O GLOBO
Paes recebeu doações de construtoras ‘olímpicas’
Construtoras diretamente beneficiadas nos pacotes olímpicos encaminhados à Câmara Municipal após a vitória nas urnas do prefeito Eduardo Paes (PMDB) estão entre as principais financiadoras privadas da campanha de reeleição do peemedebista. As construtoras Carvalho Hosken e Cyrela doaram, juntas, R$ 1,150 milhão a Paes e ao PMDB.
O volume de recursos é suficiente para arcar com 15% do que o prefeito gastou nos três meses da disputa eleitoral. Na terça-feira, a coligação “Somos um Rio” declarou ao Tribunal Superior Eleitoral que captou R$ 21 milhões, sendo 88% por doações ocultas — feitas legalmente através dos diretórios partidários —, e gastou R$ 8 milhões.
A Carvalho Hosken, que doou R$ 150 mil para Paes e R$ 500 mil para o PMDB nestas eleições, é proprietária do terreno da futura Vila Olímpica e integra o consórcio Rio Mais, que construirá o parque olímpico no terreno do autódromo. A Carvalho Hosken também doou para Rodrigo Maia, do DEM (R$ 75 mil) e Otávio Leite, do PSDB (R$ 100 mil).
Esta semana, Paes encaminhou à Câmara Municipal projeto elevando de 12 para 18 andares o gabarito dos prédios que o consórcio tem direito a construir na área. Em troca, o consórcio assume a responsabilidade de construir o Centro de Transmissões dos Jogos, com custo estimado em R$ 480 milhões.
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PP, partido de Paulo Maluf, terá secretaria em São Paulo, diz PT
O polêmico apoio do deputado federal Paulo Maluf ao PT em São Paulo deverá render ao PP um posto no primeiro escalão da administração municipal. O partido, que integra a base aliada do governo federal, vinha nas últimas semanas costurando indicações para empresas estatais nas áreas de Habitação e Transportes. Nesta sexta-feira, contudo, a sigla fez chegar à equipe do prefeito eleito, Fernando Haddad, que agora deseja uma das duas secretarias.
A mudança do discurso ocorreu após café da manhã, na quinta-feira, entre o prefeito eleito e o secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro. Haddad tem sinalizado que pode ceder ao pedido do partido, contanto que o indicado tenha um perfil técnico. A negociação pela participação do PP na administração municipal tem sido conduzida pelo ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades). O coordenador da equipe de transição, Antonio Donato, confirmou nesta sexta-feira que o partido de Maluf terá espaço no primeiro escalão do governo de São Paulo.
— Os quatro partidos (PMDB, PSB, PCdoB e PP) farão parte do primeiro escalão — afirmou.
Planalto dividido pode dificultar decisão de Dilma sobre royalties
Uma divisão interna no governo pode dificultar ainda mais a decisão da presidente Dilma Rousseff sobre o projeto que redistribui os royalties do petróleo. A posição da equipe econômica é favorável ao veto, parcial ou total, do texto aprovado nesta semana na Câmara. Mas, segundo fontes, outra corrente do governo, instalada no próprio Palácio do Planalto, defende a sanção do projeto como saída política, deixando para o Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão sobre a inconstitucionalidade do texto, evidente na visão da área jurídica.
No único comentário que fez sobre o projeto, após a aprovação pela Câmara, a presidente Dilma enfatizou que ainda não tinha posição sobre o assunto. — A tendência natural é o veto e encaminhamento de novo projeto — disse uma fonte da área econômica, manifestando a posição da equipe.
Petrobras terá que explicar compra de refinaria americana por US$ 1,2 bi
O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico, encaminhou nesta quinta-feira um ofício para a Petrobras pedindo esclarecimentos sobre o valor total de US$ 1,2 bilhão pagos pela estatal na compra da refinaria Pasadena, nos Estados unidos. Segundo a assessoria do MP junto ao TCU, a Petrobras tem 20 dias úteis para esclarecer o assunto.
