Renata Camargo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou nesta quinta-feira (27) que o Brasil começará a construir em 2016 o primeiro submarino de propulsão nuclear do país com tecnologia franco-brasileira. Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, para debater a necessidade de reequipar as Forças Armadas, o ministro da Defesa informou que até 2021 o Brasil terá quatro submarinos convencionais e um nuclear.
“Com os submarinos, entraremos no clube dissuasório de países que têm a capacidade de projetar, construir e operar submarino nuclear. Mas não teremos mísseis nucleares, pois não somos um país de intenções imperialistas. Somos um país de intenção de proteger nossas riquezas”, defendeu Jobim.
No dia 7 de setembro, o presidente Lula e o presidente da França, Nicolas Sarcozy, assinarão simbolicamente o acordo para a construção dos submarinos. O ministro Jobim justifica que a escolha da França como parceira se deveu ao fato de ser ela a única nação que ofereceu a parceria de transferência de tecnologia para o Brasil.
“A Rússia, a Inglaterra, os Estados Unidos e a Índia, ninguém aceitou transferir tecnologia. Somente a França aceitou. Com esse acordo, teremos investimentos radicais de tecnologia e envolvimento de empresas nacionais. Não somos compradores de prateleira. O Brasil é parceiro”, esclareceu.
O presidente Lula enviou ontem (26) ao Senado um pedido de abertura de crédito para investimento para a construção dos submarinos. Os senadores precisam aprovar o equivalente a 598,2 milhões de euros em créditos, o que corresponde à parte que o governo brasileiro irá investir no programa. Segundo Jobim, a França investirá 4,3 bilhões de euros para a construção dos submarinos. No total, o projeto irá custar 6,69 bilhões de euros.
Parceria
Para a construção do submarino nuclear, a França irá transferir apenas a tecnologia não nuclear. Os propulsores nucleares serão construídos no Brasil, pois o país já detém essa tecnologia. Além do submarino nuclear, que tem vantagens de mobilidade e deslocamento, o Brasil irá construir no acordo com a França outros quatro submarinos convencionais.
Os submarinos convencionais têm propulsão a diesel com energia armazenada em bateria. A velocidade é de 4 a 6 nós (7,4 a 11,2 km/h). Além de serem considerados de águas rasas, por atingir a profundidade de 50 a 500m, eles necessitam subir à superfície a cada 12 horas. Esses submarinos começam a ser construídos em 2011.
Como mostrou Jobim, os submarinos nucleares têm capacidade de deslocamento e submersão muito superiores aos submarinos convencionais. Por terem propulsão de energia nuclear, acionada por reatores nucleares, esses submarinos têm capacidade superior a 100m e velocidade de 6 a 35 nós (11,2 a 65,5 km/h). A imersão desse submarino é por tempo indeterminado, pois não necessita submergir para recarregar.
Em 1983, o Brasil assinou acordo com a Alemanha para a construção de submarinos. O acordo, no entanto, não previa a transferência de tecnologia e a construção dos submarinos não tiveram a participação de técnicos brasileiros. “Não houve qualquer transferência de conhecimento tecnológico. Os submarinos foram construídos só por alemães e os ajustes também são feitos por técnicos alemãs. Não aprendemos a construir submarinos”, justificou Jobim.
Além da construção de submarinos, a estratégia de defesa da Marinha inclui a criação de batalhões ribeirinhos de defesa, a construção de base e estaleiro para submarinos em Itajaí (RJ), o projeto Amazônia Segura, para garantir a segurança dos recursos hídricos amazônicos, e o incremento do monitoramento via satélite de áreas jurisdicionais, que incluem áreas marítimas e subsolos marítimos de jurisdição brasileira.
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