Reportagem da Folha de São Paulo de hoje Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e Secretaria de Previdência Complementar identificaram uma série de operações fraudulentas no mercado financeiro que atingem pelo menos 14 fundos de pensão, entre 1998 e 2002. As investigações começaram em 2003, a partir de uma devassa nas contas de corretoras e distribuidoras de valores suspeitas de irregularidades.
O período analisado coincide com o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas há ao menos um fundo ligado ao PT: a Rioprevidência (de funcionários estaduais do Rio), na breve gestão da ex-governadora Benedita da Silva. Em dois relatórios do BC, um da CVM e dois da SPC, obtidos pela Folha, os órgãos listam pessoas aparentemente usadas “como laranjas” e “um grande número de agências de turismo, o que pode indicar um vínculo do esquema com o mercado não-institucional (paralelo) de dólar”.
Apesar de não haver referências a partidos nos documentos, autoridades envolvidas nas investigações suspeitam de que possa ter havido desvio de recursos para atender a interesses políticos, segundo apurou a Folha.
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Entre os 14 fundos de pensão, há muitos que são alvo da CPI dos Correios, como Centrus (funcionários do Banco Central), Real Grandeza (Furnas Centrais Elétricas) e Prece (Cedae). Dois fundos que não estão na lista de investigação da comissão, Rioprevidência e Infraprev (Infraero), tiveram grande número de operações fraudulentas mapeadas pelos órgãos de fiscalização do governo.
Há também entre as corretoras e empresas beneficiárias dessas operações um nome muito recorrente nas investigações da CPI dos Correios: a Guaranhuns Ltda, apesar do pequeno valor recebido (R$ 4.037). O BC identificou ainda que alguns beneficiários eram comuns a mais de uma das instituições financeiras analisadas.
A Guaranhuns é a empresa de fachada (seu endereço é um terreno baldio) que o publicitário Marcos Valério Fernandes diz ter sido indicada pelo PL para que fosse repassado ao partido R$ 10 milhões em recursos de caixa dois. Numa investigação da CVM sobre a Centrus (período avaliado de 1997 a 2001), a Guaranhuns aparece embolsando R$ 527 mil por ter intermediado uma operação para a fundação.
PublicidadeÀ Folha, as fundações citadas na reportagem não se manifestaram sobre os supostos prejuízos.
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