O procurador pediu explicações por ter recebido informações de que outra refinaria, do mesmo porte, teria sido negociada recentemente por apenas US$ 150 milhões (cerca de R$ 300 milhões). A Petrobras não quis comentar o assunto.
Araguaia: documentário tumultua sessão no Pará
Num gesto exaltado e de destempero, o coronel Celso Osório Souto Cordeiro, do Comando da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, no Pará, interrompeu aos berros a reunião do Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), em Marabá (PA), onde era exibido um documentário com depoimentos de camponeses vítimas dos militares durante a Guerrilha do Araguaia. Cordeiro ordenou a seus subordinados que abandonassem o salão, num hotel da cidade.
O oficial ainda bateu boca com o representante da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) no grupo, Gilles Gomes. A discussão só não virou agressão física graças à intervenção de integrantes do Ministério da Defesa. O episódio ocorreu no último dia 23, mas vem sendo mantido em sigilo dentro do governo. — Militares, todos fora! — gritou o militar, que, em julho, fora condecorado com a Medalha do Pacificador, concedida pelo Comando do Exército.
[…]
Internamente, a atitude do coronel foi considerada grave, mas superável. Oficialmente, o Ministério da Defesa e a Secretaria de Direitos Humanos informaram que estão tratando do assunto. A cúpula da secretaria tem debatido o assunto e chegou a redigir uma nota pública condenando o gesto do coronel. O militar pode ser afastado das próximas expedições do GTA.
Cardozo diz que uso de dinheiro público no mensalão não ficou claro
Mesmo com a decisão já sacramentada no Supremo Tribunal Federal (STF) de que o esquema do mensalão usou dinheiro público, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o uso “não parece ainda muito claro” e que é preciso esperar a publicação do acórdão do julgamento para qualquer ação do poder público no rastreamento do dinheiro desviado. Após o fim da análise da ação penal do mensalão, o STF deve demorar pelo menos seis meses para publicar o acórdão. É o tempo médio gasto com outros casos envolvendo políticos na Corte.
As declarações do ministro da Justiça foram dadas nesta sexta-feira após a participação na 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, realizada no Centro de Convenções, em Brasília. Cardozo participou de um painel sobre “dinheiro sujo”, em que apresentou as iniciativas do governo brasileiro contra a lavagem de dinheiro. Ele evitou fazer um prognóstico sobre a possibilidade de devolução do dinheiro público usado no mensalão.
José Dirceu e outros três réus entregam passaporte ao Supremo
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha no julgamento do mensalão, entregou nesta sexta-feira seu passaporte ao Supremo Tribunal Federal (STF). Outros três réus condenados – o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu e o advogado Rogério Tolentino – também já deixaram seus passaportes no STF. Os documentos estão no gabinete do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão. Marcos Valério, segundo seu advogado, Marcelo Leonardo, entregou o documento à Procuradoria Geral da República em 2005.
Justiça arquiva inquéritos cível e criminal contra filho de Lula
A Justiça Federal arquivou todas as investigações, na área cível e criminal, sobre o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Fabio Luis e sua empresa de tecnologia e jogos Gamecorp S.A. Criada em dezembro de 2004, com um capital declarado de R$ 10 mil, a Gamecorp recebeu, em 2005, um aporte de R$ 5 milhões da antiga Telemar. A negociação ocorreu antes de o então presidente Lula alterar as regras das teles. A alteração facilitou a fusão da Telemar com a Brasil Telecom, originando a Oi.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), não houve crime na negociação da Telemar com o filho de Lula. Havia duas investigações sobre o caso; uma delas, na Justiça Federal em Brasília, tratou da investigação cível. Esse inquérito, instaurado em 2006, foi arquivado em 31 de outubro passado. Em São Paulo, tramitou o inquérito criminal que investigou se houve tráfico de influência no acordo.
