Editorial do Congresso em Foco: a rendição do Parlamento ao chiqueiro da política
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Durante todo o dia, várias reuniões ocorreram nos gabinetes de senadores considerados independentes. Para convencer Randolfe a desistir, mostraram que havia mais viabilidade no nome de Pedro Taques. O senador do Psol já havia se desentendido com integrantes do PSDB por conta de sua atuação na CPI do Cachoeira. Durante a investigação, ele gerou mágoa nos tucanos já que foi um dos defensores do indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
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Outro argumento usado para fazer Randolfe desistir foi de que os senadores contrários a Renan precisavam de uma candidatura única. “Foi um diálogo mostrando que nós precisaríamos estar unidos numa frente suprapartidária, de pessoas que estão dispostas a valorizar o Congresso Nacional”, disse o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) ao Congresso em Foco. Assim, o grupo teria mais votos para mostrar.
Mesmo reconhecendo o amplo favoritismo de Renan Calheiros (PMDB-AL), o grupo que apoia Taques acredita que pode deixar uma imagem positiva. “Vai ficar claro que tem uma parcela do Senado que quer fortalecer o Poder Legislativo, se sintonizar com os desejos da opinião pública”, afirmou Rollemberg. Uma das discussões no PSB era justamente sobre a possibilidade de o Senado ficar dois anos com repercussão negativa tendo Renan como presidente.
Estratégia de dividir
Um tucano disse ao Congresso em Foco que o PSDB escolheu Taques por uma questão estratégica. O partido tem perspectiva de poder em 2014 e, por isso, é melhor lançar um nome que divida a base aliada do que apostar em alguém do próprio PSDB. Prevaleceu na bancada o sentimento de evitar atrair críticas da base aliada neste momento. Caso lançasse um nome, o partido seria acusado de oportunismo eleitoral.
Para caciques do PMDB, o movimento dos tucanos e do PSB é apenas um jogo para as eleições de 2014. Na avaliação deles, Eduardo Campos (PSB), que tem pretensões de chegar ao Palácio do Planalto, é quem patrocina candidaturas como a do deputado Júlio Delgado (MG), na Câmara. “O Júlio é candidato pra ganhar? É para marcar posição! E o PSDB? É marcar posição em 2014”, opinou um influente senador do PMDB. O PSB chegou a apontar ontem o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) como candidato a presidente da Casa. Mas acabou desistindo da ideia e declarando apoio a Taques.
Os peemedebistas acreditam que o pedetista terá em torno de 20 votos. A conta dos independentes vai um pouquinho além. Randolfe disse que tinha oito votos. Agora, vê ao menos 24. “Eu tive oito [quando era candidato] e vamos mais do que triplicar. E vamos ter mais”, afirmou o senador do Psol, apostando nas dissidências e no voto secreto.
Qualquer que seja o resultado, Álvaro Dias (PSDB-PR) vai considerar a oposição vitoriosa se reunir 26 ou 27 votos. Para ele, isso poderia ajudar a montar um grupo forte na Casa para “caminhar juntos”, exceto para a criação de CPIs. “A não ser que sejam comissões que não atinjam o governo”, disse o tucano.
Dissidências contidas
Renan ganhou aliados até entre os que pretendiam votar em Luiz Henrique (PMDB-SC), que sequer apareceu na reunião da bancada que sacramentou o nome do atual líder do PMDB. Para esses ex-dissidentes e outros influentes senadores, os independentes podem estar com a calculadora supervalorizada a favor de Pedro Taques.
Os peemedebistas calculam que gente no próprio PDT e quase a totalidade do DEM vão cerrar fileiras com Renan. No PSDB, senadores reclamaram que, ao apoiar Taques, o partido poderia perder cargos na Mesa. “Mas acima disso está a instituição”, afirmou Aécio Neves (PSDB-MG).
Com esse trunfo nas mãos, os peemedebistas retaliam os tucanos nos bastidores. “Se o PSDB quebra a proporcionalidade na Mesa, libera para que outros quebrem”, disse o novo líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).
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