“Fala lá fora, seu merda!”, bradou Caiado, repetindo o desafio feito em 29 de outubro do ano passado, ao então ministro de Minas e Energia, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), durante audiência pública da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas do Senado – na ocasião, Caiado também chamou o interlocutor para a briga.
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“Mentiroso! Mentiroso!”, retrucou Lindbergh. A essa altura da confusão, ambos já estavam de pé. Caiado foi contido por senadores ao ameaçar se aproximar do petista.
Confira no vídeo:
A discussão começou quando Caiado, em pronunciamento na audiência pública que reúne especialistas favoráveis ao impedimento presidencial, disse que integrantes do governo Dilma Rousseff estão apagando arquivos, em ministérios, autarquias, estatais e outros postos da administração pública, para prejudicar a transição para um eventual governo Michel Temer, uma vez confirmado o afastamento de Dilma. A fala de Caiado, embora sem confirmação fática, é um dos rumores sobre a fase que, ao que tudo indica, antecede o afastamento temporário da petista por 180 dias.
Lindbergh não gostou da fala de Caiado, e reagiu imediatamente. “É mentira do senador”, rebateu o petista, um dos mais combativos membros da tropa de choque governista na comissão do impeachment.
Depois da intervenção de Lindbergh, o que se viu foi uma troca intensa de ofensas e acusações, aos gritos, em os interlocutores e um ou outro senador – a gritaria foi tamanha que a senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidia a sessão do colegiado no momento do tumulto, precisou soar a campainha da sala de audiência e cortar os microfones dos envolvidos.
Depois do desafio de Caiado, ainda foi possível ouvir Lindbergh rebatê-lo com outra provocação. “O senhor não está tratando com os funcionários de sua fazenda, não! Pensa que eu tenho medo de você? É o presidente da UDR!”, vociferou Lindbergh, referindo-se à União Democrática Ruralista. Depois de mais alguns instantes e impropérios lançados de lado a lado, senadores intervieram e conseguiram pôr fim à discussão, abrindo caminho para a retomada dos trabalhos.
O debate na comissão já dura cerca de 11 horas. Participam da audiência Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público do Tribunal de Contas; José Maurício Conti, professor do Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário da USP; e Fábio Medina Osório, advogado e presidente do Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado. Um terceiro convidado, o ex-ministro do STF Carlos Veloso, alegou impossibilidade de comparecer e a oposição tentava na sexta-feira substitui-lo por outro jurista.
Recorrência
Não é a primeira nem a segunda vez que Caiado se envolve em bate-boca e troca de ofensas com um colega de Senado em uma comissão temática. Em 7 de abril, o senador discutiu também asperamente com Donizeti Nogueira (PT-TO) em uma sessão de debate com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, sobre ações da pasta e os casos de desapropriação de terra pelo Brasil.
Identificado como membro da bancada ruralista no Congresso, grupo que reúne grandes agricultores e latifundiários, Caiado fez uma longa explanação com críticas à atuação do ministério e à política de reforma agrária na gestão Dilma Rousseff. Donizeti não gostou e resolveu contestar o colega de Senado, provocando uma gritaria e troca de ofensas entre ambos. O petista mencionou “o líder da UDR [União Democrática Ruralista, fundada em 1985]” e dá início a um bate-boca sobre assassinatos. “Nesse assunto vossa excelência é professor catedrático. Conhecedor profundo de assassinato”, rebateu Caiado.
“E o senhor é profissional em assassinato e em arrecadar dinheiro para mandar matar o trabalhador rural. O senhor, como representante da UDR, arrecadava dinheiro para mandar matar trabalhador rural”, treplicou Donizeti. No meio da confusão, é possível ouvir a senadora Fátima interceder em favor do colega de partido. “Lave a boca para falar do PT!”, vocifera a parlamentar, com o dedo em riste.
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