PF diz que confronto com índios foi provocado por emboscada
O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, César Augusto Martinez, disse nesta sexta-feira que o confronto que resultou na morte de um índio da etnia munduruku, na divisa de Mato Grosso com o Pará, na última quarta-feira, foi provocado por uma emboscada armada por indígenas. — É bom esclarecer que a operação (Eldorado) não estava investigando os índios, não havia ordem de prisão contra eles — afirmou o superintendente.
O conflito entre indígenas e policiais deixou feridos seis índios e dois agentes federais.
O ESTADO DE S. PAULO
Marco Aurélio compara estilo de Joaquim Barbosa a regime totalitário
O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, recomendou nesta sexta-feira, 9, ao relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, que ele entenda que divergências são próprias de colegiados. Os dois têm se desentendido durante as sessões de julgamento da ação do mensalão.
Sobre o fato de Barbosa assumir a presidência da Corte, dentro de alguns dias, Marco Aurélio declarou: “Vai dar tudo certo. Deus queira que ele (Barbosa) entenda que o presidente do Supremo coordena e não enfia goela abaixo. Divergência é própria de colegiado. Ele deve entender que os outros ministros não são vaquinhas de presépio, amém, amém, amém.”
Marco Aurélio revelou preocupação com o estilo de Barbosa, a quem comparou com um regime totalitário. “Eu continuo preocupado com a ótica exteriorizada, que seria uma ótica de voz única”, declarou Marco Aurélio, em São Paulo, onde participa de um ciclo de debates na Escola da Advocacia-Geral da União sobre concessão de rodovias. “No colegiado há divergências, só enriquece o pronunciamento. A dissidência é própria ao regime democrático. A voz única descamba para o totalitarismo.”
Julgamento do mensalão revela apenas pequena parte do esquema, diz Mendes
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira, 9, em São Paulo, que o conteúdo da ação penal do mensalão revela apenas uma pequena parte do alcance da atuação dos mensaleiros. Segundo ele, “a dimensão das provas nos autos da ação penal 470 (mensalão) dá uma ideia da ousadia dos acusados”.
“Não esqueçamos, o que está judicializado, submetido ao Supremo, é talvez um pequeno porcentual do que ocorreu. Temos aí vários processos em tramitação, talvez 14, 15, sei lá, processos ou ainda inquéritos, investigações, algumas ações iniciadas, nas várias instâncias. Tudo isso forma esse conjunto. O que dá a dimensão da ousadia”, afirmou Mendes.
O ministro está em São Paulo participando de um ciclo de debates na Escola da Advocacia-Geral da União sobre concessão de rodovias. Indagado se o julgamento do mensalão está perto do fim e se isto ocorrerá até a aposentadoria do presidente da corte, ministro Ayres Britto, ele ironizou. “Por um milagre, as coisas podem acontecer”.
STF fará ‘pente fino’ após calcular penas dos réus do mensalão
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira, 9, que a Corte fará uma revisão geral, “um pente fino”, das penas fixadas para os réus do mensalão. Ao ser indagado se a maioria dos acusados vai cumprir prisão em regime fechado, Fux declarou.
“Não terminamos ainda a dosimetria (cálculo das penas), temos um compromisso de ao final fazermos uma revisão geral. Depois da dosimetria feita, nós vamos ter um momento de revisão geral das penas, as premissas adotadas que podem influir exatamente no computo geral da pena.
Fux lembrou que em todas a sessões, os ministros já adiantam que vão rever as penas. O ministro disse que se houver decretação de prisão, como pede o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ela será cumprida. “Não tem a menor dúvida, as decisões do Supremo têm que ser cumpridas.”
Ministra afirma que acordo com servidores não será alterado
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, declarou nesta sexta-feira, 9, que não há possibilidade de os servidores públicos terem aumentos maiores que os 5% ao ano, pelos próximos três anos, que foram acertados quando houve a definição do Orçamento. Miriam descartou ainda que servidores do Judiciário, que permanecem em greve, obtenham aumentos maiores do que os já concedidos. Para ela, não há chance de se reavaliar nada.
