Alexandre Aprá
Especial para o Congresso em Foco
O senador Blairo Maggi (PR-MT) anda preocupado. Seu antigo pupilo, Luiz Antonio Pagot, a quem indicou para a diretoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), anda magoado, desde que foi demitido da autarquia, envolvido com denúncias de corrupção. Pagot foi afastado do Dnit em julho do ano passado, depois que a revista Veja publicou denúncias contra o Ministério dos Transportes. Agora, Pagot diz querer ser convocado para depor na CPI do Cachoeira, para contar tudo o que sabe a respeito de irregularidades na área dos Transportes. “Ele é um fio desencapado”, avisou Maggi à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo na quarta-feira (24).
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Nas investigações da Operação Monte Carlo, que investigou os esquemas ilegais do bicheiro Carlinhos Cachoeira, é feita uma referência a Pagot, na qual Cachoeira diz ter “plantado” na imprensa informações contra ele. Pela interpretação de Pagot, isso teria acontecido porque ele, no Dnit, estaria contrariando interesses da Construtora Delta, ligada a Cachoeira. O que Pagot tem a dizer à CPI e a quem vai atingir preocupa a seu mentor no Dnit, Blairo Maggi.
Luiz Antonio Pagot não é, porém, a única preocupação que Blairo Maggi tem no momento. Dos seus oito anos de gestão à frente do governo do Mato Grosso, restaram diversas ações na Justiça, movidas pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso. As denúncias vão desde a pavimentação de estrada em uma empresa do senador do PR com dinheiro público até a suposta participação dele num esquema que superfaturou R$ 44 milhões em compra de maquinários pesados.
Conheça as denúncias do MP de Mato Grosso contra Blairo Maggi:
O caso dos maquinários
Asfalto público na empresa
Pagamentos vultuosos a empreiteiras
Privilégio em precatórios para empreiteira
Ex-secretário com bens bloqueados
Veja o que diz Blairo Maggi em sua defesa
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As denúncias pegaram a população mato-grossense de surpresa. Isso porque Blairo Maggi é conhecido pelo seu perfil empresarial. Em sua primeira campanha eleitoral, em 2002, Blairo foi eleito com a promessa de administrar a máquina pública como se ela fosse uma de suas empresas privadas, sempre com discurso de intolerância à corrupção.
Maggi ostentou durante muitos anos o título de maior produtor individual de soja do mundo. O “Rei da Soja”, como ainda é conhecido, é o responsável por 5% da produção brasileira do grão. Na safra de 2005, acabou perdendo o título de campeão de produção para seu primo, Eraí Maggi, dono do Grupo Bomfuturo.
Em sua defesa, Blairo reafirma a lisura da sua administração. Garante ter determinado a apuração dos fatos ainda como governador. Mesmo assim, os processos seguiram por ação do Ministério Público matogrossense. São, no mínimo, uma dor de cabeça para o senador do PR, que chegou mesmo a ser convidado – e não aceitou – para ser ministro dos Transportes pela presidenta Dilma Rousseff, após a queda do hoje senador ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), no mesmo episódio que derrubou Pagot.
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