Lúcio Lambranho, enviado especial
Manágua (Nicarágua) – Em pouco mais de 500 anos, a Nicarágua passou por invasões, ditaduras e revoluções. Os fatos mais marcantes são os seguintes:
1502 – Cristovão Colombo chega na costa da Nicarágua durante sua quarta e última viagem de descobrimento da América.
1524 – Franscisco Hernández de Córdoba funda as cidades de León e Granada. Começa o período colonial.
1633 – Os ingleses iniciam incursões na costa caribenha do país e estabelecem assentamentos que respondem à coroa inglesa.
1821 – É firmada a carta de Independência Centro-americana na Guatemala no dia 15 de setembro.
1843 – Inglaterra estabelece um protetorado na costa caribenha do país.
1848 – Descoberta de minas de ouro em Sutters Creek, na Califórnia. A corrida do ouro nos Estados Unidos despertou a atenção dos aventureiros norte-americanos sobre a Nicarágua e sua posição geográfica. O Lago Nicarágua desemboca no Mar do Caribe, no sul do país, pelo navegável rio San Juan. A distância da costa oeste do lago até o Oceano Pacífico é de apenas dezoito quilômetros no seu ponto mais estreito. Essa rota começou a ser utilizada pela maioria dos buscadores de ouro, por ser um caminho menos perigoso do que a rota árida e cercada de índios da costa leste americana até as minas recém descobertas na Califórnia. Empresas norte-americanas trataram de explorar essas rotas muito rentáveis na época. Em 1853, a Pacific Mail Steamship Co transportava mil passageiros por mês, que geravam lucros de mais de um milhão de dólares por ano.
1855 – Durante a guerra entre os liberais de León e os conservadores de Granada, que divide as duas cidades coloniais, o mercenário William Walker chega ao país com um grupo de invasores. Agem financiados por Francisco Castellón, general dos liberais.
1856 – William Walker aproveita a guerra civil entre as duas cidades e, com o apoio dos Estados Unidos, se autoproclama presidente da Nicarágua. Esta é a primeira invasão norte-americana no país. Os EUA tinham interesse na Nicarágua para controlar a rota entre os Oceanos Atlântico e Pacífico pelo rio San Juan.
1856- 1887 -Com o apoio dos exércitos centroamericanos, os nicaraguenses derrotam e expulsam do país os piratas comandados por Walker. Ele é fuzilado na cidade de La Ceiba, em Honduras.
1857-1887 – Nesse período de 30 anos, presidentes do Partido Conservador se sucedem no poder.
1893 – Explode a revolução encabeçada por José Santos Zelaya. Depois de conseguir assumir a presidência, Zelaya decide colocar limites nas aspirações norteamericanas de exercer direitos absolutos sobre a construção de um canal interoceânico através da Nicarágua. Essa é a raíz dos problemas do país com os norte-americanos e de intervencionismo ianqui que durou entre 1855 e 1926. Os Estados Unidos não aceitam as condições de Zelaya e decidem construir um canal no Panamá. Quando o presidente niguaragense abre negociações com os países europeus para contrução do canal na Nicarágua, os Estados Unidos apoiam um golpe que tira Zelaya do poder.
1909 – Adolfo Días entra no lugar de Zelaya e os Estados Unidos tomam conta dos bancos do país, da aduana e das ferrovias. Em 1912, marines desembarcam na Nicarágua para proteger o governo conservador e ficam no país até 1923 sob o pretexto de proteger as empresas americanas e supervisonar as eleições nicaraguenses.
1927-1933 – O general Augusto César Sandino se lança em armas contra a ocupação norte-americana e se inicia a primeira guerra de guerrilhas do continente. Os Estados Unidos organizam o Exército Nicaraguense sob o comando de Anastasio Somoza García e se retira do país em 1933. Somoza cria com a ajuda norte-americana a Guarda Nacional. Sandino impõe duras derrotas aos marines, apenas com campesinos esfarrapados e poucas armas. Do outro lado, armas pesadas e aviões contra a guerilha.
1934 – Depois da partida dos marines, Somoza manda assassinar Sandino quando o chefe guerrilheiro sai da casa presidencial depois de assinar um acordo de paz com o presidente Juan Sacasa e de depor suas armas. A traição do general Sandino é o primeiro ato de Somoza, antes do início da dinastia que vai durar até 1979.
1936 – Anastasio Somoza García obriga Sacasa a se demitir e no ano seguinte toma o poder depois de uma eleição em que ele é o único candidato.
1954 – Uma tentativa de rebelião contra Somoza dentro do Éxercito resulta em um massacre.
1956 – Anastasio Somoza García é assassinado em León pelo poeta Rigoberto López Pérez depois de 20 anos de perseguições e assassinatos dos nicaraguenses que se colocavam contra a ditadura somozista. Entra no seu lugar para manter o poder na famlía seu irmão, Luís Somoza.
1956 – 1959 – São organizadas mais de 40 tentativas de golpe contra Somoza. Todos os participantes são assassinados ou presos.
1961 – Carlos Fonseca Amador funda, sob a inspiração antiimperialista de Sandino, a Frente Sandinistas de Liberação Nacional (FSLN).
1963- Luis Somoza morre de um infarto.
1967 – Anastasio Somoza Debayle assume a presidência depois de um massacre contra uma manifestação pacífica que pretendia que ele renunciasse à sua candidatura.
1972 – Um terremoto destrói Manágua. Somoza, que havia cedido o poder a uma junta civil em 1971, se autodesigna presidente do Comitê de Emergência e assume de fato o seu mandato no país.
1974 – Somoza se elege presidente mais uma vez. Em dezembro, a FSLN realiza o assalto à casa de Chema Castilho, ex-ministro de Somoza, onde acontecia uma festa de homenagem ao embaixador norte-americano, Turner Shelton. Os guerrilheiros conseguem a liberação de 13 prisioneiros políticos, entre eles o atual presidente Daniel Ortega e o fundador da Frente, Carlos Fonseca.
1975- 1977 – A repressão política se amplia por todo o país e centenas de campesinos acusados de apoior a FSLN são torturados, assassinados e lançados vivos de helicópteros. A Frente Sandista perde muito de seus quadros de direção, entre eles Carlos Fonseca e Eduardo Contreras.
1975 – No dia 5 de setembro, Somoza levanta o estado de sítio, a lei marcial e a censura à imprensa. Em 13 de outubro, a Frente ataca quartéis em San Carlos e Ocotal. No dia 15 do mesmo mês, invade o quartel da Guarda Nacional em Masaya.
1978 – A ditadura somozista manda assasssinar o jornalista e dono do jornal La Prensa, Pedro Joaquín Chamorro. As empresas privadas fazem greve geral contra a morte de Chamorro. A primeira insurreição acontece no bairro de Monimbó, onde são torturados e mortos Camilo Ortega, irmão mais novo de Daniel, e Arnoldo Quant.
1978 – 1979 – Insurreições populares organizadas pela FSLN acontecem em todo o país. De setembro de 1978 até julho de 1979. A repressão contra os guerilheiros aumenta. León, Matagalpa, Estelí, Chinadega, Diriamba e Manágua são bombardeadas pela Guarda Nacional.
1978 – Novamente, Somoza impõe censura à imprensa e toque de recolher desde setembro.
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