Em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro deste fim de semana, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato culpou o ex-ministro Luiz Gushiken pela autorização do repasse antecipado de recursos de propaganda da Visanet, cujo banco estatal detém participação acionária, para a agência DNA, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
A CPI dos Correios apura se esses recursos teriam sido desviados para o caixa dois petista. Antes de assinar o documento autorizando a liberação do dinheiro, Pizzolato disse que se encontrou com Gushiken, então ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo (Secom). Segundo Pizzolato, Gushiken lhe aconselhou a assinar o pedido de adiantamento.
“Ele (Gushiken) mandou assinar”, afirmou ele, ao ser perguntado sobre um repasse de R$ 35 milhões à DNA. Na entrevista, disse que levou os papéis para estudar em casa e no dia seguinte encontrou-se com Gushiken. O ex-diretor do BB contou ainda que Gushiken disse a ele que a verba era “mais dinheiro para você usar” e “tem que assinar”. Ele disse ainda que “todo o marketing das estatais passava pela Secom”.
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CPI reconvocará Pizzolato
O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou hoje que vai reconvocar Pizzolato para que ele confirme a declaração dada à revista desta semana de que foi o ex-ministro Luiz Gushiken quem determinou o pagamento adiantado cerca de R$ 35 milhões do banco estatal à agência DNA, do publicitário Marcos Valério.
‘Trata-se de uma mentira’, afirma o ex-ministro
Em nota, Gushiken repudiou as declarações de Pizzolato. “Trata-se de uma mentira. Como de outras vezes, ele tenta jogar sobre minha responsabilidade atos dos quais não tive qualquer participação. Como se vê, o senhor Pizzolato demonstra franco desespero a cada nova declaração, atribuindo a outros responsabilidades que lhe eram devidas”.
Gushiken ressaltou que “as ações de marketing e de comunicação de empresas privadas — como a Visanet — nunca passaram pela Secom”, lembrando que a “Visanet não é órgão do governo federal”. E ataca Pizzolato: “Espanta-me o fato de que o senhor Pizzolato, publicamente, em ocasião anterior, atribuiu a gestão das relações da Visanet com a DNA a outros setores do próprio banco, tentando se eximir de responsabilidade”.
PublicidadeEle lembrou que a “coordenação e supervisão exercidas pela Secom sobre a área de marketing do Banco do Brasil não abrangiam o relacionamento entre a Visanet e seus contratados”.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada ontem pelo chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Luiz Gushiken:
Íntegra da nota:
"Repudio veemente as declarações do sr. Pizzolato, dadas à revista IstoÉ Dinheiro. Trata-se de uma mentira. Como de outras vezes, ele tenta jogar sobre minha responsabilidade atos dos quais não tive qualquer participação.
É bom deixar claro, também, que as ações de marketing e de comunicação de empresas privadas como a Visanet nunca passaram pela Secom. A Visanet não é órgão do governo federal.
Espanta-me que o senhor Henrique Pizzolato, publicamente, em ocasião anterior atribuiu a gestão das relações da Visanet com a DNA a outros setores do próprio Banco, tentando se eximir de responsabilidade. Ele já afirmou também (revista Época) que os pagamentos adiantados foram decididos pela área de varejo do Banco do Brasil e que ele era contra. Na matéria ele diz: ‘Mudei a forma de pagamento no começo deste ano, depois de muita briga ao longo do ano passado’.
Como se vê, o senhor Henrique Pizzolato demonstra franco desespero, a cada nova declaração, atribuindo a outros responsabilidades que lhe eram devidas. Reitero as declarações que já dei anteriormente esclarecendo que a coordenação e supervisão exercidas pela Secom sobre a área de marketing do Banco do Brasil não abrangiam o relacionamento entre a Visanet e seus contratados."
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