Pego de surpresa com o fim da CPI do Mensalão, previsto para hoje, o deputado e relator Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) deverá afirmar que não encontrou indícios que provem a existência do pagamento de mesadas para parlamentares da base aliada votarem de acordo com os interesses do governo. Mas que parlamentares acusados de envolvimento em irregularidades utilizaram o caixa dois para financiar parte de suas campanhas ou pagar dívidas.
Abi-Ackel passou o feriado preparando o relatório para apresentá-lo nesta quarta-feira de manhã na última reunião administrativa da comissão. No documento, o relator afirmará que houve repasses ilícitos, mas não periódicos, e que por isso não é possível provar o mensalão.
A CPI foi criada para funcionar durante 120 dias, prazo que termina à meia-noite de quarta-feira (16). Para evitar que os trabalhos sejam encerrados sem um relatório final, há duas alternativas: aprová-lo em prazo recorde, ainda nesta quarta; ou prorrogar o prazo de funcionamento da CPI.
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), disse ter conseguido as 27 assinaturas necessárias no Senado para pedir a prorrogação dos trabalhos. No entanto, ainda falta convencer os deputados a encampar o pedido. Caso não reúna o apoio necessário, a CPI acaba a partir de quinta-feira.
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A oposição corre contra o tempo para tentar prorrogar a comissão. Já o governo dá sinais de que prefere ver a CPI extinta. Para alguns parlamentares governistas, porém, o melhor seria mantê-la em atividade.
Afinal, a comissão tem maioria governista; pode incomodar o PSDB com investigações sobre a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição (um dos motivos de sua criação e assunto ao qual ela jamais se dedicou); e tem possibilidades de ser uma espécie de contraponto às CPIs dos Correios e dos Bingos, nas quais o controle da oposição é absoluto.
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