Edson Sardinha
Há 12 pistas na reportagem de capa da última edição da revista Veja para o início das investigações, aponta o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) ao Congresso em Foco. Membro da CPI dos Correios, o tucano lista, a seguir, os principais pontos que podem facilitar a apuração da denúncia de que o PT teria recebido dinheiro de Cuba para financiar a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Confira quais são eles:
– Checar com o Departamento de Aviação Civil (DAC) se há registro no Aeroporto de Congonhas de um avião Seneca, com destino a Brasília, no horário e na data especificados pelo economista Vladimir Poleto. O ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, relatou à revista, em entrevista gravada, que teria feito o transporte do dinheiro em uma aeronave do empresário Roberto Colnaghi;
– Confirmar com o próprio Vladimir Poleto o teor de suas declarações. Segundo Veja, o economista teria enviado um e-mail à revista pedindo que não fizesse “uso do conteúdo” da conversa gravada pela reportagem. A gravação, com sete minutos de duração, resume, na voz dele, os trechos mais importantes das revelações que fez em cinco horas de conversa no Plaza Inn, em Ribeirão Preto, de acordo com a revista;
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– Verificar no DAC se há o registro de embarque de Vladimir Poleto no Seneca que teria voado entre São Paulo, Brasília e Campinas. Na volta, devido ao mau tempo, o avião teria descido no aeroporto de Viracopos, em Campinas;
Publicidade– Checar a existência do Omega preto, no qual, segundo Poleto, outro ex-assessor de Palocci, Ralf Barquete, teria transportado o dinheiro de Campinas até o comitê eleitoral de Lula na Vila Mariana em São Paulo;
– Confirmar com o motorista Eustáquio Soares Macedo, que teria dirigido o carro na ocasião, a declaração atribuída a ele por Veja. Segundo a revista, ele teria admitido ter levado Barquete de Campinas a São Paulo e ajudado a colocar as caixas de bebida, nas quais estaria o dinheiro da doação, no porta-malas do veículo. "’Não me lembro do dia em que isso aconteceu, mas aconteceu’, disse. Por alguma razão Éder Macedo, pouco depois dessa confirmação, entendeu que não deveria falar do assunto e não atendeu mais os telefonemas de VEJA, impedindo assim que a revista pudesse confirmar com ele outros detalhes”, diz trecho da reportagem;
– Verificar se o aeroporto de Congonhas de fato estava fechado devido a mau tempo em São Paulo no horário e na data da viagem relatada por Poleto. Segundo ele, foi por esse motivo que o desembarque teria ocorrido em Campinas;
– Investigar as relações do empresário Roberto Colnaghi, identificado como dono do Seneca, com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Colnaghi teria cedido o avião para fazer o transporte das caixas de bebida em que estaria o dinheiro enviado de Cuba a Brasília;
– Confirmar se, na data da suposta viagem, o diplomata cubano Sergio Cervantes morava em Brasília. Apontado como amigo do ex-ministro José Dirceu, com trabalhos prestados ao governo de Cuba em Brasília e no Rio de Janeiro, Cervantes teria entregue a “encomenda” em um apartamento na Asa Sul, bairro da capital federal;
– Quebrar o sigilo telefônico de Vladimir Poleto. Na reportagem, ele alega ter recebido um telefonema de Ralf Barquete avisando da mudança de aeroporto por causa do mau tempo para a aterrissagem;
– Ouvir o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, a quem o dinheiro teria sido entregue em São Paulo, de acordo com Vladimir Poleto. “’Nunca recebi dinheiro de Ralf Barquete’, mandou dizer o ex-tesoureiro do PT”, relata a reportagem;
– Tomar o depoimento do dono da locadora que teria alugado o Omega preto ao PT. Segundo Veja, o empresário Roberto Carlos Kurzweil, que também é de Ribeirão Preto, teria confirmado que cedeu os serviços de Éder Macedo, então seu motorista, para o partido, e
– Verificar se as entrevistas com Rogério Buratti e Vladimir Poleto, autores da denúncia, foram feitas realmente no horário e no local especificados na reportagem por Veja. A revista usa esses detalhes para afastar a possibilidade de os dois entrevistados terem combinado suas declarações. Segundo ela, um não sabia que a reportagem estava ouvindo o outro sobre o mesmo assunto.
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