“Essa foi a proposta. Fizemos acordo com 93% dos servidores. Os projetos de lei estão no Congresso para serem aprovados, e a previsão orçamentária também está na lei orçamentária de 2013”, declarou a ministra. Ela acrescentou ainda que o governo fez “um amplo processo de discussão com os servidores” e chegou a esse acordo assinado por três anos, que não será alterado.
Questionada se a greve dos juízes poderia levar o governo a oferecer algum porcentual diferenciado para o Judiciário, a ministra Miriam respondeu: “Não achamos justo dar tratamento diferenciado entre as diversas categorias. Fizemos uma proposta comum para todos, com poucas exceções que são a área da saúde e militares. Com o Legislativo foi feito o acordo de 5% para 2013, 2014 e 2015 e não vemos razão para tratar de forma diferenciada outras categorias”.
Ministra do Planejamento diz que recursos para Copa estão ‘disponíveis’
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, rebateu, nesta sexta-feira, 9, informação divulgada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o repasse de recursos do governo federal aos Estados e municípios. Segundo o TCU, os atrasos de obras da Copa do Mundo de 2014 e a elevação dos custos delas estariam vinculados à demora no repasse desses recursos.
De acordo com a ministra, “os recursos estão disponíveis”, mas a liberação do governo federal só pode ser feita “conforme a evolução das obras que são realizadas por Estados e municípios”. Ou seja, a ministra devolveu a responsabilidade para os Estados e municípios, alegando que os recursos só podem ser liberados mediante comprovação de execução das obras.
Governador do CE sugere que Temer dispute o Senado em 2014
Em campanha para que o PSB integre a chapa majoritária na eventual candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o governador do Ceará, Cid Gomes, disse que “é mais justo” que seu partido indique o candidato a vice-presidente – cargo hoje ocupado por Michel Temer (PMDB). Em almoço com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, na quinta-feira, 8, o governador já havia defendido a indicação de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, ao cargo.
“O PMDB é uma federação de lideranças locais, sem projeto nem unidade nacional – em cada Estado, o partido tem uma posição diferente, diferente do PSB, que é menor, mas é mais coeso”, avaliou Cid. “Além disso, tudo caminha para que o PMDB presida as duas Casas (Senado e Câmara Federal), então acho justo que o PSB também tenha uma participação.”
Sobre a posição de Temer, o governador sugeriu que ele disputasse uma vaga no Senado por São Paulo. “Ele teria grande chance de ser eleito e, nesse caso, de assumir a presidência do Senado, o que, para ele, seria até muito melhor do que ser vice-presidente”, afirmou, salientando que o “nome natural” do PSB ao cargo seria o de Eduardo Campos. “Essa é minha posição pessoal, ainda não conversei com ele (Campos) sobre isso.”
Eduardo Campos desconversa sobre 2014
Depois de ter seu nome defendido pelo governador cearense Cid Gomes (PSB), seu colega de partido, para compor a chapa majoritária de uma eventual candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), desconversou. “Não podemos, de maneira nenhuma, encurtar o mandato da presidente Dilma, antecipando o debate eleitoral, esse é um debate que interessa à oposição, não a nós, que integramos o governo”, afirmou.
“Não estamos conversando organicamente sobre 2014, até porque nenhuma decisão que a gente tomasse hoje teria mais chance de acertar mais do que errar. As circunstâncias são muito importantes em um processo político como este. Nas eleições municipais, muita coisa que foi escrita dois anos antes não teve nenhum valor.”
Campos participou, nesta sexta-feira, 9, da 16ª Reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), realizada em um hotel da orla de Salvador, que teve como tema a seca na região.
