Nas redes sociais do Governo a recessão acabou. Na vida real, economistas dizem que não.
Nas redes sociais do Governo, o Brasil está em festa verde-amarela, comemorando o fim da grave recessão econômica e rumo à franca recuperação. No mundo virtual encantado do Twitter e do Facebook do presidente Michel Temer, a recessão acabou e agora a prioridade é gerar empregos.
Na vida real, também fortemente conectada com as redes sociais de milhões de brasileiros usuários, analistas econômicos alertam que ainda é cedo para decretar que o país encerrou o ciclo da recessão. Especialmente porque as incertezas causadas pelo aprofundamento da crise política podem atrasar as reformas e continuar afetando a economia nos próximos meses.
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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também bateu bumbo no mundo digital, mas de forma mais prudente: na conta FazendaGovBr do tuíte anunciava que ele estava comentando o resultado do PIB do 1º trimestre de 2017, “que mostrou crescimento de 1,0% em relação ao trimestre anterior”. Para o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore, “é extremamente prematuro” analisar o resultado do PIB como evidência para o fim do ciclo.
Na 43ª edição do Cenas da Semana, em março, mostramos que o Governo perdeu a batalha da reforma da Previdência nas redes sociais, onde se trava a guerra de versões e contraversões. O Planalto tentou se fazer de mouco para não ouvir a voz dos milhares que foram às ruas protestar contra as reformas.
Agora, reedita o equívoco tentando criar uma “bolha” de pós-verdade ao achar que as poderosas mídias digitais, as novas “ágoras” (praça principal nas antigas cidades gregas) digitais do século 21, têm o dom de criar um mundo de fantasia cor-de-rosa, onde não existem crises econômicas, denúncias de corrupção, ministros blindados da Justiça nem desemprego de 14 milhões de brasileiros.
O Planalto sabe o enorme poder de influenciar a opinião pública que as mídias digitais possuem. O Brasil é o maior usuário de redes sociais, com mais de 93 milhões de usuários, segundo a revista Forbes. O Twitter, que teve no país o terceiro maior crescimento da rede em 2016, faz a ponte entre a mídia tradicional e a digital. Só a conta de Temer no Twitter tem 782,3 mil seguidores, fora os outros perfis do Governo.
Estudiosos de comunicação avançam em estudos para mensurar o poder exponencial das redes sociais, alavancado pelas interações virtuais do enorme volume de informação que circula em tempo real. Ainda é preciso clarear muitos fatores que induzem a reações distintas de revolta ou de adesão, os efeitos colaterais desse contágio digital. Entre as poucas certezas nessa esfera estão o contágio e a velocidade de reação em tempo real.
Uma receita dada há muitos anos, atribuída ao ex-presidente americano Abraham Lincoln, cabe no atual contexto brasileiro: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.
Torquato Jardim assume tropeçando em entrevistas
O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, protagonizou sucessivas entrevistas na semana, chegando perigosamente perto de cometer sincericídio e contribuir para o agravamento da crise política do Governo. No jargão da mídia, sincericídio é dizer a verdade em momento impróprio, criando problemas e danos à imagem.
Na estreia com a imprensa, no dia da sua posse, quarta-feira, 31/05, ele afirmou que a decisão sobre o comando da Polícia Federal deve levar mais de dois meses, alimentando a ansiedade amplificada pelo noticiário sobre o destino do atual diretor Leandro Daiello. Diante da insistência dos jornalistas sobre se haveria troca ou não, saiu-se com a resposta: “O mundo não é maniqueísta, preto e branco, sim e não”.
Outra afirmação que rendeu no noticiário foi sobre sua experiência em segurança pública, assunto que pertence à Pasta que acaba de assumir. “Minha experiência em segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados. Em Brasília e no Rio de Janeiro”, declarou. O nome da Pasta passou a ser Ministério da Justiça e da Segurança Pública justamente em maio do ano passado, quando Temer assumiu o poder.
Seu antecessor no governo Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, costumava brincar que a Justiça “é um ministério que vai da toga à tanga”, referindo-se à enorme variedade de assuntos sob sua alçada. Torquato Jardim endossou Cardozo, reconhecendo que “a Pasta é muito grande” e que “ninguém chega lá sabendo de tudo”.
Um dos ensinamentos principais em Media Training é que o porta-voz deve sempre se preparar muito antes de conceder entrevistas, especialmente se for no formato de entrevista coletiva, onde a fonte fica exposta à toda a sorte de perguntas sobre diversos assuntos.
A coletiva foi concedida após a cerimônia de posse no Planalto, esvaziada de público e mesmo da presença de seu antecessor Osmar Serraglio (PMDB-PR). Este recusou convite para o posto de ministro da Transparência e preferiu voltar à Câmara. Na carta de despedida que escreveu a Temer, disse que o presidente sofreu pressões de “trôpegos estrategistas” para retirá-lo do cargo.
Facebook faz mal, mas WhatsApp pode fazer bem, dizem estudos
Será que o Facebook faz mal pra saúde? Segundo estudos da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, os usuários do Facebook costumam se sentir tristes utilizando a ferramenta. Há uma relação estreita entre as curtidas que os usuários recebem em sua rede e o comprometimento da sua saúde física, psicológica e social. Já em relação ao Whatsapp, pesquisa feita na Universidade de Haifa, em Israel, mostra que a ferramenta contribui para as formas de comunicação e expressão, principalmente de adolescentes. Os usuários se sentem mais à vontade para se expressar através da plataforma, melhorando sua capacidade de comunicação online e offline. Não é à toa que o Whatsapp chegou a 120 milhões de usuários no Brasil e já possui cerca de 1,2 bilhão em todo o mundo.
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