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Para Bessa, o “acordo” entre os dois partidos foi feito para viabilizar a campanha presidencial de 2002, na qual Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu pela primeira vez. Segundo o advogado, havia um temor de que Lula seria inimigo dos empresários e por isso foi importante ter José Alencar, que era do PL, como vice-presidente. Assim, disse o advogado, o acordo entre o PT e o PL teve como propósito viabilizar a entrada de Alencar na chapa de Lula.
Segundo a denúncia, Valdemar Costa Neto, então presidente do PL na época do escândalo, recebeu a quantia das empresas de Marcos Valério, utilizando a Guaranhuns Empreendimentos, citada pela Procuradoria-Geral da República como “especialista em lavagem de dinheiro”, para ocultar sua origem. O deputado renunciou ao mandato para evitar o processo de cassação em 2005, mas foi eleito novamente na eleição seguinte. Segundo o procurador-geral, Roberto Gurgel, Valdemar era o nome do partido responsável por negociar com o PT a compra de votos.
“Manda e desmanda”
Para o advogado do ex-tesoureiro do partido Jacinto Lamas, Délio Lins e Silva Júnior, Valdemar é até hoje o principal mandatário do partido. Na tentativa de livrar seu cliente, ele afirmou que Lamas apenas obedecia às ordens de Valdemar e assinava o que ele pedia. Seu irmão, Antônio Lamas também foi arrolado no processo, mas o procurador-geral da República, Roberto Gurgel já pediu a sua absolvição por falta de provas.
Defesa dos irmãos Lamas: “Valdemar Costa Neto manda e desmanda no PR”
Os advogados dos cinco réus criticaram a denúncia apresentada pelo PGR e disseram não haver provas dos crimes nos autos dos processos. Eles respondem por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Valdemar e Jacinto respondem ainda por corrupção passiva.
As críticas ao trabalho do PGR começaram mesmo antes das primeiras sustentações orais de defesa, na segunda-feira (6). Advogados já anunciavam, durante a apresentação de Gurgel na última sexta-feira (3) que iriam contestar a falta de contraditório nas provas periciais e a presença do relatório final da CPI dos Correios na acusação do Ministério Público.
Os outros dois réus que tiveram suas defesas apresentadas ontem eram ligados à corretora Bônus-Banval, tida como ocultadora dos repasses de dinheiro entre o PT e o PP. Breno Fischberg, sócio da corretora, seria um dos responsáveis pela lavagem de dinheiro para os pepistas. Segundo a denúncia, ele recebeu R$ 11 milhões das empresas de Marcos Valério e ocultou a origem do recurso por meio da corretora Natimar.
Sócio de corretora alega não conhecer Marcos Valério
No entanto, seu advogado, Guilherme Nostre, alegou que ele só foi incluído no processo, por ter sido citado em uma “nota de rodapé”. “Há sete anos tenho tentado demonstrar que ele foi colocado neste rol por uma soma de equívocos”, disse.
O outro réu ligado às corretoras é Carlos Alberto Quaglia, que, segundo sua defesa, também desconhece Marcos Valério. De acordo com o defensor público Haman Córdoba, sua empresa, a corretora Natimar, era apenas cliente da corretora Bônus- Banval. Ele negou que o denunciado tenha participado de qualquer negociação.
Os ministros do STF voltaram a interpelar os advogados hoje. Desta vez, o motivo foi o pedido de Haman para que o processo desse “marcha à ré”, pois o réu que estava defendendo havia ficado sem advogado durante a tramitação do processo. Segundo o defensor, isso causou prejuízo a Quaglia, pois as testemunhas que o envolveram no caso não puderam ter seu depoimento colhido na presença do advogado do réu. Tudo isso teria acontecido antes da Defensoria Pública assumir o caso. O presidente do STF, Ayres Britto, afirmou que o pedido será avaliado no voto do relator.
Réu sem advogado é representado por defensor público
O julgamento será retomado na próxima segunda-feira (13) com a sustentação oral da defesa de Roberto Jefferson. Ele é o delator do esquema do mensalão. Serão ouvidos ainda os advogados do Bispo Rodrigues, de Emerson Palmieri, de Romeu Queiroz e de José Borba. No dia 15, começa a apresentação dos votos dos ministros. O primeiro será do relator, Joaquim Barbosa. Em seguida, o ministro revisor Ricardo Lewandowski apresenta o seu voto. O presidente da Corte, Ayres Britto, é o último a votar. A ordem dos ministros que votarão será: Rosa Candiota Weber, Luiz Fux, Dias Tóffoli, Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello. Os ministros não têm limite de tempo para proferir o voto, por isso não é possível determinar com exatidão a data em que cada um votará.
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