Parlamentares pressionam Dilma por veto a royalties
Deputados e senadores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo enviaram uma carta à presidente Dilma Rousseff manifestando a posição contrária ao projeto de distribuição dos royalties do petróleo aprovada nesta semana pela Câmara dos Deputados. Na carta protocolada nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, 60 parlamentares dos dois Estados afirmam que a nova regra provocará “sérias consequências sobre o pacto federativo e sobre a economia dos Estados”.
A palavra “veto” não foi usada ostensivamente, mas esteve subentendida na carta dos parlamentares. Eles manifestam “inteira confiança às reiteradas, justas, honestas e corajosas declarações” da presidente sobre a redistribuição dos royalties, “declarando-se publicamente contra a quebra de contratos e prejuízos aos Estados produtores”.
Presidente Dilma promete resolver ‘estruturalmente’ a seca no Nordeste
A presidente Dilma Rousseff prometeu, na tarde desta sexta-feira, 9, em Salvador, “resolver estruturalmente o problema da seca” no Nordeste. A declaração foi dada ao fim da 16ª Reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), realizada em um hotel da orla da capital baiana.
Participaram do evento governadores ou representantes de todos os Estados nordestinos, os vice-governadores de Minas Gerais e do Espírito Santo, os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.
Foram assinados convênios entre o governo federal e os governos estaduais para liberação de recursos referentes a 77 obras para ampliar a oferta de água em municípios da região. Os projetos, somados, têm investimentos previstos de R$ 1,8 bilhão – e, segundo Bezerra, formam a primeira parte de um programa que prevê investimento total de R$ 3 bilhões.
Pessoa física ‘versus’ corrupção pública
Muitas vezes o combate à corrupção não aparece apenas nas salas dos órgãos de controle oficial, como o Ministério Público, a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas ou a Polícia Federal. Aliás, é bem longe dessas salas, em cidades diminutas que muitos não sabem nem apontar no mapa, que pessoas comuns, munidas de um engajamento pouco comum, estão mudando a maneira de lidar com a corrupção – aproximando, assim, o debate concentrado em Brasília da população que mais necessita de ações contra os escândalos políticos.
São exemplos como o do mineiro Fábio Oliva e da sua Associação de Amigos de Januária (Asajan), que desde 2004 já derrubou quatro prefeitos da cidade do norte de Minas Gerais – ao todo sete pessoas já ocuparam a cadeira da administração municipal nesse período. Ou do “caminhante” Arimatéia Dantas, um advogado que comanda uma marcha contra a corrupção pelo sertão do Piauí.
“Corrupção tem em toda parte”, diz Dantas, que participou com Oliva da 15.ª Conferência Internacional Anticorrupção, que começou em Brasília na quarta-feira, 7, e termina neste sábado, 10. “O que temos que fazer é uma força-tarefa popular, porque só o povo está em todo lugar ao mesmo tempo. E é o olho do povo que vai impedir que o roubo aconteça.”
Secretários do Rio viajam a convite de empreiteiro
O secretário estadual de Governo do Rio, Wilson Carlos, e o secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Dias, fizeram uma viagem de cinco dias ao Caribe a convite do empresário Saulo Wanderley Filho, dono da Cowan, grupo mineiro que inclui construtora, mineradora e outras empresas. A companhia mantém contratos com o governo de Sérgio Cabral e com a prefeitura de Eduardo Paes, entre eles a construção da linha 4 do metrô.
A viagem foi feita em abril de 2011, mas só foi revelada nesta sexta-feira, 9, pelo site da revista Veja, e foi confirmada pelo empresário e pelos secretários. O grupo viajou em um jatinho Gulfstream, da Cowan, e ficou hospedado na Ilha de Saint Barths, em uma casa alugada pela empresa. O episódio vem à tona pouco mais de seis meses após a divulgação de fotos em que esses mesmos secretários, entre outras pessoas, aparecem em Paris, acompanhados pelo empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta e amigo de Sérgio Cabral.
