeiros protestos, quis me precaver”, explica o repórter. A justificativa foi apresentada aos policiais. De nada adiantou. Os soldados diziam cumprir ordens superiores.
Apesar dos protestes de outros jornalistas, Locatelli teve de permanecer virado para a parede, com as mãos para trás e o olhar voltado para o chão, antes de ser obrigado a entrar em um ônibus da PM. “Não disseram para onde me levariam, tampouco o motivo da prisão. Jamais imaginei que pudesse ser detido por porte de vinagre “Encaminhado ao 78° DP, nos Jardins, em companhia de cerca de 40 manifestantes, só seria liberado pela Polícia Civil após a intervenção dos advogados de CartaCapital por volta de 7hl5 da noite.
Opinião pública sem viés
CartaCapital passa a publicar uma série de pesquisas do Vox Populi sobre temas centrais na agenda dos brasileiros Tudo começou a partir de uma constatação do sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Popu1i e colunista de CartaCapital: as pesquisas de opinião são pouco e mal utilizadas no Brasil. “Colher a avaliação dos cidadãos é comum nos países mais desenvolvidos. Aqui, os levantamentos são esporádicos, feitos em datas aleatórias, salvo no ano de eleições”, explica. “Talvez porque a mídia brasileira prefira decretar uma “verdade” a ouvir o que a população realmente pensa sobre determinado assunto.”
Nasceu assim uma nova parceria entre o instituto e a revista. A partir da próxima edição, CartaCapital passa a publica ruma série de pesquisas do Vox Populi de forma regular, em datas predeterminadas – e não na esteira de um falo excepcional. Até o fim deste ano, o levantamento será realizado a cada dois meses e terá duas parles. Uma, repetida em suas linhas gerais a cada rodada, vai avaliar a popularidade do governo federal e da presidenta Di1ma Rousseff, além de colher a opinião dos eleitores sobre a qualidade das principais políticas públicas, entre elas segurança, educação e saúde. Também medirá a intenção devoto em prováveis e possíveis candidatos à Presidência da República. Na primeira rodada, cujo resultado estará nas bancas em São Paulo na sexta-feira 21 e no restante do Brasil no sábado 22, constarão da lista de presidenciáveis, em simu1ações distintas, Di1ma Rousseff, Marina Silva, Aécio Neves, José Serra e Eduardo Campos. Esta seleção pode mudar nas enquetes posteriores, a depender do desenrolar do jogo político.
O torneio do marketing
Principal teste prévio para a realização da Capa do Mundo de 2014, a Capa das Confederações não está alterando a rotina das seis capitais que receberão os jogos da competição e tem tornado ainda mais agitada a agenda de milhares de executivos Brasil afora. Com os olhos de boa parte do mundo no desempenho das oito seleções que disputarão o torneio pela primeira vez no País, pequenas e grandes empresas de diversos setores traçam estratégias para aumentar seus negócios e ampliar sua a vendas.
Em novembro do ano passado, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) assinou acordo com a Associação Internacional das Federações de Futebol (Fifa) para apoiar a realização da Copa das Confederações. Isso permite que a agência possa real izar ações durante todas as partidas da competição, aproximando empresários brasileiros e potenciais compradores estrangeiros. A entidade terá espaços especiais em três das seis sedes que terão partidas: Brasília, que receberá a abertura, Fortaleza, e Rio de Janeiro, onde será disputada afinal.
“Cerca de 3,5 bilhões de pessoas no mundo assistem à Copa do Mundo, então buscamos patrocinar a Copa das Confederações e do Mundo para podermos ter uma posição privilegiada, tanto com ingressos quanto com espaço de relacionamento nas cidades-sede” destaca Ricardo Santana, coordenador do Projeto Copa. A iniciativa reúne 60 entidades, 21 empresas, dez parceiros, e tem a presença confirmada de mais de mil empresários estrangeiros para a Copa das Confederações. Serão recebidos compradores internacionais de seis complexos: Tecnologia e Saúde; Casa e Construção; Agronegócios; Moda; Máquinas e Equipamentos; Economia Criativa e Serviços.
Sem barreiras até os estádios
No recife, cem agentes de trânsito foram preparados para orientar turistas em português e em inglês. Em Fortaleza, o Departamento de Trânsito passou as últimas semanas afixando centenas de placas bilíngues nas ruas e avenidas de Fortaleza com orientações sobre as vias de acesso ao estádio, a locais turísticos e aos principais pontos de referência da capital. Em Belo Horizonte, foram realizados simulados de segurança para analisar eventuais falhas no esquema planejado. Em Salvador, trabalhou-se no conserto da cobertura do estádio, que teve uma de suas estruturas danificadas por uma chuva forte no fim de maio. No Distrito Federal, os Vants (ou Veículos Aéreos Não Tripulados) que serão usados pela Força Aérea para monitorar o jogo de abertura, no dia 15 de junho, passaram por testes finais, enquanto no Rio de Janeiro milhares de operários trabalharam em ritmo acelerado para concluir a reforma do Estádio do Maracanã, palco da final.
Em Pernambuco, a mobilidade urbana dos torcedores que assistirão às partidas na Arena Pernambuco – localiza da em São Lourenço da Mata, a 22 quilômetros do polo hoteleiro de Recife e a 19 quilômetros do aeroporto ganhou reforço nos últimos meses. Para facilitar o fluxo dos torcedores até o estádio, a integração entre ônibus c metrô foi a solução encontrada pelo governo local, para incentivar que os carros sejam deixados em casa. Para a Copa das Confederações, na ida ao estádio todas as sete 1inhas de metrô estarão à disposição. O desembarque deve ser feito na estação Cosme e Damião. Dali os passageiros seguem até o Terminal Integrado ao lado e adquirem a pulseira que dá acesso ao ônibus circular que vai levá-los para a Arena Pernambuco e trazê-los de volta.
Peça por peça, um mosaico de oportunidades
A realização da Copa das Confederações tem estimulado uma série de negócios para milhares de micro e pequenos empreendedores pelo Brasil afora. Além de representar maior faturamento e ampliação da capacidade de produção, os contratos ainda têm proporcionado novos clientes e a criação de soluções inovadoras para atender a esses acordos. Estima-se que a Copa do Mundo já rendeu mais de 100 milhões de reais em vendas para empresas de micro e pequeno porte de todo o País. Levantamento da Fundação Getulio Vargas feito para o Sebrae mapeou 930 possibilidades de negócios em dez setores: agronegócio, madeira e móveis, vestuário, serviços, comércio varejista, construção civil, turismo, economia criativa, artesanato e tecnologia da informação.
Uma parte da estrutura de pré-moldados das escadas e das arquibancadas dos estádios Arena Fonte Nova e Arena Pernambuco foi construída pela IBPC Premoldados de Concreto, que, para assumira tarefa, teve de contratar cerca de 50 funcionários. Os contratos, que somados envolveram 8 milhões de reais, foram dois dos maiores já obtidos pela empresa baiana, que para participar das obras teve de buscar soluções inovadoras. O concreto das arenas esportivas era de um tipo especial, que reduz vibrações nas estruturas e nunca tinha sido utilizado em uma construção desse porte na Bahia. “Tivemos de ir a feiras em São Paulo, estudara literatura técnica sobre o assunto e fazer testes com os fornecedores. Aí passamos a incorporar essa nova tecnologia na Bahia, internalizando a metodologia regionalmente que não era usada por aqui”, diz Jarilson de Andrade, gerente-técnico da IBPC Premoldados de Concreto.
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