Um dos temas que sempre comentamos aqui é o do nosso déficit crônico de representação política e o que podemos fazer para aperfeiçoar o sistema.
E uma das questões que reputamos das mais urgentes é justamente como evitar que políticos se eternizem no poder e o que fazer para que partidos políticos não sejam utilizados como meros balcões de negócios, cujos caciques estão sempre dispostos a vender espaço em rádio e TV ou mesmo abocanhar vaguinhas em ministérios ou secretarias de governo.
O apetite dos nossos parlamentares parece mesmo não ter fim e a última de vossas excelências é o aumento absurdo do fundo partidário. Como vocês sabem, todos nós, cidadãos eleitores e pagadores de impostos, contribuímos para um fundo de recursos públicos, que é destinado a financiar as atividades dos partidos políticos. Pois o Congresso Nacional aprovou um aumento de 290 milhões de reais para astronômicos 868 milhões. Ou seja, um acréscimo de 171%. Pensando bem, 171 é mesmo um bom número para representar essa lambança.
A presidente Dilma até que poderia ter vetado esse verdadeiro escárnio com a cidadania, essa falta de compostura e de compromisso com o bem público. Mas, pressionada pelo próprio partido, Dilma sancionou o aumento espúrio, que só vem penalizar ainda mais os cidadãos, já tão castigados pelos ajustes e desajustes da política econômica.
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E é por essas e outras que as discussões sobre a reforma política não podem parar. Especialmente sobre a criação de mecanismos que impeçam a proliferação dos chamados “políticos profissionais” e principalmente que regulem as doações de empresas para campanhas eleitorais, uma fonte mais que conhecida de corrupção.
Caso vença a proposta de que as doações podem continuar a existir, pelo menos que se aprove um teto para elas. Além de um dispositivo que impeça a doação de empresas que recebam créditos do cada vez mais polêmico BNDES ou de outras instituições financeiras públicas. E valendo também para suas coligadas e controladas, para evitar qualquer brecha na legislação.
PublicidadeAlguns parlamentares se declararam contra o aumento do fundo partidário. Para eles, esse “fundo não deveria nem existir. Os partidos têm que representar a população, e a população tem que estar engajada”.
E, por engajados, entendemos aqueles cidadãos atuantes, verdadeiros agentes de cidadania dispostos a exercer o controle social sobre os mandatos e a execução dos orçamentos públicos.
E a influenciar outros a fazer o mesmo.
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