Carlos Marighella recebe anistia ‘post mortem’
Em decisão publicada na edição desta sexta-feira, 9, do Diário Oficial, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu que o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), morto em uma operação policial na Alameda Casa Branca, em São Paulo, no auge da repressão política, sofreu perseguição do Estado brasileiro. A família do guerrilheiro não pediu reparação econômica.
Em 1996, o Estado já havia reconhecido a morte do guerrilheiro, acatando decisão da Justiça. Desde 2008, a viúva de Marighella, a ativista social Clara Charf, recebe pensão de R$ 2,5 mil do governo pela morte do marido. O processo que resultou na anistia “post mortem” de Marighella começou em dezembro do ano passado, num encontro da Comissão de Anistia em Salvador (BA), onde o guerrilheiro nasceu e iniciou sua militância política.
CORREIO BRAZILIENSE
Apesar da cautela, projeto dos royalties deve virar briga judicial
Apesar da pressão de parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito Santo para acelerar a judicialização do debate sobre a divisão dos royalties do petróleo, os outros poderes tratam o tema com cautela. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que analisa o pedido de um grupo de deputados fluminenses e capixabas, feito na quinta, para cancelar a votação do projeto de lei aprovado no Congresso, sinalizou ontem que não pretende atropelar a decisão do Legislativo. Até representantes do governo do Rio avaliam que a ação dos parlamentares pode ter sido precipitada.
Durante um evento em São Paulo, Fux disse que vai analisar o tema sob os pontos de vista técnico e político. %u201CPrimeiro, (verificar) se esta questão está no momento de ser judicializada, em nome do respeito ao princípio da separação dos poderes%u201D, comentou.
Governo confirma perdão do Estado, dado em dezembro passado, a Marighella
O Ministério da Justiça oficializou ontem a anistia post mortem do guerrilheiro Carlos Marighella, morto pelo regime militar em 1969. O reconhecimento já havia sido concedido em dezembro de 2011, com um pedido de desculpas do Estado brasileiro pelos “erros cometidos no passado”. Em 1996, a Comissão de Mortos e Desaparecidos, da mesma pasta, responsabilizou a União pelo assassinato de Marighella. Familiares dele não pediram reparação financeira.
Para Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça e responsável por analisar os pedidos de reparação — não necessariamente financeira —, a anistia concedida a Marighella é um “ato duplamente importante”. “Primeiro, porque faz uma revisão de uma injustiça cometida no passado, no que se refere à reparação moral para a família de uma pessoa histórica como o Marighella. Segundo, porque é importante o Estado reconhecer os erros do passado e ter a oportunidade de repará-los”, diz.
Mesmo com intervenção federal, as madrugadas continuam perigosas em SP
Em mais uma madrugada de violência, pelo menos 12 pessoas foram assassinadas e 10 ficaram feridas em São Paulo até as 9h30 da manhã de ontem. Apesar da parceria estadual com o governo federal, anunciada na última terça-feira para tentar conter a violência, os crimes continuam a acontecer. Na tarde de ontem, em Guaianases, quatro bandidos invadiram uma casa e renderam o dono do imóvel. Desde o começo de outubro, mais de 160 pessoas já foram assassinadas no estado. Na busca de uma solução, o Tribunal de Justiça de São Paulo criou um Gabinete de Crise, que promete julgar os processos relacionados a onda de crimes com agilidade.
A maneira de abordagem segue a mesma: na maioria das ocorrências, os assassinos chegam de moto ou carro, atiram e fogem. Foi o ocorrido com um adolescente de 17 anos que morreu após ser atingido por 11 tiros, na Avenida José Cândido Xavier, na Zona Sul. Ainda na região, um homem de 27 anos foi executado por dois homens ao sair para fumar na frente de casa. Dez minutos antes, um mecânico de 28 anos e um encanador de 31 conversavam na Rua Manuel Vieira Sarmento quando foram atacados por uma dupla de moto. As vítimas foram socorridas e não correm risco de morte.