A ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência) anunciou, na tarde hoje (1º), em entrevista coletiva, sua renúncia ao cargo. Segundo sua assessoria de imprensa, Matilde, que esteve reunida
pouco antes com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, afirmou estar muito incomodada com a situação e achou melhor deixar a Secretaria.
Ela é recordista de despesas com o cartão de crédito corporativo do governo: em apenas 2007, ela gastou mais de R$ 171 mil em compras em estabelecimentos como uma loja isenta de taxas de importação, onde deixou R$ 461. Descoberta a compra, a ministra tratou de devolver o dinheiro aos cofres públicos. Mas foi mesmo o restante da vultosa quantia que lhe trouxe problemas – em quase três semanas de denúncias na imprensa, ela ainda não havia se manifestado publicamente sobre o assunto.
Na entrevista, Matilde assumiu o erro pelo uso incorreto dos cartões. Mas teria sido mal orientada por dois servidores, que foram demitidos e cujos nomes não foram revelados. “O erro não foi cometido exclusivamente por mim. Só soube disso [da utilização indevida], no momento atual. As duas pessoas envolvidas já foram demitidas.”
Em agosto, o
Congresso em Foco publicou reportagem mostrando que o
Executivo usava mais os cartões corporativos na modalidade de saque, o que impede o controle e a transparência das despesas, além de ferir um decreto do presidente Lula. À época, o site já dizia que Matilde Ribeiro gastou R$ 112 mil no ano de 2007, principalmente com aluguel de carros e hospedagem, na modalidade de faturas.
Por se julgar mal orientada, a ex-ministra disse não estar “arrependida”. Na entrevista, Matilde leu a
carta de demissão que entregou a Lula e respondeu a oito perguntas de jornalistas.
Quanto aos gastos de aluguéis de veículos, Matilde afirmou que o caso está sob investigação dos “órgãos competentes” – Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público.
Novo ministro
A ex-ministra disse que não sabe quem vai substitui-la. “Quem define o novo ministro é o presidente Lula.” Por enquanto, quem fica no cargo é o secretário-adjunto da pasta, Martvs das Chagas. (Erich Decat e Fábio Góis)
Atualizada às 16h20
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